sexta-feira, 20 de maio de 2016

(Re)Aprender a dar banho?

Texto publicado em 21/05/2016 no blog:
http://materna-idade.blogspot.com.br/:


Grandes expectativas compõem o momento do primeiro banho do bebê, especialmente para aquelas marinheiras de primeira viagem cheias de receios e de incertezas, mas que deram, sem hesitar, seu sim à maternidade e assumiram esse compromisso com coragem e determinação.

A boa notícia é que não estamos sozinhas nessa missão: presenças e palpites de parentes ou amigos circulam por todos os ângulos.  Todos solidários formam uma corrente de otimismo para incitar esses primeiros desafios maternais.

Memórias da infância vêm à tona e provocam nostalgias sem uma contribuição prática para aquela ocasião: os banhos nas bonecas  eram tão simples e tranquilos! Deveriam servir como ensaios para essa singular e real experiência. Entretanto, alimentou apenas o imaginário; o verossímil ficou à deriva...

Tenho nas mãos um serzinho frágil e enrugado cujos olhos me fitam, não de modo indagador, mas  com um olhar inocente e ao mesmo tempo curioso para saborear uma aventura hídrica.

Inquietações iniciais buzinam dentro da minha cabeça:  E se eu o derrubar?; E se a água entrar nos ouvidos?;  E se o bebê engolir aquela água durante o banho?; Qual sabonete ou shampoo ideal? ; O que fazer se os olhinhos do bebê arderem?,  Saberei  banhar direito todas as partes?; E se eu machucar o umbigo que ainda não caiu?; A temperatura da água está adequada?; O volume da água está apropriado?; Quanto tempo deve durar o banho?; Posso banhá-lo mais de uma vez por dia? Etc...etc.

Perguntas e respostas se fundem. Não há tempo para elas naquele momento. Palavras atrasam atitudes, reflexões adiam decisões. Para que esperar mais por algo tão evidente?

Cautelosamente, sentei-o na banheira apoiando-o na mão esquerda enquanto a direita trabalhava simultaneamente com o sabonete e água pelo corpo e nos cabelos do bebê. Foi necessário mudá-lo de posição para o acesso às costas e término da tarefa.

 Trabalho concluído em poucos minutos com sucesso. Medo superado a cada banho. Só mesmo a experiência diária capacita uma mãe à perfeição. 

Zizi. 21/05/2016

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Importei da minha infância


I
Importei da minha infância
Esse meu jeito menina
O  bom senso de humor
Que até hoje predomina
Apesar de ser avó
De dois netos, vejam só
Brinco com minha rotina

 II
Importei da minha infância
Meu jeito de fazer graça
Gostava de imitação
Vestida como palhaça
Divertia o pessoal
Na maior cara de pau
Merecia  até uma taça.

III 
Importei da minha infância
A oratória dos meus pais
Que doía mais que vara
Com resultados iguais
Pois palavras tem um peso
Agem de modo coeso
Educando muito mais.

IV 
Importei da minha infância
Esse lado humanitário
Gostar de ajudar o próximo
Em trabalho voluntário
Pois a sensibilidade
É uma grande qualidade
Não depende de salário.

 V
Importei da minha infância
O amor pelos animais
O zelo pelos bichinhos
Para mim nunca é demais
Sempre tive a companhia
Deles no meu dia a dia
Desfazer disso?  Jamais! 

 VI
Importei da minha infância
As qualidades que tenho
Valorizar as pessoas
Reconhecer seu empenho
Enxergar o lado bom
Descobrir que há um dom
A ser tratado com engenho.

VII 
Importei da minha infância
A religiosidade
O respeito ao Ser Supremo
Fé,  amor e  caridade,
Ser simples nas atitudes
Valiosa nas virtudes
Conduzir sempre  a verdade.

VIII 
Importei da minha infância
Os  valores  necessários
Para esboçar o meu palco
E traçar o meus cenários
Escrever o meu enredo
Sem mistério nem segredo
Nas linhas dos meus diários.

 IX
Importei da minha infância
A educação que tive
Tão humilde e grandiosa
Que nesses versos revive
Com flashes de umas lembranças
De quando eu era criança
E até hoje sobrevive.

Importei da minha infância
A explicação do agora
Como entender o presente
Se o passado ignora?
O  tipo de mãe e avó
Cujas crias são xodó
E exibo mundo afora.

Zizi; 15/05/2016

sábado, 7 de maio de 2016

De brotos à sementes

tema : Filho não cresce

Falar sobre filho é ir direto ao coração de uma mãe e se deparar com o mais profundo e legítimo sentimento, único que não impõe condições para nascer,  crescer e multiplicar-se a cada dia: o amor materno.

Chegam ao mundo tão pequenos, indefesos,  franzinos, cheio de dores,  chorões, famintos. Pronto!  Estamos com um novo ser nas mãos com todas essas características, e agora?  Somos a principal responsável por eles. Se algo der errado, a culpa cairá, sobretudo,  em nós, mães! Se nosso filho for alguém de bem ou não, será sempre  o “filho da mãe”.  Haverá também  aqueles que  se lembrarão  que a boa educação que teve em casa, contribuiu para que ele se tornasse um ser iluminado e útil para a sociedade. Ponto para a mãe, nesse caso!

Que missão é essa com início e sem fim?  Que amor é esse que só amplia,  independente da situação, dos conflitos? Que força é essa que não se abala?  Que dom é esse que mistura carinho, dedicação, confiança, alegria e superação? Alguém consegue limitar as fronteiras desse sentimento?  Ou negar tudo isso?

A sabedoria adquirida pela experiência materna é magicamente imensurável e não tem comparação, por exemplo:   O rebento, no início, não fala,  mas uma mãe já o compreende e sabe tudo o que ele sente; o rebento não anda, mas a mãe já o prepara para esse momento colocando-o em pé para que ele sinta as perninhas esticadas. Todas as evoluções são acompanhadas passo a passo e vividas intensamente, eternizadas em fotos e filmagens para que tais momentos possam ser retomados e vivenciados posteriormente, pois para uma mãe, contemplar o filho já lhe basta.

Ela vive em função dele 24 horas, ela faz e refaz a sua vida tendo a imagem do filho como prioridade, ela se sacrifica no trabalho e em casa por ele e ainda carrega no coração um sentimento de culpa por ter que se ausentar por algum tempo e atender a mais obrigações que possui além da materna, pois  precisa garantir o bem-estar e sobrevivência da cria.

Hoje, aos olhos desta mãe que é personagem de um contexto materno há mais de três décadas,  desfilam muitas fases da vida dos filhos, entre elas: os primeiros cuidados, os ensaios para os passinhos, os balbucios nos treinos da 1ª palavra, as traquinagens, as curiosidades e brincadeiras, a batalha para aceitar a papinha, a ida à escolinha,  etc.

Esse último representa o início de uma construção para a vida externa que vai  além do olhar materno. Esse momento chega, meio sem aviso, sem permissão e  faz uma  reviravolta de 360 graus deixando para trás aquela estável condição de subordinação da qual fazíamos o papel da oração principal em nossa zona de conforto.

O próximo iminente voo é pura consequência: trabalho,  faculdades, casamentos, netos...e lá se vão os nossos eternos brotos fertilizar outros campos e germinar mais sementes dando início a outros contextos que traçarão a continuação da vida! (Um círculo vicioso?)