domingo, 9 de junho de 2013

A palavra e a sua potência

Reflexão da Semana: A palavra e sua potência
28/03/2012, 22:22:52


“Ai, palavras, ai palavras, 
que estranha potência, a vossa!”(Cecília Meireles)
 

Embora o conteúdo teórico deste módulo tenha sido maçante no que diz respeito às extensas leituras acerca do tema “Análise do discurso”, impossível não admitir sua contribuição positiva quanto à ampliação da visão para a leitura tornando-me, assim, uma leitora mais atenta e experiente. Foi na prática, a partir dos exemplos trabalhados passo a passo sobre a atuação do discurso dentro dos diversos textos, que a teoria se materializou e fez sentido, pois no cotidiano de um professor de Ensino Médio e/ou fundamental o estudo a respeito dos textos ficava mais voltado à caracterização da sua forma (tipologia, gênero, estrutura, etc.).
 

Tudo isso leva a pensar como e quanto o desenvolvimento da linguagem está relacionada à incansável necessidade que o homem tem de se comunicar seja por textos verbais (orais, escritos) ou não-verbais. Ora ele ora quer falar, ora quer ouvir. As vezes é autor, outras leitor. Dependendo do contexto e da intenção, ele assume um determinado discurso que pode ser autoritário, lúdico e polêmico, ideológico, ou outros. Gostei, sobretudo, da análise dos textos publicitários com suas sequências textuais variadas junto ao discurso que os aciona. A partir dessas referências pode-se perceber a função-autor e imaginar o efeito-leitor.. A atividade autocorrigível retomou os textos publicitários para enfatizar os efeitos de sentido que eles possuem. Outro ponto novo e interessante (para mim) foi a quebra de expectativa mostrada em dois exemplos com gêneros: no trecho do prefácio de Calvino no qual ele faz alusões sugestivas e criticas e na inovadora nota de rodapé do texto de Rodolfo Walsh. A partir desses exemplos podemos concluir que não existe um modelo pronto para tipo ou gênero textual, Os textos representam “leques” de possibilidades nos quais transitam discursos e sequências textuais . Muitas informações neste módulo? Sim, mas tenho consciência de que uma fila delas aguardam para entrar em cena nos próximos dias e continuar nos fazendo boa companhia “lexicalcalmente”.
 

As entrelinhas de um texto

As entrelinhas de um texto
05/03/2012, 16:19:02


A leitura do tópico 2 no AVA “Práticas de leitura e efeito-leitor” traz uma reflexão sobre a prática da leitura, sua autoria e o efeito no leitor. Afirma que qualquer discurso em um texto é produzido com base em um contexto, possui, portanto objetivos e um público alvo, pois há vários elementos a serem observados como: sentido e condições de produção. Exemplos são citados, em especial um enunciado tirado de um painel eletrônico. Embora alguns textos (como piada, avisos, provérbios, etc.) tenha sua autoria se perdido e mesmo assim ele circula normalmente atravessando gerações. Toda leitura é significativa, mesmo aquelas ignoradas pelo sistema dominante, que foram consideradas pouco importantes para a formação do leitor. 

O texto complementar: ”Um estranho no ninho – Entre o jurídico e o político: o espaço público urbano” de Mónica Graciela Zoppi-Fontana faz uma profunda análise de discurso tendo como base frases de orientações que aparecem em um painel eletrônico na rodoviária Tietê, em São Paulo. O autor do texto é desconhecido, mas o destinatário não, pois os enunciados que aparecem, fazem referência a dois níveis de pessoas: 1º: usuário/passageiro/consumidor(que pode corresponder a uma mesma pessoa em situações diferentes); 2º designados “estranhos”, que são os possíveis mendigos (pedidores de esmola), vendedores ambulantes, profissionais não credenciados. O texto funciona como um “alerta”, dando a entender que tais pessoas(os estranhos) representam uma ameaça à segurança de todos aqueles que estão circulando por aquelas dependências por estarem atuando de forma ilegal, segundo os responsáveis pela organização e segurança do terminal rodoviário. Percebe-se, por trás de tão poucas palavras, a exclusão e a discriminação em relação aos mendigos, aos vendedores ambulantes e às pessoas que trabalham por conta própria, porque, de certa forma eles não são “contribuintes” do sistema organizacional, que supostamente é responsável pela ida e vinda das pessoas que transitam em um terminal rodoviário. Em contrapartida, os usuários/passageiros/consumidores são , supostamente, “acolhidos” e “protegidos”, desde que obedeçam às orientações por eles enviada através de um painel eletrônico cuja linguagem imperativa é um apelo para afastar aqueles elementos “mal vistos”. A comunicação acontece direta ou indiretamente entre as pessoas porque comunicar-se é condição para o preparo da vida.

Discurso , imaginário social e conhecimento

Reflexão Semana 3
20/02/2012, 20:28:56


O texto de Orlandi tem como título: Discurso, imaginário social e conhecimento. Seu conteúdo é extremamente teórico e muito complexo ,exige várias leituras para uma médio entendimento do conteúdo. O tema não é difícil de assimilar, mas sim a forma como é abordado e desenvolvido. Podemos dizer que o discurso do autor não está em sintonia plena com leitor. Talvez o tema seja tão óbvio que dificulte uma completa compreensão. Eu fui destacando trechos significativos para depois tentar elaborar um resumo e a partir daí entender melhor, mas não deu certo. 

Por outro lado, a exposição no AVA não está tão distante da compreensão, pois há um roteiro no qual o assunto é discorrido e isso facilita o entendimento. o tópico3 engloba: : Constituição, formulação e circulação dos discursos Fala-se muito que o discurso é visto como efeito de sentido e este muda de acordo com suas condições de produção. Um bom exemplo disso é a frase apresentada: “Abaixo a ditadura” mostrada em contextos diferentes; em cada um deles a mesma frase adquire sentidos diferentes, embora seja vista como uma forma de protesto.

Enunciação e posições discursivas: as imagens

Reflexão Semana 2
09/02/2012, 21:49:57


O tópico 2 desenvolve o tema “Enunciação e posições discursivas: as imagens” com uma linguagem mais didática que o texto de Orlandi (1994) que é mais teórico e, portanto, um tanto complexo. No final do tópico 2, há duas atividades autocorrigíveis que tem como tema textos publicitários antigos e atuais nos quais se faz uma análise do discurso empregado na elaboração da propaganda dos mesmos. Todos os recursos utilizados (como imagem, linguagem, valores familiares, informações necessárias sobre o produto, tipo de letra, etc) para impressionar e convencer o consumidor são comentados nessa análise. Quantos elementos são envolvidos numa simples elaboração de uma propaganda! E é por isso que ela é fundamental e garantia de uma boa venda, se for trabalhada adequadamente. 
Um texto publicitário mescla aspectos verbais e não-verbais; para uma boa compreensão do um discurso utilizado, é necessário conhecer as condições nas quais ele fora produzido porque muitos conceitos e valores representam determinadas épocas e/ou lugares sociais.
 

A comunicação antes e depois

A comunicação antes e depois                        
06/02/2012, 20:40:11


A necessidade de comunicação entre as pessoas foi o elemento motivador que favoreceu o desenvolvimento da linguagem. Os povos primitivos deixavam os registros de suas caças nas pedras em forma de desenho. Desde então ampliou-se o processo comunicativo e hoje vivemos em um mundo “bombardeado” por mensagens de diferentes gêneros tanto na linguagem verbal quanto da não-verbal. 
Um texto ao ser produzido está vinculado a vários fatores como: época, lugar, contexto histórico e social. Nos dias atuais, por exemplo, os recursos tecnológicos tornam as mensagens muito mais dinâmicas e atrativas a partir da junção de textos verbais, imagens e movimentos. Um texto não tem um fim em si mesmo, ele apresenta, de forma explícita ou implícita, relações com outros textos, dependendo do conhecimento de mundo do emissor. Embora as informações de um escrito estejam vinculadas a algum fato ocorrido em uma determinada época, há elementos que se mantém ocultos, mas que podem ser decifrados por aqueles com um maior senso de observação. Um texto faz sentido para nós quando remete a outros discursos que conhecemos, e caso não conheçamos, não podemos nos esquecer de que houve em algum lugar e data condições específicas que propiciaram a sua criação.


Refletindo sobre gêneros textuais

Reflexão da semana 8
25/03/2012, 11:03:20
A leitura do tópico 2 (tema 3) desta semana tem como abertura um trecho de Luís Antônio Marcusch “Gêneros textuais: definição e funcionalidade”, para complementar e elucidar o estudo sobre agrupamento de gêneros textuais e apresenta, também, uma tabela que inclui os aspectos tipológicos dos gêneros orais e escritos, seus domínios sociais e as capacidades de linguagem dominante que são trabalhados nas escolas. Apesar de mencionar sobre a diversidade dos tipos textuais: narrar, relatar, expor, argumentar e descrever ações, o texto enfatiza o gênero expor porque este permite um agrupamento maior de outros gêneros no desenvolvimento de um conteúdo. Para tal , retoma como exemplo o texto “Por que não vivemos para sempre?” (cuja leitura fez parte de estudos e reflexões anteriores), mostrando, assim, como se dá o processo de aprendizagem a partir dos recursos concedidos na utilização desses gêneros e suas respectivas sequências textuais. Na abordagem do tema texto “Por que não vivemos para sempre?” , o autor mescla informações científicas e argumentações, além de mostrar imagens variadas com o intuito de apresentar de forma mais clara possível o tema e causar, no leitor, uma maior influência. 

Na formação do conhecimento escolar , o aluno tem contato constante com o gênero expor, pois precisa conhecer e aprender as definições, classificações e detalhes sobre diversos conteúdos. Para isso, as informações transitam de diferentes modos: ora com redundância (fixar pela repetição), ora como reescritas (mostrar que consegue dizer o mesmo com outras palavras), além de outros caminhos que contemplam à aprendizagem. Alguns elementos dificultam a compreensão dos textos expositivos: o desconhecimento do leitor com relação ao tema; vocabulário com linguagem muito técnica; multiplicidade de linguagens que acompanha o desenrolar do texto; sua dimensão; os vários recursos de textualização. Essa característica não deve, entretanto, impedir uma apreciação de um texto expositivo, tampouco reduzir seu valor como parte essencial na formação discente, já que desafio é uma palavra-chave quando se pretende mesmo aprender

Mais um pouco sobre sequência textual

Refexão da Semana 7
19/03/2012, 17:13:03


O início do tópico traz poemas de Cecília Meireles e de Carlos Drummond para serem usados como modelos de textos que apresentam mais de uma sequência textual. Surgem, a seguir, reflexões acerca do conteúdo dos textos e, assim, percebemos que eles, embora possuam uma linguagem com características injutivas, não podem ser rotulados com tal nomenclatura porque a ideia do poema é refletir sobre a vida e não ensinar fórmulas (como uma receita). Pelos vistos, muito ainda temos que ver e aprender sobre tipos, gêneros e sequência textual. O fórum, as leituras e produções de textos trabalhados nas semanas anteriores foram um “aquecimento”, um preparo numa linguagem mais simples para depois complicar um pouquinho. 

O tópico 1 traz uma sugestão de agrupamento dos gêneros textuais levando em conta os pontos em comuns que eles apresentam, pois por serem heterogêneos, carregam características de um e de outro tipo, sem perder, no entanto, sua autenticidade e valor. Essa forma de juntá-los e distribui-los em um organizado cronograma facilita a compreensão do assunto. O mérito desse esquema deve-se aos especialistas: Joaquim Dolz & Bernard Schneuwly . Eles procuraram a forma mais didática para esquematizar o tema, facilitando assim a aprendizagem tanto para professores quanto para alunos. Já o longo texto no qual eles discorrem sobre o tema, deixa a desejar no que diz respeito a simplicidade na linguagem porque é um texto com um grande carga teórica e por isso, complexo. Apesar de longo e denso, deve ser lido e relido várias vezes porque uma leitura só é insuficiente para iniciantes. Aprender é preciso (parafraseando Pessoa...não é isso?).
 

Sequência textual

Reflexão da Semana 6
12/03/2012, 17:57:43


O tema “Sequência Textual” reaparece no tópico 3, mas dessa vez com mais profundidade visando uma melhor elucidação, pois nas discussões do fórum o assunto foi abordado de forma cautelosa pelos professores. Talvez o medo de errar tenha sido mais forte que a vontade de arriscar, o que é comum nas pessoas quando iniciam um assunto novo no qual ainda não dominam. É (quase) inaceitável essa insegurança, porque, praticamente, lidamos com tipos e gêneros textuais diariamente e temos a convicção de que dominamos o assunto. 

Pensar em sequência textual é apenas analisar um texto de um ângulo diferente, levando em conta todo o conhecimento adquirido com os estudos e a experiência dos anos anteriores. O que diferencia das demais análises é a possibilidade dos textos serem heterogêneos, como se fosse um quebra-cabeça cujas peças são diferentes e todas se encaixam formando um todo. Na sequência textual percebemos pela fragmentação os trechos narrativos, descritivos, argumentativos, injutivos, dialogais, etc. carregados de características que permitem determinada classificação, sendo que um predomina e os demais o completam. O que leva a crer que os textos dizem mais do que parecem expressar e para atingir um objetivo ele permite essa “salada” variada que dão o “sabor” necessário para um “paladar” apurado.

Gênero textual

27/02/2012, 18:55:16
Reflexão da semana 4


Não é de hoje que o tema gênero textual tem sido estudado com afinco, principalmente para professores de Língua Portuguesa. A princípio parece muito fácil distinguir tipo de gênero, mas convém conhecer melhor as características de cada um para poder diferenciá-los melhor e estar mais preparada para trabalhar o assunto com os alunos. Tipo e gênero textual são diferentes, mas se cruzam por meio do texto produzido. 

Uma divisão antiga afirmava que os tipos de textos se resumiam em: narração, descrição e argumentação. A partir de uma melhor observação e estudo sobre isso, percebeu-se que havia mais dois itens que se juntaria a esses três: exposição e injunção, totalizando cinco. Dessa forma pode-se perceber que os tipos textuais são poucos e cada um deles utiliza um determinado recurso lingüístico para sua composição. Por outro lado, os gêneros são tantos que fica difícil enumerá-los porque estão vinculados às atividades sociais e comunicação entre as pessoas, dependendo de um determinado contexto para serem produzidos. Apesar de possuírem conceitos diferentes, eles estão vinculados pois de cada tipo textual (praticamente) nascem os gêneros, seria como uma mãe com vários filhos, cada um com sua personalidade peculiar e idades diferentes (Embora essa seja uma forma simples, prática e hilária de compreender a teoria). Muitas leituras serão feitas para garantir a total distinção entre esses dois conceitos e, só assim, deixarão de ser incógnitos

A natureza multissemiótica dos textos orais e escritos

12/02/2012, 09:11:14
Reflexão semana 2


O tema do tópico desta semana aborda a natureza multissemiótica dos textos orais e escritos, esclarecendo, inicialmente, que eles não são produzidos a partir de um só tipo de linguagem, mas da mistura do verbal e do não –verbal. A voz, por exemplo, é acompanhada por gestos, expressões faciais, olhares, postura corporal e tom de voz, enfim, um conjunto de ações concomitantes para exprimir uma ideia. A escrita, entretanto, possui outras formas de recorrer aos recursos visuais como: tipo, tamanho e cor da letra selecionada, além de imagens ilustrativas e/ou que se movimentam (no caso de escritos no computador). Essa junção semiótica, de certa forma, cria uma tensão e disputa entre as linguagens, embora se relacionem e se completem para transmitir o sentido desejado da mensagem. 

Como exemplo disso, o texto apresenta alguns itens: inicialmente, uma reportagem de uma revista francesa (Le Monde) sobre o Brasil, cuja capa traz as cores que constam da bandeira brasileira (verde, amarelo, azul e branco) utilizadas nas palavras, imagens e fundo. A distribuição dos recursos visuais visa causar uma maior impressão sensorial no leitor junto ao conteúdo verbal que enfatiza o tamanho e a capacidade do nosso país. Depois, um poema concreto intitulado “Infinito”, no qual o visual predomina sobre o verbal ; e finalmente, uma comparação entre outras duas reportagens: "Por que não vivemos para sempre" ( por Thomas Kirkwood, publicado na Revista Scientific American - Brasil, outubro de 2010, p. 30-37.) e “ O Conto da Xenofobia”( publicada na Revista Carta Capital, de 29 de setembro de 2010). Cada reportagem é acompanhada por recursos multissemióticos que se diferenciam em alguns aspectos, pois uma pertence a uma revista impressa e a outra, digital. Tal distinção é comentada detalhadamente como: a autoria de cada texto; a interação entre o escrito e o leitor; o tamanho e a divisão dos trechos, assim como títulos e subtítulos; a legenda de ambos; a forma de mudar de páginas, o enquadramento dos textos nos espaços determinados, as imagens que os acompanham durante a leitura, etc. Enquanto "Por que não vivemos para sempre" corresponde ao jornalismo científico, “ O Conto da Xenofobia” pertence ao jornalismo político, embora ambos pertençam a um mesmo gênero textual. A atividade autocorrigível 1, no final do tópico, retoma o tema de forma bem concisa com as opções “falso” ou “verdadeiro” como resposta para os trechos afirmativos distribuídos nas quatro questões e garante uma reflexão sobre a importância dos signos no processo comunicativo.
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Aprendendo com os textos

27/11/2011, 11:44:45
Aprendendo com os textos


A idéia de que textos literários guardam um mistério cuja decifração pode ser bastante penosa foi abordada, com muita graça, no romance O guia do Mochileiro das Galáxias, de Douglas Adams.” (Trecho da leitura sugerida). A referência é hilária, mas verdadeira, pois quando apresentamos um poema aos alunos, boa parte das reações, a princípio, são negativas. As justificativas vão desde “linguagem complicada” até (o absurdo de) “poesia não serve para nada”. Não se pode esperar mesmo que alguém com pouco embasamento de leitura possa se “apaixonar” por um poema. O poema “Trem de Ferro” de Manuel Bandeira (citado na leitura indicada Orna Messer Levin e Márcia Abreu), por exemplo, possui inúmeros recursos linguísticos, sonoros e visuais que se não forem mostrados e comentados de uma forma interessante, parecerá uma brincadeira com palavras à primeira leitura do aluno. A apreciação de um texto literário dependerá (quase sempre) da forma como será apresentado pelo professor, assim como sua compreensão dos elementos essenciais na poesia(métrica, ritmo e rima). 
O texto literário é uma representação de uma provável realidade (verossímil ou inverossímil), por isso, muitas vezes, o contato provoca-nos reações diversas: identificação, emoção, desperta o nosso senso crítico, etc. Enquanto o texto lido nos leva a visualizar a cena, os personagens, e espaço e o tempo, o texto dramático nos expõe tudo isso de uma só vez e provoca tanto o riso quanto as lágrimas. Além disso, o teatro possui uma função educativa: ele distrai ao mesmo tempo em que instrui. A leitura de textos tanto literários quanto não-literários são fundamentais para a formação de conceitos e amadurecimento intelectual de qualquer pessoa. 

Ser ou não ser literário: eis a questão!

14/11/2011, 09:07:02
Ser ou não ser literário: eis a questão!


A s definições didáticas encontradas nos livros ou na internet tentam estabelecer um perfil característico de cada movimento literário, elencando o maior número de dados possíveis como: biografia do autor, momento histórico, traços em comuns entre produções de determinadas épocas, estilo literário, linguagem, etc. Entretanto tais informações, muitas vezes, não se “encaixam” umas nas outras. Elas se divergem e assim torna-se falho esse critério de classificação e definição para um estudo adequado no ensino da literatura. Talvez a intenção tenha sido justamente ao contrário: desejavam simplificar o tema para facilitar um estudo, porém há detalhes como: temas, valores, expressão dos sentimentos, comuns em todas as épocas que podem invalidar as classificações padrões dos períodos literários. Os textos de poetas citados como: Sá de Miranda, alphonsus de Guimaraens, Carlos Drummond, Florbela Espanca, Cassiano Ricardo, que produziram suas obras em épocas tão diferentes, tinham as característica de um poema classificado como barroco, principalmente pela abordagem do tema. Tais poetas pertenceram a épocas literárias diferentes (Renascimento, Romantismo, Simbolismo, Modernismo)e a distância entre o primeiro e o último é de mais ou menos 500 anos. Se eles fossem analisados conforme seus traços marcantes, seriam apontados como poemas barrocos. Somente o último texto que “destoava” dos demais era realmente barroco (o texto do Gregório de Matos). 
O texto “O que é literatura e tem ela importância” Jonathan Culler apresenta uma reflexão acerca de textos literários e não literários. Mostra como é difícil classificá-los e separá-los já que ambos tem traços afins. Mais importante do que saber, com certeza, se o texto é literário ou não , é observar sua intenção, sua mensagem, suas possíveis interpretações e reflexões, seu estilo literário, sua “brincadeira com as palavras”. O ideal seria estudar a literatura e aprofundar-se nos gêneros, sem se prender a esse pequeno detalhe de “ser ou não ser literário” 

O ensino da literatura: quando o trajeto é mais interessante que o destino

07/11/2011, 08:13:42
O ensino da literatura: quando o trajeto  é mais interessante que o destino
             


A cada leitura, uma nova descoberta. E as surpresas continuam. Eu não imaginava que no ensino de literatura havia outra realidade que antecedia a atual. O que mais marcou nessas novas aquisições de conhecimento foi a não existência das escolas literárias para o ensino da literatura. Até então, para mim, era tudo coerente: produções de obras literárias com contexto social e político; características predominantes em determinadas épocas. Tudo se encaixava perfeitamente. (Não existe mesmo verdades absolutas nem teorias que não possam ser superadas posteriormente.)
Vejo que no Brasil, o ensino da literatura, assim como o da Língua Portuguesa, passaram por fases diferenciadas, embora cada qual possua suas próprias características. O que muda na aquisição desses conhecimentos é o enfoque atribuído, a forma de apresentar o assunto ao aluno. Não faria sentido somente apresentar, por exemplo, uma obra de Gil Vicente (com aquela linguagem “estranha” ao aluno) e esperar que seja compreendido e apreciado. Historicamente tal produção está há mais de 500 anos, entretanto possui personagens análogos aos atuais e, assim, a obra torna-se moderna de uma certa forma. Um novo olhar para o ensino da literatura no qual se aprenda cada característica típica com exemplos atemporais, contribui para uma melhor aceitação e aprendizagem do aluno, pois este, geralmente, resiste aos estudos quando é centrado em datas e conceitos pré-estabelecidos. 
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Descobertas, dúvidas e inquietações no ensino da literatura.

29/10/2011, 12:13:33
Descobertas, dúvidas e inquietações no ensino da literatura.

O conteúdo que mais me atrai dessa área da Língua Portuguesa é a literatura. Não que o ensino da estrutura da língua não seja interessante; ao contrário, é fundamental e gratificante conhecer todo o processo educacional e sua trajetória, principalmente voltado à disciplina em que se trabalha. Por outro lado, o estudo da literatura assim, como todas as suas produções, ocupam um espaço privilegiado: une o subjetivo e/ou objetivo à criatividade, determina estilos peculiares, nos fazem rir, brincar com palavras, chorar, descobrir verdades, refletir sobre o ser humano e suas relações além de despertar a capacidade criadora de cada um; enfim, o texto literário possui um discurso interativo porque toca exatamente no lado humano, no emocional. Não se trata de um acréscimo informativo, mas de um acréscimo formativo essencial no amadurecimento como pessoa.
Entretanto, não é só de prática que sobrevive o estudo da literatura; há o lado teórico que inclui, entre outros itens, estudos e pesquisas a respeito dos autores e obras. O ensino passou por fases bem diversificadas desde o século XIX até os dias atuais. Antigamente, a ênfase era dada à retórica e a poética e dentro dessa classificação não eram considerados aspectos como: momento histórico ou características de um determinado estilo. Não havia a divisão de escolas literárias como atualmente. Estudavam-se as obras, independente de épocas, autores ou países. Predominava, no início, autores portugueses; aos poucos a literatura brasileira foi conquistando espaço nas aulas. As disciplinas de retórica e poética, a partir de 1881, foram substituídas pelo estudo da literatura portuguesa e brasileira. A partir dessa nova disciplina, mais estudiosos com critérios diversificados foram surgindo e alterando a forma de ensinar o conteúdo. Todavia, não existe modelo infalível que não seja superado com o tempo. Os critérios atuais de estudo e classificação da literatura já se encaminham para uma nova fase, cujo objetivo é centrado numa melhor compreensão e apreciação deste elemento significativo que é mais humano do que teórico: a literatura. 

Literatura sim ou não?


21/10/2011, 21:38:54
Reflexões sobre o tema do debate: literatura sim ou não?



Ensinar literatura, ler textos em verso ou prosa, interpretá-los, aplicá-los em atividades diferenciadas, não é novidade para o profissional que trabalha com isso. Tornar a tarefa mais atraente aos olhos dos alunos, esse sim é o desafio, pois ele não mede esforços, sua luta é constante, principalmente por enfrentar certa resistência por parte deles. Tal atitude tem como causa principal a adversidade nas preferências relacionadas à leitura. A partir daí, dá-se início a um conflito entre professores e alunos que perdura anos: de um lado a sugestão (ou imposição?) de livros e textos considerados dignos de serem lidos; do outro, a negação do que se foi oferecido a eles, justificada por uma bateria de adjetivos nada elogiáveis: chato, cansativo, difícil, lento...entre outros.
Entretanto, até então, não ocorrera a preocupação ou mesmo oportunidade de debater o que seja ou não literatura. Apenas fomos conhecendo e absorvendo o assunto na nossa trajetória acadêmica e, depois, no contexto profissional repassamos as informações da melhor maneira. Isso se torna um círculo vicioso. Captamos e repassamos, eles acabam por captar também e assim sucessivamente.
Iniciar os estudos fazendo reflexões que remetem às preferências literárias de pessoas distintas foi pertinente porque houve muita interação entre os participantes no debate. Tantas colocações significativas, pontos de vista diferentes e não menos importantes acerca do mesmo assunto. O objetivo não era julgar nem condenar o crítico Harold, mas refletir sobre suas afirmações, já que estamos mais diretamente ligados a esses leitores tão criticados por Harold. A princípio, os integrantes estavam meio receosos e o debate não contava com grande participação deles. Depois isso mudou: aos poucos, foram aparecendo os demais cursistas, ampliando, assim, o número de participantes. Durante essa atividade, a formadora acompanhou passo a passo expondo também seu ponto de vista, esclarecendo as dúvidas e direcionando o debate. Foi uma atividade diferente que mesclou: opinião, imaginação, objetividade, definições, influência, propostas e reflexões. Certamente esses itens nos farão repensar sobre as produções de escritores conhecidos ou não, o que é considerado bom e ruim por aqueles “ditadores” de grupos sociais que mantêm o poder sobre os outros.

sábado, 8 de junho de 2013

A linguagem é dinâmica e se multiplica



O trabalho em sala de aula com leitura e escrita sempre foi um grande desafio em qualquer época, pois requer bastante empenho e capacidade tanto de quem ensina quanto de quem aprende. O contexto social, político e econômico são determinantes para o sistema educacional. Assim, torna-se impossível trabalhar com a educação nos dias atuais sem levar em conta fatos relevantes como: a globalização, a tecnologia, o aprofundamento dos estudos a respeito dos gêneros textuais. Todos estão interligados porque, praticamente, são como causa e consequência. 
Em cada situação, um discurso (oral ou escrito) vai predominar e dependendo da circunstância, nascem novas formas de expressão. Por isso a antiga classificação escolar é insuficiente para preparar o aluno ao mundo que o rodeia. O acesso à internet foi fundamental para a ocorrência de transformações que vão desde a linguagem até a criação de novos gêneros textuais. O sistema educacional se vê obrigado a acompanhar essa evolução tecnológica e direcionar o ensino com base nos letramentos múltiplos, porque toda a carga cultural da sociedade deve ser considerada, assim como a valorização das diversas linguagens: verbais e não-verbais das quais estamos em constante contato tanto no mundo real quanto no virtual. 

Globalização e as mudanças no currículo escolar

A influência da globalização aparece claramente em várias esferas da vida do ser humano e torna-se impossível ignorá-la. Na educação, por exemplo, facilitou o acesso às novas tecnologias de comunicação e de informação; influenciou a elaboração dos currículos escolares visando um modelo mais parecido com aquele utilizado nos demais países. A partir daí, muitas transformações ou adaptações foram necessárias para atingir o objetivo que focava competências e habilidades e assim buscavam uma melhor forma de ensino que valorizasse a linguagem tanto oral quanto escrita e ao mesmo tempo privilegiasse o discurso utilizado nos diferentes gêneros textuais. A declaração de Jomtien foi fundamental para que a UNESCO, A UNICEF, o PNUD se envolvessem diretamente nos planos relacionados às mudanças e avaliações educacionais. 
A respeito de leitura e produção de textos são sugeridas estratégias de leitura que exploram o conteúdo lido e ,dessa forma, verifica-se se houve compreensão do texto. Só depois dessa primeira abordagem oral vem a produção textual que até podem variar de gênero, mas deverão estar vinculadas ao tema principal da obra lida. 

A educação no Brasil depois dos anos 60 a té hoje

Reflexão sobre a virada comunicativa ou pragmática dos anos 60 aos 90 

Nas primeiras décadas do século XX, ou melhor, um pouco mais da metade de longo período, o ensino no Brasil teve como base o modelo implantado desde o século XIX, embora tenha ocorrido algumas alterações em determinados períodos. Mas há um ponto em comum em todos eles: a prioridade com a norma culta da linguagem e a preferência pela leitura canônica. O principal fato que acarretou profundas mudanças na estrutura educacional ocorreu a partir dos anos sessenta, pois houve um considerável aumento da clientela escolar. Com o intuito de reduzir (até eliminar) o analfabetismo no Brasil, as escolas abriram as portas para receber alunos, independente da sua origem ou classe social. Essa diversidade étnica e cultural provocou uma inevitável mudança na política educacional, que precisava atender e se adaptar à nova demanda. Essa “Campanha contra o analfabetismo” gerou bons resultados, reduzindo em quase 20% no período de vinte anos. Entretanto, o mesmo sistema que incentivava o ingresso e o tirava da ignorância das letras, o barrava anos depois impedindo sua evolução escolar. A maioria dessas pessoas só concluía o ensino primário, já que havia um processo seletivo (rigoroso) que dificultava e impedia a continuidade dos estudos.
 
As transformações não ocorriam somente nas escolas; o país também vivia momentos paradoxos de extrema euforia e inquietação histórica como: a implantação do regime militar, a industrialização e internacionalização da economia do país e a presença forte dos novos meios de comunicação de massa, destacando a televisão. Tais fatos contribuíram, de certa forma, às mudanças no ensino. As pessoas, agora já alfabetizadas, não podiam ser mais ignoradas no contexto social, estavam em todos os lugares: eles eram os alunos, os operários, os telespectadores, os consumidores, etc. Conciliar o ensino com essa diversidade histórica, social e cultural não correspondeu a uma causa, mas uma consequência no processo educativo. Contudo, essas alterações no sistema educacional não pararam por aí, elas caminham num ritmo gradativo sempre procurando acompanhar a realidade social atendendo às suas necessidades. Nos anos oitenta, especialistas e estudiosos da língua interferem no cristalizado modelo de ensino da Língua Portuguesa, o qual não considerava a produção de texto uma prática social.O gênero textual passa, então, a ser incluído e trabalhado na rotina escolar sem descartar a morfologia, morfossintaxe, a semântica. Os anos noventa são marcados por um diferencial: a globalização e suas decorrências tecnológicas, econômicas, políticas, sociais, culturais, educacionais e lingüísticas (com destaque neste último, à nova modalidade escrita com características próprias que mesclam abreviação e transcrição fonética das palavras, como forma rápida e prática de comunicação na internet, principalmente nas redes sociais). Tudo isso exigiu um novo olhar ou uma adequação, pois o processo de transformação é constante e não pode haver tanta distância entre o momento em que se vive e a aprendizagem /preparo educacional das pessoas. Afinal, para qual mundo estamos preparando os alunos?
 

Língua Portuguesa como disciplina

Só a partir de um estudo que descreve a trajetória da Língua Portuguesa como disciplina no Brasil, pode-se compreender todo o processo que o permeou. Tal conhecimento deixa claro que as normas, as práticas e os currículos das unidades de ensino atuais ainda estão fundamentadas em documentos remotos iniciados a partir do século XIX. 
Num breve olhar do histórico desse período vimos que a chegada da família real ao Brasil acarretou mudanças em diversos níveis: sociais, políticas e econômicas. A preocupação com a educação estava entre elas. Foi um assunto levado a sério porque havia interesses por parte de uma minoria elitizada. 
Com a construção de escolas, o primeiro passo já havia sido dado. Entretanto, durante um bom tempo, um privilégio era concedido a uma determinada instituição de ensino que “ditava as regras”: o colégio Pedro II (que já trazia o poder da soberania no título e era considerado modelo de ensino secundário). 
Ter concluído o segundo grau não era, inicialmente, condição essencial para os estudos superiores. A pessoa simplesmente era submetida a uma avaliação denominada ”Exames Preparatórios”. Essa era a porta de entrada para o ensino superior aos poucos que conseguiam ter acesso a ele. O treinamento e a elaboração dos tais Exames Preparatórios ficavam sob a responsabilidade do colégio Pedro II. Os currículos eram voltados para esse fim, pois a preocupação maior estava focada a tais exames e aos cursos superiores. Assim sendo, algumas disciplinas não eram tão valorizadas quanto outras. Enquanto que o ensino primário se limitava ao estudo teórico da língua e a produção de textos. 
A idéia de que o ensino secundário é o período em que há uma preparação para o vestibular ainda sobrevive nas unidades escolares. E não só isso: a gramática é enfatizada mais no ensino fundamental, enquanto que a Literatura (como disciplina) aparece só no Ensino Médio. Não se pode negar a influência de ontem no hoje, nem deixar de concordar com a citação de que “o currículo no Brasil, em fins do século XIX e início do XX, estrutura-se de cima para baixo" 

Reflexão sobre a História da Língua Portuguesa


          Ao conhecer o histórico do processo educacional no Brasil, sobretudo do ensino da Língua Portuguesa, pode-se perceber que até os dias atuais as alterações de conteúdos e práticas de ensino foram poucas, pois estão alicerçadas em modelos elaborados desde sua implantação no final do século XIX , desde a chegada da família Real (de Portugal) em nosso país.
          Dessa forma temos um cronograma educacional de perfil arcaico que não satisfaz as necessidades de uma “clientela” do século XXI, cuja tecnologia caminha a passos rápidos em oposição ao sistema de ensino aqui. 
Críticas e reivindicações não faltam por parte de pessoas ligadas à educação, em especial professores, educadores e até alunos. 
          Não se trata de desvalorizar o estudo da língua em sua estrutura, leitura ou produção de textos, mas sim de torná-lo mais atraente, prático e significativo de acordo com a idade e série da pessoa. 
“Ensino de Português: origens das práticas e necessidades dos alunos hoje”

A Língua Portuguesa já foi, tantas vezes, tema inspirador em diversas produções  de poetas e de escritores. Geralmente esses textos costumam ressaltar a sua importância e valorizar o seu uso através de metáforas e personificações variadas, traçando um perfil subjetivo que refletem nela um caráter humano. Uma provável tentativa de provocar, no leitor, sua sensibilidade e despertar um maior interesse pelo seu código de comunicação. Mas, e o aprender desse idioma?

O ensino da língua, nos dias atuais, é um dos maiores desafios que o professor enfrenta. Vários são os motivos que dificultam o trabalho em sala de aula, destacando-se: a inadequação de uma clientela do século XXI com a estrutura educacional alicerçada em modelos arcaicos.
Embora tenham ocorrido consideráveis mudanças na organização e na estrutura educacional, não foi possível desenvolver e implantar, ainda, uma política educacional de qualidade que contemplasse, plenamente, as necessidades e os objetivos, tanto do público alvo (alunos), quanto dos profissionais que atuam na área da educação. Todas as revoluções educacionais nasceram da insatisfação pelo sistema que predominava naquele momento.
Muitos professores terminaram o Ensino Médio nos anos oitenta. Tiveram, portanto, uma formação escolar baseada nos critérios educacionais daquela época, os quais o professor era a figura central e representante do saber, que deveria passar seus conhecimentos a um número limitado de alunos.  Em contrapartida, hoje, esses profissionais lidam com disparidades. A começar pela excessiva quantidade de estudantes em cada sala de aula; a “desarmonia”, entre os direitos e os deveres dos mesmos e a estrutura educacional em crise, resultantes de uma má administração. Entretanto, por trás disso tudo, há um histórico a ser considerado:
O ensino da Língua Portuguesa, no início do século XX,  era focado na gramática normativa e na ortografia, desconsiderando, assim, pontos relevantes como o contexto sócio-histórico e cultural do aluno.  Depois disso, houve algumas alterações referentes à escrita e a produção textual.
Nos anos cinquenta, ainda se baseavam em um modelo arcaico adotado pelo colégio D. Pedro II, cujo foco resumia-se em: rigor gramatical, leitura e “quase” reescritas de obras ou trechos clássicos, seguidos (nas séries posteriores) de criações de narrativas, cartas, descrições e dissertações. Exigia-se do aluno a criatividade, mas, priorizando sempre a norma culta.  Não havia uma preocupação com o objetivo do texto, seu interlocutor e nem o ambiente onde iria circular. Desconsideravam, pois o processo significativo que daria sentido àquela construção.
 As duas décadas seguintes (anos sessenta e setenta) foram marcadas, principalmente, pelo grande acesso de alunos oriundos de classes sociais menos favorecidas, causando assim, uma mudança no perfil do alunado. Esse detalhe contribuiu para uma alteração no que diz respeito à parte didática-pedagógica.  A Lei 5692 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1971 estabeleceu para o ensino da língua materna, a disciplina “Comunicação e Expressão”. A ideia  foi absorvida também por editoras responsáveis pelo material didático, que enfatizaram o processo comunicativo nas atividades sugeridas. Mesmo assim, a denominação dos textos quanto ao gênero continuavam: narração, descrição e dissertação.
A partir dos anos oitenta, surgiram estudos mais aprofundados com relação aos gêneros textuais desenvolvidos nas escolas. Os autores destas obras os consideravam descontextualizados e por isso sugeriram que produzissem textos ao invés de escrever redações.  As  pesquisas linguísticas também enfatizaram a organização,  articulação  e o bom desenvolvimento do texto. Todavia, os aspectos formais estavam à frente de qualquer outra exigência.
Poucas, porém significativas, foram essas mudanças porque serviram como base e contribuíram, nos anos seguintes até os dias atuais, para um “amadurecimento” do ensino da língua. Da década de noventa em diante, autores como Bakhtin (1992), Schneuwly   &   Dolz   (2004),   Marcuschi   (2008), Miller (2009), Rojo (2008), Bazerman (2006), dentre outros, destacaram a importância  de se compreender os  gêneros textuais  e   sua pertinente utilização nas práticas sociais. 
Hoje, o papel da escola vai além de alfabetizar e ensinar a estrutura da língua materna; ela deve preparar melhor o aluno, apresentando, entre outros conteúdos necessários à aprendizagem escolar, a diversidade e a prática dos gêneros textuais que circulam dentro e fora do ambiente escolar e fazem parte da sua realidade. Não se trata de desvalorizar o estudo da língua em sua estrutura, leitura ou produção de textos, mas sim de torná-lo mais atraente, prático e significativo, independente da série ou idade.  

Referências Bibliográficas: 







A Linguagem da arte popular e da erudita

Conceituar a Arte não é tarefa fácil porque depende do ângulo em que se observa. De maneira geral as definições podem ser objetivas ou subjetivas;   saber qual delas requer mais credibilidade  é muito relativo e pouco importante.  O fundamental é reconhecer na arte  sua participação efetiva na vida do ser humano desde os tempos mais remotos, sua trajetória no atravessar dos séculos e as implicações atuais, portanto a arte é o instrumento pelo qual o ser humano manifesta suas diversas expressões, tais como:    visuais (pintura, escultura, desenho, artesanato,fotografia); movimento (dança);  som (música, ritmos);  cênicas (expressões faciais e gestos);  literária (poesia ou prosa).
Há, inclusive, outra classificação que divide a arte em dois níveis: popular e erudito. O primeiro representa a cultura do povo que abrange a maioria da população e de fácil acesso,  pois não necessita de  um espaço determinado para acontecer, sua criação está relacionada com a simplicidade e espontaneidade das pessoas dotadas de uma determinada sensibilidade artística;   a outra pertence a uma minoria da população  e é, por isso mais seletiva e exigente, está mais presente nas entidades escolares, sobretudo, nos meios acadêmicos. O acesso a ela  é restrito, goza de mais respeito perante os intelectuais e está presente nas classes sociais mais privilegiadas, logo, dominadoras.
São como irmãs criadas em lares diferentes: não frequentam os mesmos ambientes, tem pouco contato uma com a outra, são estranhas, adversas, embora ligadas por um objetivo em comum:  ambas representam,a seu modo, o patrimônio cultural  de uma população.
Para alguns, essa divisão social não incomoda porque traz, de certa forma, uma   confortável estaticidade social:  de um lado os selecionados; do outro,  o restante. Mas isso não é regra geral para os integrantes do primeiro grupo. Do meio deles surge alguém com outros planos visando uma “quebra” da ordem dos fatos e coloca em ação seus ideais de transformação de uma parcela da sociedade, até então, discriminada. Seu nome: Ivaldo Bertazzo, um coreógrafo e dançarino paulista que tem feito a diferença na vida de muitos jovens da periferia de São Paulo.
Ivaldo Bertozzo ,  um profissional de reconhecimento nacional e  internacional,  com muita experiência  em dança e coreografia,  viajou muito pelo mundo exibindo seu trabalho e talento, conheceu a cultura de vários países e,  com toda essa  bagagem de conhecimento, decidiu  elaborar  um projeto diferenciado trazendo à população mais carente um complemento à sua formação intelectual. Através de uma seleção de jovens inscritos gratuitamente, ele empenhou-se em resgatar-lhes  a identidade, o protagonismo e a cidadania dos jovens, além de despertar a sensibilidade artística deles  e facilitar-lhes o acesso aos bens culturais mais valorizados pela sociedade. 
Para isso foi preciso desenvolver um trabalho interdisciplinar incluindo as disciplinas escolares:  Educação Física, Arte e Línguas. Ele lidera esse trabalho grandioso, mas não está sozinho nisso, há vários profissionais que o apoiam e atuam junto no desenvolver do projeto  que requer tempo, determinação, e também investimento financeiro. Além das aulas de dança, os alunos aprendem mais sobre o seu corpo e sua língua com especialistas de cada conteúdo e também viajam para as apresentações de palco dentro e fora do Brasil.   
Uma pequena amostra desse nobre trabalho encontra-se em alguns vídeos no site do Youtube:  entre eles, uma  reportagem que foi exibida em um programa da Rede Globo, no qual  é abordado a importância desse projeto, como surgiu e se desenvolveu entre o coreógrafo e o grupo de jovens da periferia de São Paulo.  Outros vídeos trazem trechos de algumas  apresentações das danças que eles participam.
É interessante observar a mistura de culturas dos países nessas apresentações, tanto nas coreografias,  nas vestimentas dos dançarinos  e  nos instrumentos que acompanham  os ritmos. Algumas coreografias não são  totalmente criadas por Ivaldo, ele, muitas vezes  contribui com a parte sonora e com o conjunto de dançarinos.  Suas parcerias provêm de outros países também e sendo assim há uma prioridade cultural que predomina no decorrer do espetáculo, ou seja, há um suposto sincronismo cultural altamente perceptível nas roupas dos dançarinos, nos ritmos emitidos pelos instrumentos, nos passos.
Entretanto uma “voz” silenciosa,  mas firme nos gestos mantém  o controle e  lidera a coreografia, não se “rendendo” às insistências adversárias que carregam características típicas de outros espaços culturais. A cultura priorizada que se reafirma, portanto é a erudita protagonizada  pela dançarina hindu Sawani Mudgal. Em uma das cenas expostas, ela, junto a um dançarino brasileiro, simulam uma dupla de porta-bandeira que bailam  ao som de uma moderada batucada.   Se o objetivo fosse mostrar um comportamento tipicamente brasileiro ela  sambaria ao ritmo, mas não, ela acompanha o ritmo com movimentos típicos das danças indianas.  Outras performances são mostradas, mas fica evidente em todas elas o predomínio da cultura estrangeira sobre a brasileira e suas origens (indígena e africana), pois até mesmo os bailarinos  brasileiros aderem aos passos hindus em alguns momentos. 
Nesse sentido fica evidente o papel  do autor e sua função discursiva (embora silenciosa) na elaboração da referida coreografia. A intenção inicial de Ivaldo Bertozzo pode (até) ser diminuir a distância entre a cultura popular dos jovens da periferia e a erudita dos grandes centros urbanos,  mas percebe-se que nos meios de sua produção outros valores entram em cena e assumem um papel principal, restando ao leitor somente uma opção:  a  apreciação do resultado final de  um trabalho coletivo  e  integrado a culturas múltiplas.


Referências bibliográficas

ZOPPI-FONTANA, M. Autoria, efeito-leitor e gêneros de discurso. Tema 02/Tópico 2: Práticas de leitura e efeito-leitor. Campinas, SP: UNICAMP/REDEFOR, 2012. Material digital para AVA do Curso de Especialização em Língua Portuguesa REDEFOR/UNICAMP. acesso em 08/04/2012.


DOS SANTOS, Bianca Caroline - Arte como processo cultural: por uma ampliação do humano . Disponível em: http://www.compoliticas.org/redes/pdf/redes5/24.pdf
Acesso em 08/04/2012

BERTAZZO,  Ivaldo - A aventura do homem em busca do movimento


Disponível em:  http://ivaldobertazzo.com/sobre/          Acesso em 08/04/2012
A distância entre a teoria e a prática dos agrupamentos textuais

A evolução do homem foi possível graças à sua infinda necessidade de comunicar-se, pois não teria sentido algum desenvolver a linguagem em todos os seus aspectos se não houvesse um destinatário para compartilhar. A partir desse princípio de interação (verbal e/ou não verbal) foram surgindo aos poucos os gêneros textuais para, assim, atender a todas as demandas sociais.
Diferente da tipologia textual que possui certas limitações quanto às classificações, os gêneros textuais são dinâmicos e infinitos; seu surgimento, suas prováveis modificações e até seu desaparecimento são determinados pelo momento. Qualquer forma de expressão, é, portanto, uma prática social que brotou em um tempo específico,  sob um determinado contexto,  a partir de referido objetivo,  com certas propriedades que o diferenciam das demais produções.
Durante um bom tempo,  os gêneros textuais não eram pauta para pesquisas mais  aprofundadas no campo da linguística visto que o foco da aprendizagem era voltado à gramática normativa e algumas produções de textos já pré-estabelecidas no âmbito escolar. Só a partir dos anos oitenta em diante, houve um significativo progresso nos estudos voltados à prática da linguagem priorizando, desse modo, a diversidade textual produzida nas diversas manifestações socioculturais.
A  escola ainda representa o espaço ideal para construir conhecimentos gerais ou específicos e  por essa questão muitas alterações no ensino de Língua Portuguesa ocorrem nos currículos escolares com o   intuito  de trabalhar os gêneros textuais da melhor forma possível. 
Sobre esse aspecto destacam-se, entre outros, os estudos dos autores genebrinos:  Joaquim Dolz e Bernard Schneuwly que, preocupados com a aplicação mais adequada desse conteúdo no cotidiano escolar, criaram , em 1996, uma proposta didática de agrupamento de gêneros com progressão curricular, ou seja,  trabalhar  os diversos gêneros  correspondentes aos  tipos textuais ( narrar, relatar, argumentar, expor, descrever) em todas as séries, aumentando a cada ano o grau de complexidade na sua abordagem. Os critérios empregados na elaboração desse material tinham o objetivo de atender, efetivamente,  às funções básicas de ensinar a expressão oral e escrita contemplando a diversidade de gêneros nos diferentes ciclos do Ensino Fundamental , através uma estrutura mais organizada e pertinente para a construção de saberes. Segundo eles,  "trata-se de construir, com os
alunos, em todos os graus de escolaridade, instrumentos, visando ao desenvolvimento das capacidades necessárias para dominar os gêneros agrupados".
Comparando a Proposta Curricular do Estado de São Paulo com a tabela de agrupamento de gêneros proposta por Dolz e Schnewwly, percebe-se que, teoricamente, ambas tem pontos em comum no que se refere à definição, classificação, agrupamento e valorização dos gêneros textuais  que devem constar do currículo escolar.
Entretanto, na prática há divergências no currículo paulista quanto à aplicação dos conteúdos porque nele fica restrito a cada série um determinado conjunto de gêneros pertencentes  a uma mesma tipologia o qual  obedece a  seguinte ordem: narração na 5ª série, relato na 6ª série, descrição/pescrição na 7ª e argumentação na 8ª série, desviando  assim da sugestão dos  genebrinos.
Essa separação e divisão por série do objeto de estudo traz desvantagens ao educando porque  impede que ele desenvolva habilidades e competências em um maior número de gêneros e compreenda melhor o seu papel social. Mesmo no último ano do Ciclo Fundamental II (8ª série) não há espaço nem para uma revisão dos demais gêneros estudados nos anos anteriores. Desse modo, o aluno fica limitado a explorar somente a argumentação durante o ano letivo, como se as demais práticas ligadas à linguagem deixassem de acontecer em seu dia a dia, o que não é verdade. 
Essa “distância” das outras manifestações textuais com as quais o ser humano convive diariamente, contribui  de forma negativa para um possível esquecimento do assunto,  e isso implica despreparo, desconhecimento e, consequentemente, descontextualização da sua própria realidade social.
Como fica, então, o papel escolar que ocupa tantos anos na vida de uma pessoa e não utiliza esse período para prepará-la de forma eficaz quanto  à leitura de mundo e as práticas linguísticas que compõem o seu cenário social ? Um detalhe que deveria ser alterado já que a escola representa, na maioria dos casos, a única possibilidade de inserção nesse heterogêneo universo povoado pelas letras.



Referências bibliográficas:

DOLZ, J.; SCHNEUWLY, B. Gêneros e progressão em expressão oral e escrita - elementos para reflexões sobre uma experiência suíça (francófona). In: ROJO, R. H. R.;  CORDEIRO, G. S. (Orgs./Trads.) Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado de Letras, 2004[1996], p. 41-70.


SECRETARIA DA EDUCAÇÃO, Proposta Curricular do Estado de São Paulo – Língua Portuguesa – Ensino Fundamental – Ciclo II e Ensino Médio. São Paulo: SEE – SP, 2008.

Agrupamento de gêneros (AVA)
Disponível em:
Acesso em 01/04/2012

DOLZ, Joaquim e SCHNEUWLY, Bernard Bernard Schneuwly
Os gêneros escolares -  Das práticas de linguagem aos objetos de ensino
Acesso em 01/04/2012


Diversidade Textual -  Os gêneros na sala de aula

Acesso em 01/04/2012