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sábado, 8 de junho de 2013

“Ensino de Português: origens das práticas e necessidades dos alunos hoje”

A Língua Portuguesa já foi, tantas vezes, tema inspirador em diversas produções  de poetas e de escritores. Geralmente esses textos costumam ressaltar a sua importância e valorizar o seu uso através de metáforas e personificações variadas, traçando um perfil subjetivo que refletem nela um caráter humano. Uma provável tentativa de provocar, no leitor, sua sensibilidade e despertar um maior interesse pelo seu código de comunicação. Mas, e o aprender desse idioma?

O ensino da língua, nos dias atuais, é um dos maiores desafios que o professor enfrenta. Vários são os motivos que dificultam o trabalho em sala de aula, destacando-se: a inadequação de uma clientela do século XXI com a estrutura educacional alicerçada em modelos arcaicos.
Embora tenham ocorrido consideráveis mudanças na organização e na estrutura educacional, não foi possível desenvolver e implantar, ainda, uma política educacional de qualidade que contemplasse, plenamente, as necessidades e os objetivos, tanto do público alvo (alunos), quanto dos profissionais que atuam na área da educação. Todas as revoluções educacionais nasceram da insatisfação pelo sistema que predominava naquele momento.
Muitos professores terminaram o Ensino Médio nos anos oitenta. Tiveram, portanto, uma formação escolar baseada nos critérios educacionais daquela época, os quais o professor era a figura central e representante do saber, que deveria passar seus conhecimentos a um número limitado de alunos.  Em contrapartida, hoje, esses profissionais lidam com disparidades. A começar pela excessiva quantidade de estudantes em cada sala de aula; a “desarmonia”, entre os direitos e os deveres dos mesmos e a estrutura educacional em crise, resultantes de uma má administração. Entretanto, por trás disso tudo, há um histórico a ser considerado:
O ensino da Língua Portuguesa, no início do século XX,  era focado na gramática normativa e na ortografia, desconsiderando, assim, pontos relevantes como o contexto sócio-histórico e cultural do aluno.  Depois disso, houve algumas alterações referentes à escrita e a produção textual.
Nos anos cinquenta, ainda se baseavam em um modelo arcaico adotado pelo colégio D. Pedro II, cujo foco resumia-se em: rigor gramatical, leitura e “quase” reescritas de obras ou trechos clássicos, seguidos (nas séries posteriores) de criações de narrativas, cartas, descrições e dissertações. Exigia-se do aluno a criatividade, mas, priorizando sempre a norma culta.  Não havia uma preocupação com o objetivo do texto, seu interlocutor e nem o ambiente onde iria circular. Desconsideravam, pois o processo significativo que daria sentido àquela construção.
 As duas décadas seguintes (anos sessenta e setenta) foram marcadas, principalmente, pelo grande acesso de alunos oriundos de classes sociais menos favorecidas, causando assim, uma mudança no perfil do alunado. Esse detalhe contribuiu para uma alteração no que diz respeito à parte didática-pedagógica.  A Lei 5692 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1971 estabeleceu para o ensino da língua materna, a disciplina “Comunicação e Expressão”. A ideia  foi absorvida também por editoras responsáveis pelo material didático, que enfatizaram o processo comunicativo nas atividades sugeridas. Mesmo assim, a denominação dos textos quanto ao gênero continuavam: narração, descrição e dissertação.
A partir dos anos oitenta, surgiram estudos mais aprofundados com relação aos gêneros textuais desenvolvidos nas escolas. Os autores destas obras os consideravam descontextualizados e por isso sugeriram que produzissem textos ao invés de escrever redações.  As  pesquisas linguísticas também enfatizaram a organização,  articulação  e o bom desenvolvimento do texto. Todavia, os aspectos formais estavam à frente de qualquer outra exigência.
Poucas, porém significativas, foram essas mudanças porque serviram como base e contribuíram, nos anos seguintes até os dias atuais, para um “amadurecimento” do ensino da língua. Da década de noventa em diante, autores como Bakhtin (1992), Schneuwly   &   Dolz   (2004),   Marcuschi   (2008), Miller (2009), Rojo (2008), Bazerman (2006), dentre outros, destacaram a importância  de se compreender os  gêneros textuais  e   sua pertinente utilização nas práticas sociais. 
Hoje, o papel da escola vai além de alfabetizar e ensinar a estrutura da língua materna; ela deve preparar melhor o aluno, apresentando, entre outros conteúdos necessários à aprendizagem escolar, a diversidade e a prática dos gêneros textuais que circulam dentro e fora do ambiente escolar e fazem parte da sua realidade. Não se trata de desvalorizar o estudo da língua em sua estrutura, leitura ou produção de textos, mas sim de torná-lo mais atraente, prático e significativo, independente da série ou idade.  

Referências Bibliográficas: 







A Linguagem da arte popular e da erudita

Conceituar a Arte não é tarefa fácil porque depende do ângulo em que se observa. De maneira geral as definições podem ser objetivas ou subjetivas;   saber qual delas requer mais credibilidade  é muito relativo e pouco importante.  O fundamental é reconhecer na arte  sua participação efetiva na vida do ser humano desde os tempos mais remotos, sua trajetória no atravessar dos séculos e as implicações atuais, portanto a arte é o instrumento pelo qual o ser humano manifesta suas diversas expressões, tais como:    visuais (pintura, escultura, desenho, artesanato,fotografia); movimento (dança);  som (música, ritmos);  cênicas (expressões faciais e gestos);  literária (poesia ou prosa).
Há, inclusive, outra classificação que divide a arte em dois níveis: popular e erudito. O primeiro representa a cultura do povo que abrange a maioria da população e de fácil acesso,  pois não necessita de  um espaço determinado para acontecer, sua criação está relacionada com a simplicidade e espontaneidade das pessoas dotadas de uma determinada sensibilidade artística;   a outra pertence a uma minoria da população  e é, por isso mais seletiva e exigente, está mais presente nas entidades escolares, sobretudo, nos meios acadêmicos. O acesso a ela  é restrito, goza de mais respeito perante os intelectuais e está presente nas classes sociais mais privilegiadas, logo, dominadoras.
São como irmãs criadas em lares diferentes: não frequentam os mesmos ambientes, tem pouco contato uma com a outra, são estranhas, adversas, embora ligadas por um objetivo em comum:  ambas representam,a seu modo, o patrimônio cultural  de uma população.
Para alguns, essa divisão social não incomoda porque traz, de certa forma, uma   confortável estaticidade social:  de um lado os selecionados; do outro,  o restante. Mas isso não é regra geral para os integrantes do primeiro grupo. Do meio deles surge alguém com outros planos visando uma “quebra” da ordem dos fatos e coloca em ação seus ideais de transformação de uma parcela da sociedade, até então, discriminada. Seu nome: Ivaldo Bertazzo, um coreógrafo e dançarino paulista que tem feito a diferença na vida de muitos jovens da periferia de São Paulo.
Ivaldo Bertozzo ,  um profissional de reconhecimento nacional e  internacional,  com muita experiência  em dança e coreografia,  viajou muito pelo mundo exibindo seu trabalho e talento, conheceu a cultura de vários países e,  com toda essa  bagagem de conhecimento, decidiu  elaborar  um projeto diferenciado trazendo à população mais carente um complemento à sua formação intelectual. Através de uma seleção de jovens inscritos gratuitamente, ele empenhou-se em resgatar-lhes  a identidade, o protagonismo e a cidadania dos jovens, além de despertar a sensibilidade artística deles  e facilitar-lhes o acesso aos bens culturais mais valorizados pela sociedade. 
Para isso foi preciso desenvolver um trabalho interdisciplinar incluindo as disciplinas escolares:  Educação Física, Arte e Línguas. Ele lidera esse trabalho grandioso, mas não está sozinho nisso, há vários profissionais que o apoiam e atuam junto no desenvolver do projeto  que requer tempo, determinação, e também investimento financeiro. Além das aulas de dança, os alunos aprendem mais sobre o seu corpo e sua língua com especialistas de cada conteúdo e também viajam para as apresentações de palco dentro e fora do Brasil.   
Uma pequena amostra desse nobre trabalho encontra-se em alguns vídeos no site do Youtube:  entre eles, uma  reportagem que foi exibida em um programa da Rede Globo, no qual  é abordado a importância desse projeto, como surgiu e se desenvolveu entre o coreógrafo e o grupo de jovens da periferia de São Paulo.  Outros vídeos trazem trechos de algumas  apresentações das danças que eles participam.
É interessante observar a mistura de culturas dos países nessas apresentações, tanto nas coreografias,  nas vestimentas dos dançarinos  e  nos instrumentos que acompanham  os ritmos. Algumas coreografias não são  totalmente criadas por Ivaldo, ele, muitas vezes  contribui com a parte sonora e com o conjunto de dançarinos.  Suas parcerias provêm de outros países também e sendo assim há uma prioridade cultural que predomina no decorrer do espetáculo, ou seja, há um suposto sincronismo cultural altamente perceptível nas roupas dos dançarinos, nos ritmos emitidos pelos instrumentos, nos passos.
Entretanto uma “voz” silenciosa,  mas firme nos gestos mantém  o controle e  lidera a coreografia, não se “rendendo” às insistências adversárias que carregam características típicas de outros espaços culturais. A cultura priorizada que se reafirma, portanto é a erudita protagonizada  pela dançarina hindu Sawani Mudgal. Em uma das cenas expostas, ela, junto a um dançarino brasileiro, simulam uma dupla de porta-bandeira que bailam  ao som de uma moderada batucada.   Se o objetivo fosse mostrar um comportamento tipicamente brasileiro ela  sambaria ao ritmo, mas não, ela acompanha o ritmo com movimentos típicos das danças indianas.  Outras performances são mostradas, mas fica evidente em todas elas o predomínio da cultura estrangeira sobre a brasileira e suas origens (indígena e africana), pois até mesmo os bailarinos  brasileiros aderem aos passos hindus em alguns momentos. 
Nesse sentido fica evidente o papel  do autor e sua função discursiva (embora silenciosa) na elaboração da referida coreografia. A intenção inicial de Ivaldo Bertozzo pode (até) ser diminuir a distância entre a cultura popular dos jovens da periferia e a erudita dos grandes centros urbanos,  mas percebe-se que nos meios de sua produção outros valores entram em cena e assumem um papel principal, restando ao leitor somente uma opção:  a  apreciação do resultado final de  um trabalho coletivo  e  integrado a culturas múltiplas.


Referências bibliográficas

ZOPPI-FONTANA, M. Autoria, efeito-leitor e gêneros de discurso. Tema 02/Tópico 2: Práticas de leitura e efeito-leitor. Campinas, SP: UNICAMP/REDEFOR, 2012. Material digital para AVA do Curso de Especialização em Língua Portuguesa REDEFOR/UNICAMP. acesso em 08/04/2012.


DOS SANTOS, Bianca Caroline - Arte como processo cultural: por uma ampliação do humano . Disponível em: http://www.compoliticas.org/redes/pdf/redes5/24.pdf
Acesso em 08/04/2012

BERTAZZO,  Ivaldo - A aventura do homem em busca do movimento


Disponível em:  http://ivaldobertazzo.com/sobre/          Acesso em 08/04/2012
A distância entre a teoria e a prática dos agrupamentos textuais

A evolução do homem foi possível graças à sua infinda necessidade de comunicar-se, pois não teria sentido algum desenvolver a linguagem em todos os seus aspectos se não houvesse um destinatário para compartilhar. A partir desse princípio de interação (verbal e/ou não verbal) foram surgindo aos poucos os gêneros textuais para, assim, atender a todas as demandas sociais.
Diferente da tipologia textual que possui certas limitações quanto às classificações, os gêneros textuais são dinâmicos e infinitos; seu surgimento, suas prováveis modificações e até seu desaparecimento são determinados pelo momento. Qualquer forma de expressão, é, portanto, uma prática social que brotou em um tempo específico,  sob um determinado contexto,  a partir de referido objetivo,  com certas propriedades que o diferenciam das demais produções.
Durante um bom tempo,  os gêneros textuais não eram pauta para pesquisas mais  aprofundadas no campo da linguística visto que o foco da aprendizagem era voltado à gramática normativa e algumas produções de textos já pré-estabelecidas no âmbito escolar. Só a partir dos anos oitenta em diante, houve um significativo progresso nos estudos voltados à prática da linguagem priorizando, desse modo, a diversidade textual produzida nas diversas manifestações socioculturais.
A  escola ainda representa o espaço ideal para construir conhecimentos gerais ou específicos e  por essa questão muitas alterações no ensino de Língua Portuguesa ocorrem nos currículos escolares com o   intuito  de trabalhar os gêneros textuais da melhor forma possível. 
Sobre esse aspecto destacam-se, entre outros, os estudos dos autores genebrinos:  Joaquim Dolz e Bernard Schneuwly que, preocupados com a aplicação mais adequada desse conteúdo no cotidiano escolar, criaram , em 1996, uma proposta didática de agrupamento de gêneros com progressão curricular, ou seja,  trabalhar  os diversos gêneros  correspondentes aos  tipos textuais ( narrar, relatar, argumentar, expor, descrever) em todas as séries, aumentando a cada ano o grau de complexidade na sua abordagem. Os critérios empregados na elaboração desse material tinham o objetivo de atender, efetivamente,  às funções básicas de ensinar a expressão oral e escrita contemplando a diversidade de gêneros nos diferentes ciclos do Ensino Fundamental , através uma estrutura mais organizada e pertinente para a construção de saberes. Segundo eles,  "trata-se de construir, com os
alunos, em todos os graus de escolaridade, instrumentos, visando ao desenvolvimento das capacidades necessárias para dominar os gêneros agrupados".
Comparando a Proposta Curricular do Estado de São Paulo com a tabela de agrupamento de gêneros proposta por Dolz e Schnewwly, percebe-se que, teoricamente, ambas tem pontos em comum no que se refere à definição, classificação, agrupamento e valorização dos gêneros textuais  que devem constar do currículo escolar.
Entretanto, na prática há divergências no currículo paulista quanto à aplicação dos conteúdos porque nele fica restrito a cada série um determinado conjunto de gêneros pertencentes  a uma mesma tipologia o qual  obedece a  seguinte ordem: narração na 5ª série, relato na 6ª série, descrição/pescrição na 7ª e argumentação na 8ª série, desviando  assim da sugestão dos  genebrinos.
Essa separação e divisão por série do objeto de estudo traz desvantagens ao educando porque  impede que ele desenvolva habilidades e competências em um maior número de gêneros e compreenda melhor o seu papel social. Mesmo no último ano do Ciclo Fundamental II (8ª série) não há espaço nem para uma revisão dos demais gêneros estudados nos anos anteriores. Desse modo, o aluno fica limitado a explorar somente a argumentação durante o ano letivo, como se as demais práticas ligadas à linguagem deixassem de acontecer em seu dia a dia, o que não é verdade. 
Essa “distância” das outras manifestações textuais com as quais o ser humano convive diariamente, contribui  de forma negativa para um possível esquecimento do assunto,  e isso implica despreparo, desconhecimento e, consequentemente, descontextualização da sua própria realidade social.
Como fica, então, o papel escolar que ocupa tantos anos na vida de uma pessoa e não utiliza esse período para prepará-la de forma eficaz quanto  à leitura de mundo e as práticas linguísticas que compõem o seu cenário social ? Um detalhe que deveria ser alterado já que a escola representa, na maioria dos casos, a única possibilidade de inserção nesse heterogêneo universo povoado pelas letras.



Referências bibliográficas:

DOLZ, J.; SCHNEUWLY, B. Gêneros e progressão em expressão oral e escrita - elementos para reflexões sobre uma experiência suíça (francófona). In: ROJO, R. H. R.;  CORDEIRO, G. S. (Orgs./Trads.) Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado de Letras, 2004[1996], p. 41-70.


SECRETARIA DA EDUCAÇÃO, Proposta Curricular do Estado de São Paulo – Língua Portuguesa – Ensino Fundamental – Ciclo II e Ensino Médio. São Paulo: SEE – SP, 2008.

Agrupamento de gêneros (AVA)
Disponível em:
Acesso em 01/04/2012

DOLZ, Joaquim e SCHNEUWLY, Bernard Bernard Schneuwly
Os gêneros escolares -  Das práticas de linguagem aos objetos de ensino
Acesso em 01/04/2012


Diversidade Textual -  Os gêneros na sala de aula

Acesso em 01/04/2012
Análise da textualidade da reportagem “Por que não vivemos para sempre?”.

O objetivo deste texto consiste na observação, compreensão e análise  dos  recursos multissemióticos utilizados na reportagem “Por que não vivemos para sempre?”, escrito pelo professor e diretor do  Institute for Ageing and Healthcare da Newcastle University da Inglaterra Thomas Kirkwood, divulgada pela  Revista Scientific American Brasil.
Primeiramente, convém observar que se trata de uma reportagem de caráter científico publicada em uma revista impressa e adaptada para a visualização nas páginas de um site e por isso apresenta características próprias que a diferencia de outras publicações de abordagens meramente digitais, tais como: a diagramação do texto; a interação entre o escrito e o leitor;  imagens e legendas referentes à reportagem; títulos, subtítulos, informações referentes ao autor;  o mudar de páginas, o tamanho e a divisão dos parágrafos, assim como seu enquadramento nos espaços determinados, dentre outras.
O texto “Por que não vivemos para sempre?”, possui uma extensão média de nove páginas facilmente manuseadas que conservam, nas partes superiores de cada uma delas, as informações de título, subtítulo (ambos em negrito), autor, edição, data e  uma mini-biografia do autor que repete em cada final da página. Além disso, o texto internamente é subdividido em cinco partes de  tamanhos irregulares  com os seguintes subtítulos escritos totalmente em letras maiúsculas no início de cada um desses trechos: “Se você pudesse planejar”; “Por que envelhecemos assim”; “Evolução por adaptação”; “Sobre ratos e homens” e, por último,  “Sem respostas simples”.
A abordagem do tema, embora escrito em linguagem culta, possui um vocabulário científico  voltado para um público específico cujo interesse é a absorção total do conteúdo a partir de  conhecimentos técnicos e pontos de vista oriundos de um especialista.

A exposição sobre a vida e a morte do ser humano não se baseia somente nos relatos de pesquisas ligadas à Ciência; em alguns trechos o autor  retoma fatos históricos relacionados à expectativa de vida em épocas passadas e menciona também um episódio ocorrido com ele e a filha,  como suporte às suas exposições e argumentações.

O autor,  minuciosamente,  descreve  o procedimento das células do nosso corpo quando este se encontra no processo gradativo  de final de  vida para mostrar como funciona o nosso organismo, independente da nossa vontade.

Desde a introdução do texto,  há indícios de ponto de vista do autor sobre a questão tematizada, pois o mesmo inicia com uma pergunta reflexiva que ele mesmo responde em seguida, citando possíveis opções de como planejar o momento da própria morte, e dessa forma subjetiva, conduz o leitor ao tema que será desenvolvido a seguir.

Geralmente as questões sobre mortalidade e imortalidade debatidas pelas pessoas através ou não dos  meios de comunicação, possuem caráter religioso e por isso causam polêmica dando abertura para discussões e debates infinitos sem respostas objetivas. Com o olhar científico, Thomas Kirkwood discorre  o assunto elucidando até que ponto somos mortais ou imortais. Do ponto de vista da mortalidade, as células do nosso corpo obedecem  ao processo cíclico de origem, desenvolvimento e morte. Entretanto, podemos considerar também que existe a imortalidade desde que a semente seja germinada através dos filhos, pois estes darão seguimento à continuação da espécie.

No decorrer da leitura intercalam-se informações objetivas e opiniões formando, assim, um todo para produzir o sentido desejado de quem escreveu. Por exemplo, ele faz uma analogia entre nossos ancestrais e os atuais cientistas a respeito do tempo de vida de ontem e de hoje. Ficamos sabendo das dificuldades que as pessoas tinham naquela época em ultrapassar os 25 anos de idade, devido a vários fatores como: doenças, ferimentos, falta de recursos e outros mais. Para  obter tal informação sobre tempos tão remotos, certamente, o autor pesquisou o assunto e o uniu às pesquisas recentes que são do seu conhecimento profissional. Houve, portanto intertextualidade já que o tema foi abordado também em outros momentos por outras pessoas e retomado por ele. Outros recursos com imagens acrescentados na reportagem trazem novamente esse “diálogo” com o assunto discutido: são figuras que ilustram e ao mesmo tempo comprovam os argumentos do autor.

Um texto dessa natureza exposto num  ambiente virtual conta com mais recursos visuais e torna a leitura mais acessível às demais pessoas. O mesmo não aconteceria se estivesse limitada somente à impressão e dependesse do consumidor. Não há como negar a importância da tecnologia nas comunicações humanas. Enquanto não encontramos respostas para questões como a morte, continuaremos  a investir na vida através de perguntas, pesquisas e descobertas, incansavelmente.

KIRKWOOD, Thomas. Por que não vivemos para sempre?. Scientific American Brasil. Edição 101 - Outubro 2010

MAIA, Maria Christina de Motta.  Intertextualidade. Disponível em




Línguas em português
Língua Portuguesa não representa apenas o nome de um idioma comum nos países lusófonos espalhados pelos continentes. É um rico e vasto patrimônio histórico-cultural  fragmentado por peculiaridades diversas em sua viva e dinâmica composição linguística. Desse modo, torna-se essencial um olhar mais amplo e reflexivo para uma melhor compreensão do processo que  permeia o uso desse poderoso instrumento comunicativo,  que já ocupa o quinto lugar entre as línguas mais faladas no mundo.
Levando em conta esses aspectos, surge esta proposta com o objetivo de apresentar as variações linguísticas como fenômenos naturais, observando as possíveis alterações que ocorrem durante um determinado tempo(diacronia), assim como as múltiplas formas de se utilizar a língua em um dado ponto do tempo (sincronia).  
Como justificativa para essa abordagem no ambiente escolar, convém destacar aos alunos a relevância em conhecer melhor a própria língua e, consequentemente,  valorizá-la e  apreciá-la sem fronteiras de tempo ou de espaço,  pois a falta de conhecimento acerca do assunto propicia visões distorcidas  de  superioridade ou inferioridade em alguma modalidade linguística adotada pelos membros de um grupo social.
A explanação do tema em sala de aula dar-se-á através da utilização dos recursos tecnológicos disponíveis no ambiente escolar, com indicações de vários  links  que direcionam aos gêneros textuais, que incluem:   vídeos com documentários, entrevistas,  poemas, textos,  músicas, filmes, imagens, charges, textos publicitários.

A proposta de atividade é pertinente para o 1º ano do Ensino Médio, uma turma com 40 alunos, divididos em nove grupos. Cada grupo ficará responsável para apresentar oralmente um sub-tema (descritos a seguir) relacionado à Língua Portuguesa e sua variedade linguística no Brasil e no mundo, fazendo uso de recursos digitais (computador, data Show, vídeos,etc) durante a  sua exposição.  A duração da atividade  é de, aproximadamente, quatro aulas.


Cultura: traços da identidade

Um traço que caracteriza a juventude  é a sua infatigável busca pela identidade,  e desse modo, os jovens tornam-se condutores de expressões verbais e não verbais. Onde quer que estejam, fazem questão de expor à sociedade suas ideias, críticas e valores que, geralmente, contrastam com a realidade em que vivem. A meta que alimenta essa incessante atuação é a da transformação, pois acreditam que o momento ideal para alterar o contexto social e cultural é o agora, já que não se consideram mais crianças e precisam tomar atitudes que provem isso, definindo-se, assim, como a nova geração.
Com atitudes nem sempre aceitas ou compreendidas pelo olhar adulto, os jovens vão construindo sua história no presente, evitando, sobretudo, repetir um passado do qual eles não compartilharam. Mesmo assim, o futuro ainda parece distante para esses impacientes “construtores do amanhã”.  Suas escolhas ideológicas e produções culturais (muitas vezes com influência da mídia e do consumismo) estabelecem a divisão entre o antigo e o novo na música, cinema, teatro e nas diferentes manifestações das artes visuais.
Para isso, eles recorrem, inclusive, aos recursos tecnológicos, pois aí estão as ferramentas poderosas que facilitam a transmissão e divulgação da cultura juvenil. Segundo o historiador Eleilson Leite (2008):
“O que está em jogo hoje na cultura produzida pelos jovens é a emergência da criação. E o acesso às novas mídias tem reforçado essa questão. Sob a bandeira da inclusão digital e democratização do acesso aos meios de comunicação, está a ideia de que é possível fazer, escrever, compor, interferir, difundir. Daí a pertinência do debate sobre propriedade intelectual e livre circulação do conhecimento e da cultura”.

Entretanto, sabemos que a maior parte da produção cultural dos jovens é marginalizada pela sociedade e, como resposta a essa intolerância, principalmente nas áreas urbanas, surgem grupos autônomos compostos por adolescentes e/ou  jovens  com diferentes atuações culturais, como: Rap, Hip Hop, dança de rua,  Reverse Graffiti,  grafites , Sticker art, pichações, prática de novos esportes  como o parkour , além da caracterização típica na linguagem  e  moda em roupas, calçados, acessórios, etc. 

Essas pessoas  lutam,  a seu modo, pelos valores que defendem e dão sequência a uma “infinita saga do conflito entre o tradicional e o moderno”;  tão bem descrita e definida pela professora e Dra. Rita de Cássia Alves Oliveira:

 Os   jovens   da   virada   do   milênio   são   o   espelho   da   vida   metropolitana:   experimentam   a   cidade   como homens da   multidão;    convivem     com    as   aglomerações       cotidianamente;      resistem,    como     podem,     à homogeneização e ao anonimato das grandes cidades; inserem-se no fluxo constante de pessoas, veículos, informações, imagens.  

 

Embora  as ruas sejam locais abertos e livres para a “articulação das relações sociais” e “espaços de interação imediata”, como afirmou a professora e Dra. Rita de Cássia Alves Oliveira,  a escola também tornou-se um ponto de encontro dos jovens, pois além de representar, em parte, a sua formação escolar, é um ambiente legalizado onde eles podem se agrupar e se comunicar de forma mais tranquila, sem os olhares reprovadores das autoridades.  

A educação precisou se adaptar a essa realidade, visto que são eles que formam a demanda escolar.  Os conteúdos e as metodologias tradicionais perderam sua força a partir dos anos setenta quando a escola deixou de ser seletiva e abriu as portas para todos, popularizando, assim, o ensino básico. Muitas mudanças e adaptações no currículo escolar foram necessárias para que o ensino mantivesse o seu grau de importância na formação do indivíduo. O reconhecimento e valorização do histórico cultural trazido pelo aluno estão entre as prioridades que a escola adotou.

Não se trata da substituição dos conteúdos clássicos e normativos os quais somente a escola é a responsável pela divulgação, mas de abrir espaço para outros conhecimentos oriundos das camadas menos privilegiadas da sociedade, como por exemplo, a variação linguística e as manifestações culturais na arte, música, dentre outros.

O universo escolar  convive no dia-a-dia, portanto,   com duas realidades antagônicas: a popular, representada pelo aluno e a patrimonial que engloba os saberes sistematizados. Não é tão simples conciliá-los já que possuem pontos distintos, todavia não é impossível.

No ambiente escolar onde eles permanecem cerca de cinco horas por dia, há tempo e espaço suficientes para a divulgação de ambas as culturas. Nas aulas de Língua Portuguesa que somam um total de cinco ou seis aulas semanais, o professor pode desenvolver um projeto cultural unindo o conhecimento erudito ao popular (ou vice-versa), em um trabalho que  possibilite aos alunos uma autonomia e interação maior com a escola.

Para ilustrar uma possível união entre os dois mundos distintos, um vídeo seria a peça-chave : uma magistral performance em Hip Hop de um clássico do balé: A Morte do Cisne, feita por um jovem de periferia cujo nome é John Lennon da Silva (A simplicidade e humildade  do rapaz somada à perfeição nos movimentos enquanto dança é, no mínimo, espetacular e emocionante:    http://www.youtube.com/watch?v=KGN6oQmhKck   ).

No que diz respeito à organização e participação dos grupos de alunos, os representantes do Hip Hop, se preparariam para decorar os muros e painéis da escola com grafites, tornando-a mais alegre e atrativa; outros apresentariam danças de rua em um dia determinado por eles;  os compositores e cantores de Rap também participariam com suas criações, etc.  Mais sugestões seriam aceitas desde que atendesse ao objetivo maior: a divulgação e valorização das culturas juvenis.  

Depois dessa abertura, o jovem, provavelmente, se sentirá mais acolhido e incluso nesse universo de aprendizagem interativa onde prevalece a soma e a multiplicação do conhecimento, sem questionamento geográfico ou social. Um trabalho bem articulado que forneça ao aluno a oportunidade de expor seus conhecimentos culturais de música, dança e arte fará dele um protagonista  e sujeito da própria  história e não um objeto ;  e é nesse momento que os papéis se invertem: o professor passa a espectador e o aluno assume a liderança. 

 

Referências bibliográficas

OLIVEIRA, R.  C. A. Lendo a metrópole comunicacional: Culturas Juvenis, Estéticas e Práticas Políticas. REVISTA ACADÉMICA DE LA FEDERACIÓN LATINOAMERICANA DE FACULTADES DE COMUNICACIÓN SOCIAL.           Disponível em:                                                                                                                                              http://ggte.unicamp.br/redefor3/cursos/diretorio/apoio_565_45//Oliveira_2006.pdf?1340827640

 Acesso em  26/06/2012

 

 

BAGNO, M. A língua de Eulália: Uma novela sociolinguística. São Paulo: Contexto, 1997.

Disponível em: http://ggte.unicamp.br/redefor3/cursos/diretorio/leituras_627_45//Marcos%20Bagno.pdf?1340829247

Acesso em: 27/06/2012

 

Cultura Juvenil: faça você mesmo!

Acesso em 27/06/2012
Interatividade

Atualmente mencionar: “Interatividade”  implica  garantia de crédito e aprovação por parte das pessoas que se consideram modernas e buscam se atualizar em relação às novidades oriundas da tecnologia. O termo está na moda e por isso é usado nas mais diversas situações do dia-a-dia que  envolvem desde a simples aquisição de brinquedos ou jogos, manuseio de aparelhos eletrônicos ou digitais; cursos de educação à distância ou virtual;  à  quaisquer atividades que utilizem as novas mídias de comunicação. Logo, é uma palavra que veio ao encontro das aspirações contemporâneas, cujo sentido se amplia e ganha novas conotações de acordo com o contexto inserido.

Segundo André Lemos, “o que compreendemos hoje por interatividade, nada mais é que uma nova forma de interação técnica, de cunho “eletrônico -digital”, diferente da interação “analógica” que caracterizou os media tradicionais.” “Nós experimentamos, todos os dias, formas de interação ao mesmo tempo técnica e social. Nossa relação com o mundo é uma relação interativa onde, as ações variadas correspondem retroações às mais diversas. Essa interação funda toda vida em sociedade.”

Considerando que nossas ações estão voltadas às pessoas ou às máquinas, pode-se afirmar que vivemos em constante interatividade social e/ou técnica, pois embora sejam distintas, ambas são inseparáveis  e (quase) subordinadas no que diz respeito ao processo comunicativo  estabelecido, principalmente no trabalho, na vida familiar e amorosa. O desenvolvimento tecnológico e digital passou de sonho a fato e está presente em todos os lugares  (casas,  empresas, escolas, locais públicos e privados, meios de transporte, comércio, etc.)
Em cada fase da vida convivemos com um tipo de evolução tecnológica que exigiu um período de adaptação para ser conhecido, aceito e inserido nas práticas diárias. É normal, no início, uma possível resistência às novidades por parte de algumas pessoas presas ao tradicional, sobretudo se estão acostumadas e condicionadas ao desenvolvimento a passos lentos proporcionados pelo seu ambiente de trabalho.
Um dos exemplos mais típicos de situações análogas é o ambiente escolar que representa o local de formação do futuro profissional. No entanto, tecnologia e escola  caminham em descompasso, embora ambos compartilhem o mesmo usuário e este se encontra  diante de um conflito: de um lado,  seduzido pelas velozes invenções eletrônicas e digitais associadas à internet; de outro, na sala de aula, convivendo ainda com metodologias tradicionais  ou mesmo enfrentando problemas de escassez  e manutenção de equipamentos que contribuem para sua insatisfação e desmotivação.
Vale recordar que há alguns anos,  a lousa, o giz, os livros e o mimeógrafo eram  os únicos recursos tecnológicos  à disposição dos professores para as aulas; em seguida o avanço da ciência trouxe, gradualmente, o retroprojetor, o vídeo, máquina de xérox, o computador, a lousa digital, alterando toda a estrutura metodológica escolar. Os aparelhos obsoletos foram “aposentados”, embora se reconheça que eles cumpriram seu “papel pedagógico” durante o tempo em que foram úteis e contribuíram para a aprendizagem dos alunos, pois é mais significativo o uso que se faz de cada recurso disponível, seja ele moderno ou não,  do que ter acesso às novas tecnologias sem que ela represente um avanço nas práticas escolares.

Num primoroso texto avançado em seu tempo, Anísio Teixeira  deixa claro que o professor deveria lançar mão dos
“novos recursos tecnológicos e dos meios audiovisuais” não para transmitir conteúdos, ao contrário, buscaria neles rompimento com a pedagogia da transmissão (TEIXEIRA, 1003-On-line)

Paulo Freire também questionou o mau uso da  prática pedagógica   afirmando que
 “ensinar não é a simples transmissão do conhecimento em torno do objeto ou do conteúdo. Transmissão que se faz muito mais através da pura descrição do conceito do objeto a ser mecanicamente memorizado pelos alunos”.(FREIRE, 1992, p. 81).

Os diferentes meios tecnológicos de expressão e comunicação, se explorados na escola com objetivos voltados à aprendizagem fornecem muitas possibilidades de interatividade e desenvolve a autonomia na construção do próprio conhecimento do aluno. Não faz sentido utilizar os recursos modernos e manter práticas tradicionais. O professor não representa mais o único canal que o aluno acessa para saber mais, ao mesmo tempo ele não é indispensável, pois deve estar sempre por perto orientando, direcionando, mediando,  sugerindo. Sendo criativo, o professor poderá utilizar as TICs para criar atividades interativas em diferentes espaços virtuais como: sites, blogs, emails, chats, redes sociais, etc, propondo encontros síncronos ou assíncronos.
Obviamente tais atividades requerem muito planejamento e organização, caso contrário perde-se o controle da situação e a suposta atividade passa a ser um momento de constrangimento, pois os alunos não perdoam um mau preparo do professor quando este se arrisca em algo novo que não consegue coordenar com eficácia.
Embora a palavra-chave seja “criatividade” para o uso em qualquer recurso tecnológico, seja ele antigo ou moderno, há determinadas limitações para o professor. Por exemplo, é difícil  criar para os alunos um espaço de aprendizagem igual àqueles dos cursos à distância, visto que, neste caso, há vários profissionais envolvidos e cada um deles atua de forma diferente formando um conjunto que possibilita o acesso às informações, o contato com os tutores e coordenadores, o retorno das atividades, a navegação pelas fontes bibliográficas sugeridas, etc. 
Convém, portanto, trabalhar com o que se possui: elaborar aulas utilizando ,quando possível, os computadores das escolas, aproveitar os vídeos e o retroprojetor para passar filmes relacionados ao tema da aula ou para reproduzir os trabalhos dos alunos, os inúmeros celulares que não saem das mãos dos alunos também devem ser aproveitados em benefício pedagógico como o acesso à internet para pesquisas, reprodução de imagens e de sons, etc. Essa é a realidade que cerca o profissional da educação; os desafios não param, ou melhor, se renovam à medida  que amadurecemos.


Referências bibliográficas

SILVA,  M.  Indicadores  de  interatividade  para  o  professor  presencial  e  on-line.  Revista  Diálogo  Educacional,  v. 4, n. 12, p. 93-109. Curitiba: Ed. Champagnat, 2004.  
Disponível           em:       http://www.redalyc.org/redalyc/pdf/1891/189117821008.pdf,                                       Acesso         em  20/05/2012.


LEMOS,  A.  L.  M.  Anjos  interativos  e  retribalização  do  mundo.  Sobre  interatividade  e  interfaces  digitais. 1997.  
Disponível          em:        http://www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/lemos/interativo.pdf,                                     Acesso         em  20/05/2012. 


Multiletramentos, Linguagens e Mídias - Tópico 2 – Interatividade, hipertextualidade e multimodalidade, do TEMA 2 – A linguagem nos/dos novos meios - Campinas, SP: UNICAMP/REDEFOR, 2012. P. 01/08. Material digital para AVA do Curso de Especialização em Língua Portuguesa REDEFOR/UNICAMP. acesso em 20/05/12.
Tecnologia e aprendizagem: uma possível junção

O objetivo deste texto é apresentar uma reflexão sobre o uso das TICs no cotidiano escolar, observando, de um lado, até que ponto a chegada da tecnologia à escola contribuiu com as práticas pedagógicas que visam à aprendizagem e, de outro,  analisar  as informações considerando tanto os resultados de uma pesquisa empírica realizada com um determinado número de alunos da 8ª série º do Ensino Fundamental, que investiga  o contato  deles com as novas tecnologias, quanto os relatos e comentários ocorridos durante o debate no fórum sobre o mesmo tema.  
O próprio termo de origem grega  “tekhne” (técnica) vinculado à “logia” (estudo) já evidencia, desde os tempos remotos até os atuais, a constante busca do homem pelas tecnologias. Com o mesmo intuito, a música “O Silêncio”, de Arnaldo Antunes descreve várias tecnologias que surgiram ao longo da historia da humanidade  relacionadas à comunicação e informação. Em um breve olhar histórico pelo desenvolvimento da linguagem, destacam-se a  origem da escrita e a era digital, esta última tão divulgada e polemizada nos dias atuais.
Nesse sentido, a chegada e permanência da tecnologia no contexto escolar implicaram desafios diversos, tanto nos aspectos positivos quanto negativos. Ao mesmo tempo em que os apetrechos modernos facilitam  a comunicação e a interação devido a rapidez do acesso a elas  e dessa forma representam um grande aliado à aprendizagem  porque cria novas formas de aprender, ele representa também um campo vasto para que a pessoa se disperse do foco e seja manipulado por outros interesses (aparentemente) mais tentadores e (possivelmente) perniciosos.
Acerca desse mesmo tema ocorreu o debate entre professores de Língua Portuguesa no fórum, cujas discussões foram bem significativas, pois conseguiram retratar as ações e reações que ocorrem atualmente no contexto educacional. Os professores não negam nem ignoram o quanto a internet,  computador,  televisão,  vídeo, retroprojetor, celular e outros instrumentos tecnológicos são ricos suportes pedagógicos capazes  de contribuir para o desenvolvimento de habilidades e competências nos alunos.
Entretanto, entre o ideal e o real há uma distância. As escolas, sobretudo as do ensino público,   caminham em ritmo mais lento que o avanço da ciência; elas estão ainda em fase de adaptação frente a essas tecnologias. Há problemas diversos como:  ausência de  espaço disponível ou adequado, insuficiência de  equipamentos em relação a quantidade de alunos, manutenção irregular desses aparelhos, faltam cursos de capacitação para professores, nem sempre há um profissional para orientar e auxiliar nas dúvidas de manuseio dos aparelhos e outras tantas falhas que dificultam ou impedem essa “parceria” entre tecnologia e professor.  Este se vê obrigado a criar novas estratégias, reformular metodologias ou simplesmente recorrer ao “velho e infalível método” do giz e lousa para dar sequência ao seu trabalho.
Tal realidade confirmada pelas palavras sábias de Marcuschi:
"Para ser mais justo, deveria dizer que o que se deu até hoje foi a entrada do computador na escola (e, na maioria delas, apenas um que vem sendo usado pela administração), mas não seu uso com objetivos educacionais. Isso até por razões práticas, pois não são suficientes para servir sequer uma turma. Portanto, o que entrou na escola foi uma ideologia e não um instrumento. Vale a pena refletir sobre o instrumento e seu uso porque essa questão está andando mais depressa do que imaginamos." (MARCUSCHI, 2001, p.81)


É evidente que esses empecilhos citados no debate atuam de forma contrária na aquisição de novos conhecimentos porque impedem que os propósitos educacionais vinculados aos avanços modernos sejam alcançados de forma planejada e assim a educação continua atrasada e dependente de recursos obsoletos. No entanto, os problemas referentes ao uso da tecnologia em sala de aula enfrentados pelos professores não se resumem à falta de organização do espaço,  manutenção,  escassez de recursos e falta de capacitação. Há, em particular,  uma parte que diz respeito aos alunos, de como eles se portam diante do atual contexto.
Essa nova geração, de certa forma, foi privilegiada por terem nascido em plena era digital e por isso não passaram por dificuldades em lidar com as diversidades tecnológicas. Aliás, percebe-se até certa relação de “cumplicidade” entre eles, tamanha é a facilidade com que manuseiam os aparelhos. Em contrapartida, boa parte de seus professores viveram metade de suas vidas sem essas modernidades e somente depois procuraram se atualizar para acompanhar a evolução inserindo-a no dia-a-dia como recurso profissional. 
Para os jovens não existem fronteiras entre eles e a tecnologia, principalmente com o uso da internet, pois representa uma porta aberta à liberdade de expressão e de interesses pessoais. A aquisição de aparelhos, principalmente o celular, por ser mais acessível financeiramente, é algo essencial, como se representasse uma questão de honra para eles. Munidos de aparelhos celulares, já lhes garantem uma inserção no mundo tecnológico. O que falta para essas pessoas é saber associar sua habilidade direcionando-a a sua formação intelectual.
Eles vivem conectados, mas, em primeiro plano, dão preferência às diversões e/ou entretenimento, interagindo com amigos ou desconhecidos presentes nas redes sociais (como Orkut, faceBook, Twiter, MSN, etc) e em função desse contato usam uma linguagem peculiar denominada “internetês” que muitas vezes sai do espaço virtual e invade a sala de aula em produções de textos; participam, individualmente ou em grupo, de jogos  virtuais; acessam as ferramentas de busca para encontrar as músicas, vídeos ou imagens que os interessam; enviam e recebem SMS constantemente; tiram fotos; filmam cenas (reais ou simuladas) até dentro da sala de aula e as expõe no Youtube; em última estância pesquisam temas escolares.  Os alunos não se separam do celular durante as aulas e criam resistência às normas disciplinares nas escolas quanto à intolerância de quaisquer aparelhos eletrônicos que não estejam relacionados ao contexto escolar. Esse tipo de situação acontece todos os dias. Eles procuram disfarçar, escondendo os aparelhos e fios por debaixo das roupas, capuzes, toucas, dentro das mochilas ou nas bolsas de lápis, etc e, desse modo, ficam totalmente alheios aos objetivos da aula com essas atitudes rebeldes e perdem, portanto, aquisição de conhecimento.
Situações similares foram relatadas  por vários professores durante o debate no fórum, porém houve também aqueles que apresentaram outros depoimentos com base em experiências positivas em sala de aula que conseguiram com os recursos tecnológicos disponíveis em cada escola. As trocas foram significativas e acrescentaram mais ideias e otimismo aos integrantes para a continuação  do duro desafio que é  ensinar nos dias de hoje.
Além das informações oriundas do debate sobre o tema, outra fonte trouxe-me mais dados que confirmaram minhas expectativas quanto o acesso e os respectivos objetivos dos alunos ao mundo digital: uma pesquisa realizada com alunos de uma 8ª série (em uma escola pública onde trabalho) mostrou que a maioria tem acesso à internet através do celular ou computador. Dos 27 que responderam ao questionário, 25 têm celulares e 24 possuem computador em casa com acesso à internet, além daqueles que frequentam lan houses ou centros públicos com acesso gratuito à internet. Quanto à finalidade de uso,  não difere do perfil aqui já apresentado. O que mais os motiva e os mantém conectados são as interações com outras pessoas através das redes sociais e as demais formas de entretenimento possíveis. Eles não encaram o celular ou computador como uma ferramenta educacional, apesar de utilizá-los em pesquisas, quando solicitadas.
Apenas proibi-los ou criticá-los pelo uso indevido de celulares e computadores não resolve o problema. Devem-se propiciar situações em sala de aula que incluam o uso desses aparelhos, explorando os recursos que eles possuem como: pesquisas direcionadas, apresentações de trabalhos em vídeos ou telões com efeitos de palavras, sons e imagens, etc. Em atividades para casa, há mais alternativas: o contato entre professor e aluno pode também ser por e-mail; ou então algo mais interessante como a criação de um blog pelo professor no qual contenha: informações de conteúdo, imagens diversas, atividades variadas, vídeos relacionados aos temas trabalhados em sala, dicas de leitura, sugestões, curiosidades, exposições de trabalhos dos alunos no blog, etc.  E mais: ao invés da tradicional “lição de casa” copiada na lousa, o professor passa o endereço do blog aos alunos e anota a atividade sugerida para que eles a encontrem no espaço virtual e a desenvolva (Plano parcialmente em ação desde julho/2011: www.portaldazizi.blogspot.com).
Logo, uma intervenção do professor que implique mudança de atitude tanto dele quanto dos alunos torna-se necessária e urgente para alterar essa realidade.  Em primeiro lugar usufruir sim, mas de forma consciente, dessa tecnologia no processo ensino-aprendizagem, não utilizando apenas por modismos ou recurso alternativo e sim desenvolver seu uso crítico e reflexivo, visando à ampliação do saber por meio dos diferentes recursos tecnológicos que potencializem a aprendizagem. Só assim todos ganham e a vitória é coletiva.




Referências Bibliográficas:

PEREIRA, V.A.. Multiletramentos, linguagens e mídias.  Tema 01/Tópico 2: Das paredes das cavernas ao monitor. Campinas, SP: UNICAMP/REDFOR, 2012. Material digital para AVA do curso de Especialização em Língua Portuguesa REDEFOR/UNICAMP.  Acesso em 03/05/2012


Tecnologia na escola. Disponível em http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/2sf.pdf

Acesso: 04/05/2012
A Gramática Internalizada à serviço da Normativa

A finalidade deste texto incide em apresentar os conceitos existentes acerca do estudo da gramática de Língua Portuguesa, assim como  refletir sobre  sua importância na formação escolar do falante, considerando os objetivos de cada um e sua pertinência teórica e prática.
De acordo com as definições encontradas no dicionário Aurélio, gramática   significa “Estudo ou tratado dos fatos da linguagem falada ou escrita e das leis naturais que as regulam”; “livro onde se expõem as regras da linguagem” e  outra fonte  se limita a afirmar somente que é um “Conjunto de regras da língua”. Percebe-se, então, que há um ponto em comum em todas as citações: a língua é o principal objeto de estudo da gramática.
Cabe à gramática, pois, descrever e orientar a organização e o funcionamento das palavras de uma língua, visando, desse modo, uma comunicação plena e precisa.  Essa diversidade e supostas oposições não acontecem somente nos conceitos que lhe são atribuídos, mas também nas classificações existentes, entre as quais se destacam: a gramática normativa(ou prescritiva);  a descritiva e a internalizada.
Ao tratar dessa questão, Roberto Ramom  afirma que:
A língua identifica o homem, individualizando-o em suas relações com as múltiplas sociedades. A gramática duma língua pelo que nos parece, integraliza o falante, ao mesmo tempo em que historifica sua estrutura social. Se há divergências especulativas quanto a este ou aquele processo no uso desta ou doutra gramática, importante é que se verifique a coexistência dos objetivos pesquisados em favor da língua.

 Assim, a Gramática Normativa expõe o funcionamento de um idioma e estabelece regras para o seu bom uso. Neste caso, somente a norma culta é valorizada. A Descritiva procura descrever e justificar o uso da língua em contextos linguísticos diferentes; a Gramática Internalizada, por sua vez,  é desenvolvida naturalmente no ser humano junto à aquisição da linguagem, ou seja, a medida que adquire o domínio da linguagem verbal, ele desenvolve uma estrutura gramatical bem organizada movida pela  lógica e necessidade do falante, embora não tenha plena consciência de  que domina  tais regras.
Por isso, para se comunicar com eficiência, qualquer falante da língua não precisa ter conhecimento  das regras estabelecidas pela norma culta, todavia é essencial que ele domine a gramática internalizada para que possa interagir com os outros. A Gramática Normativa ou Prescritiva impõem diversos obstáculos que vão de encontro aos hábitos linguísticos dos brasileiros: regras de concordância (nominal ou verbal), regência(nominal ou verbal), colocações pronominais são as mais “desrespeitadas” pois,  nas situações informais o usuário da língua opta por construções menos complexas que atendam aos seus objetivos.
As pessoas , quando crianças, aprendem a se comunicar pelas palavras porque observam e escutam os adultos. Muitas vezes elas mesmas aplicam as regras gramaticais internalizadas às situações novas, como por exemplo: é normal ouvir crianças aplicando regras de conjugação de verbos regulares aos irregulares, como: “fazi”, “trazi” porque fazem analogia com outros verbos regulares  que pertencem à  mesma conjugação,  como escrever/escrevi,  vender/vendi.
Diversos poetas e escritores escreveram sobre o uso da língua em poemas ou em prosa para mostrar que em nossa fala cotidiana, muitas vezes, a gramática internalizada sobrepõe à normativa. Para ilustrar essa afirmação há vários exemplos, dentre os quais vale a pena destacar: "Erro" de gramática (fábula de Monteiro Lobato); “Pronominais” e “Vício na Fala” (poemas de Oswald de Andrade); “Evocação do Recife” (trecho do poema de Manuel Bandeira); “Aula de português” (poema de Carlos Drummond de Andrade);  A Língua de Eulália (livro de Marcos Bagno), dentre outros.
Os estudos a respeito da linguagem têm aberto espaço para as variações linguísticas, incluindo conteúdos mais diversificados no currículo escolar, visto que o aluno precisa conhecer mais as outras modalidades que fazem parte do seu contexto social e cultural. Ao mesmo tempo, deve-se também abrir espaço para expor, caracterizar e detalhar o funcionamento da gramática natural (a Internalizada). Não com o intuito de ensiná-lo a usar a língua, pois essa competência ele já possui, mas  fazê-lo compreender  como funciona  o intrínseco processo gramatical que  envolve a comunicação verbal,  cujo conhecimento será referência para outro estudo mais sistematizado: o da gramática normativa, este sim é o maior desafio.

Referências  bibliográficas
AVELAR, J.O. Funcionamento da Língua – Gramática, Texto e Sentido. Tema 3: A gramática no texto: procedimentos de análise. Campinas, SP: UNICAMP/REDEFOR, 2012. Material digital para AVA do Curso de Especialização em Língua Portuguesa REDEFOR/UNICAMP. acesso em 03/09/2012.

Recanto das Letras - Disponível em:

O Que é Gramática? Disponível em:
http://zellacoracao.wordpress.com/2009/08/19/o-que-e-gramatica/ Acesso em 19/08/2012

Wikipedia – Disponível em: