sábado, 8 de junho de 2013

A Gramática Internalizada à serviço da Normativa

A finalidade deste texto incide em apresentar os conceitos existentes acerca do estudo da gramática de Língua Portuguesa, assim como  refletir sobre  sua importância na formação escolar do falante, considerando os objetivos de cada um e sua pertinência teórica e prática.
De acordo com as definições encontradas no dicionário Aurélio, gramática   significa “Estudo ou tratado dos fatos da linguagem falada ou escrita e das leis naturais que as regulam”; “livro onde se expõem as regras da linguagem” e  outra fonte  se limita a afirmar somente que é um “Conjunto de regras da língua”. Percebe-se, então, que há um ponto em comum em todas as citações: a língua é o principal objeto de estudo da gramática.
Cabe à gramática, pois, descrever e orientar a organização e o funcionamento das palavras de uma língua, visando, desse modo, uma comunicação plena e precisa.  Essa diversidade e supostas oposições não acontecem somente nos conceitos que lhe são atribuídos, mas também nas classificações existentes, entre as quais se destacam: a gramática normativa(ou prescritiva);  a descritiva e a internalizada.
Ao tratar dessa questão, Roberto Ramom  afirma que:
A língua identifica o homem, individualizando-o em suas relações com as múltiplas sociedades. A gramática duma língua pelo que nos parece, integraliza o falante, ao mesmo tempo em que historifica sua estrutura social. Se há divergências especulativas quanto a este ou aquele processo no uso desta ou doutra gramática, importante é que se verifique a coexistência dos objetivos pesquisados em favor da língua.

 Assim, a Gramática Normativa expõe o funcionamento de um idioma e estabelece regras para o seu bom uso. Neste caso, somente a norma culta é valorizada. A Descritiva procura descrever e justificar o uso da língua em contextos linguísticos diferentes; a Gramática Internalizada, por sua vez,  é desenvolvida naturalmente no ser humano junto à aquisição da linguagem, ou seja, a medida que adquire o domínio da linguagem verbal, ele desenvolve uma estrutura gramatical bem organizada movida pela  lógica e necessidade do falante, embora não tenha plena consciência de  que domina  tais regras.
Por isso, para se comunicar com eficiência, qualquer falante da língua não precisa ter conhecimento  das regras estabelecidas pela norma culta, todavia é essencial que ele domine a gramática internalizada para que possa interagir com os outros. A Gramática Normativa ou Prescritiva impõem diversos obstáculos que vão de encontro aos hábitos linguísticos dos brasileiros: regras de concordância (nominal ou verbal), regência(nominal ou verbal), colocações pronominais são as mais “desrespeitadas” pois,  nas situações informais o usuário da língua opta por construções menos complexas que atendam aos seus objetivos.
As pessoas , quando crianças, aprendem a se comunicar pelas palavras porque observam e escutam os adultos. Muitas vezes elas mesmas aplicam as regras gramaticais internalizadas às situações novas, como por exemplo: é normal ouvir crianças aplicando regras de conjugação de verbos regulares aos irregulares, como: “fazi”, “trazi” porque fazem analogia com outros verbos regulares  que pertencem à  mesma conjugação,  como escrever/escrevi,  vender/vendi.
Diversos poetas e escritores escreveram sobre o uso da língua em poemas ou em prosa para mostrar que em nossa fala cotidiana, muitas vezes, a gramática internalizada sobrepõe à normativa. Para ilustrar essa afirmação há vários exemplos, dentre os quais vale a pena destacar: "Erro" de gramática (fábula de Monteiro Lobato); “Pronominais” e “Vício na Fala” (poemas de Oswald de Andrade); “Evocação do Recife” (trecho do poema de Manuel Bandeira); “Aula de português” (poema de Carlos Drummond de Andrade);  A Língua de Eulália (livro de Marcos Bagno), dentre outros.
Os estudos a respeito da linguagem têm aberto espaço para as variações linguísticas, incluindo conteúdos mais diversificados no currículo escolar, visto que o aluno precisa conhecer mais as outras modalidades que fazem parte do seu contexto social e cultural. Ao mesmo tempo, deve-se também abrir espaço para expor, caracterizar e detalhar o funcionamento da gramática natural (a Internalizada). Não com o intuito de ensiná-lo a usar a língua, pois essa competência ele já possui, mas  fazê-lo compreender  como funciona  o intrínseco processo gramatical que  envolve a comunicação verbal,  cujo conhecimento será referência para outro estudo mais sistematizado: o da gramática normativa, este sim é o maior desafio.

Referências  bibliográficas
AVELAR, J.O. Funcionamento da Língua – Gramática, Texto e Sentido. Tema 3: A gramática no texto: procedimentos de análise. Campinas, SP: UNICAMP/REDEFOR, 2012. Material digital para AVA do Curso de Especialização em Língua Portuguesa REDEFOR/UNICAMP. acesso em 03/09/2012.

Recanto das Letras - Disponível em:

O Que é Gramática? Disponível em:
http://zellacoracao.wordpress.com/2009/08/19/o-que-e-gramatica/ Acesso em 19/08/2012

Wikipedia – Disponível em:

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