segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

O melhor Natal é estar com a família


O Natal é para mim
Um momento de união
Junto com toda a família
Em corrente de oração
Que resulta em sintonia
Com  paz, amor e alegria
Nessa comemoração.

Aprendi com os meus pais que o Natal é uma data muito importante, pois é dedicada ao nascimento de Jesus, Aquele enviado por Deus com a missão de semear  o verdadeiro amor  no dia-a-dia das pessoas e fortalecer a fé e a esperança em um mundo embebido pelo desengano. 

Como o acesso ao exacerbado mundo do consumismo era bem reduzido, os presentes recebidos nesta data ampliavam a nossa alegria e expectativa. Não havia extravagância nem prestações a perder de vista;  contentávamos e vibrávamos com os presentes encontrados ao lado dos chinelos. Aquilo já era uma festa aos nossos olhos!

Não foi difícil passar esses valores aos meus filhos, desde pequenos os levava à igreja e, assim,  participaram dos eventos tradicionais: missas, batismo, coroação,  primeira comunhão, etc.  Quanto ao mundo das extravagâncias e gastos, houve um leve progresso em relação ao passado mais distante, visto que agora  as condições financeiras permitiam uma ceia mais incrementada, uma árvore decorada, presentes,  novas roupas e sapatos, mais conforto, algumas prendas  a mais, doces variados dentro da sacolinha de Natal,  enfim...

Danilo e Patrícia, quando crianças,  aguardavam ansiosos pelo dia do Natal e aproveitavam da melhor forma  tudo o que lhes era de direito. Por outro lado,  ficavam intrigados com aquela história de um  homem idoso e gordinho vestido com roupas vermelhas carregando um saco cheio de brinquedos que entrava sorrateiramente nas casas e presenteava as crianças durante o sono delas. Como toda história mal contada, eles queriam tirar isso a limpo e tentaram ficar  de plantão para presenciar a chegada do Papai Noel. Uma vez combinaram de fazer uma armadilha para “pegar” o tal velhinho. Entretanto, um passarinho contou-lhe o plano dos pequenos  e, felizmente, nosso ícone secreto não foi desmascarado.

Durante vários anos nosso Natal foi mais colorido porque contava com a presença de todos os membros da família, sobretudo os avós maternos e os paternos  que hoje, saudosamente,  não se encontram mais ao nosso lado para as conversas jogadas fora, as piadas com direito às gargalhadas sem limites, os cafunés na rede, os ensinamentos através dos exemplos, as super-dicas na cozinha, os duradouros abraços e beijos, as hilárias filmagens, as intermináveis fotos...

As mudanças são inevitáveis e, embora nunca estejamos preparados totalmente, a vida não dá alternativa a não ser acostumar com as ausências e aproveitar as novas chegadas que são muito bem-vindas e que, realmente, dão um novo sentido ao universo construído a partir das emoções.

Novamente chega a esperada data: há muita agitação nas casas, nas ruas, nas lojas por conta do Natal, todos parecem correr contra o tempo;  no entanto o verdadeiro homenageado não precisa de prendas, nem de banquetes, nem de decorações luminosas, Ele quer um abrigo em nosso coração para instalar o seu Amor e celebrar,  em cada um,  o aniversário da existência!


Zizi, 25/12/2016

sábado, 10 de dezembro de 2016

Travessuras atemporais

Importadas da infância para o mundo adulto, as maluquices e/ou travessuras têm comigo uma intrínseca relação de cumplicidade e companheirismo,  comprovados em situações variadas que marcam a esticada linha do tempo,  fracionadas em: infância, adolescência e adulta.

Em uma das extremidades, uma menina vestida como palhaça, improvisa uma encenação e atrai curiosos que se aglomeram na janela e, às gargalhadas, se divertem ao assistir àquela caracterização hilária de imitações, contações de histórias, e outras birutices.  De certa forma, era um tipo de diversão que  dissolvia, por alguns minutos,  o tédio morno  do anoitecer  da pequena e singela vila,  localizada em um ponto quase esquecido de uma certa região bem calorosa...                                                     
Como adolescente, não perdeu o bom humor e o gostar de fazer graça para provocar risos, principalmente nos familiares e amigos. Aquela tímida garota descobrira  um jeito mais leve de lidar com as complicações que surgiam a cada dia,  sem  esvaziar o pote da  insanidade (Em outras palavras,   sou uma louca de bom juízo).

O mundo adulto trouxe-me a maior das missões: a maternidade,  representada por duas figurinhas encantadoras (Danilo e Patrícia) que se tornaram meus brinquedos favoritos.  Lembro-me que, quando criança, um dos meus maiores  sonhos no Natal era ganhar uma boneca que falava e andava, porém naquela época,  as nossas condições financeiras não permitiam tal aquisição. Entretanto, Deus, na sua vasta sabedoria,  atendeu-me anos depois com duas maravilhosas bênçãos que,  além de falar e andar, permitiram-me vivenciar as mais aprazíveis aventuras maternas.

Os quilos a mais na gravidez nunca tiraram o meu ritmo acelerado e boa disposição: andava de bicicleta, subia em muros, corria, contava piadas... continuava a ligeirinha de sempre, embora mais rechonchuda. Quando nasceram os rebentos, encarei a função com bom humor e leves pitadas lúdicas. Meus filhos, em minhas mãos,  pareciam brinquedos:  petecas jogadas para cima;   bonecos  segurados  de cabeça para baixo ou girados como pião; fazia o papel de trator e rolava por cima deles (com os devidos cuidados para não os machucar, claro!); brincava de cavalinho pela casa;  gostava também de equilibrá-los em meu joelho;  apostava corrida e permitia que ganhassem de mim;  carregava-os no pescoço;   outras vezes, fingia que ia embora e me escondia para ver a reação deles. Tudo era válido como entretenimento, até absurdos como gincanas de peidos ou arrotos eu propunha e , nesta virtuosa  categoria, eu era invencível.

Quem conhece o meu lado sério e comprometido com as atribuições,  até duvida de que eu seja capaz de protagonizar cenas dessa natureza, porém, afirmo com propriedade, que tanto o riso quanto o siso compõem a minha essência e, em fragmentos pertinentes atuam, reagindo coerentes às situações. (Não esquecendo de que um dos itens é mais predominante).

Sou brincalhona, arteira, travessa e meio maluca, sim senhor!  E admito que as peraltices dos meus filhos,  já descritas em tantos textos,  não aconteceram por acaso: como bons discípulos, observaram  “meu  comportamento exemplar” e o absorveram, acrescentando-lhe peculiaridades.

Portanto, a travessura é bem-vinda, não escolhe lugar nem hora, simplesmente acontece e torna mais feliz aquele(a) que a pratica sem cerimônia. Não há preço para a sensação de liberdade e o descompromisso com preceitos inúteis. A preocupação com a opinião alheia poda o livre arbítrio e engessa a criatividade. Por mais séria que se leve a vida, é fundamental que se abra espaço para a descontração; isso traz leveza e renova as energias, além de divertir, lógico. Por acaso existe limitação às aptidões inatas? Como autêntica louca de bom juízo,  desconheço e/ou ignoro...


Zizi, 10/12/2016

sábado, 3 de dezembro de 2016

Preciosidades singulares


Lindos. Inteligentes. Espertos. Perfeitos!  Diante de um olhar materno, a descrição dos  filhos não foge muito desse paradigma, visto que cada um deles é singular dotado de características distintas que o torna tão especial e inconfundível. Não há dúvida de que o amor de mãe é intenso, infinito e desprovido de juízos de valor.

Assim, nutrida de propriedade criadora, ela preenche sua tela com os inigualáveis tons da emoção  e,  com traços subjetivos e abstratos, cautelosamente, delineia a prole e expõe ao mundo a primorosa obra, coerente ao compromisso e dedicação que assumiu ao dizer  sim à maternidade.

Por isso, seria injusto categorizar os relatos maternos. Todos eles representam capítulos de uma existência com relevância voltada mais para o prazer do que mera obrigação. Tais enredos orais e escritos espalham-se pelo mundo real e virtual. São depoimentos legítimos, portanto dignos de respeito,  que exemplificam situações diversas vivenciadas pelas mamães com suas respectivas progênies: esses inspiradores e imensuráveis tesouros.

 Basta uma busca pelos contornos da memória e “zap”, lá está mais um fato cujo perfil permite ao expectador possíveis reações que vão dos aplausos às vaias: emocionante: ”Ohhhh!”;  divertida: Lol!!;  intrigante: “Por quê?”;  curiosa: “Como assim?”; assustadora: “Nossa!!”;  duvidosa: “Será?”;  indiferente: “tsc-tsc-tsc”;  satírica: “Bah” ou “Argh”, etc.  

Para  ilustrar, vamos aos exemplos. O que dizer sobre um bebê que segurou a tesoura médica na hora do parto? Parece absurdo, mas é fato. Danilo nasceu de parto normal (portanto eu estava bem lúcida) e quando saiu daquele casulo aquecido que o manteve por nove meses, foi colocado em uma mesinha ao lado enquanto eu também era atendida para os procedimentos convencionais do pós-parto. Olhei, então,  para aquele serzinho inquieto e vi que ele segurava em uma das mãozinhas uma tesoura médica, provavelmente a mesma que fora utilizada para cortar seu cordão umbilical. O medo que ele se ferisse com aquela ferramenta  acionou o meu instinto materno e soltei um grito imediato: “O bebê está com a tesoura na mão!”. Os médicos nem tinham percebido e, rapidamente, retiraram o instrumento do pequenino traquina.

 Naquele momento já deduzi que aquele menininho iria “pintar o sete” na minha tela. Os dias e anos que sucederam, confirmaram minhas meras suposições: movido pela inquietude,  esperteza, inteligência,  curiosidade e travessura, Danilo praticou arte de A à Z,   cujos detalhes estão descritos em mais de cinquenta textos já elaborados para o “Maternaidade” e que o evidencia como único no seu estilo, pois passou pela infância e adolescência deixando todos “de cabelo em pé”  e encarou o mundo adulto com uma postura inversa: sério (até demais!) e altamente comprometido com suas obrigações profissionais e sociais. Ufa!!

Ela, também faz valer ouro a própria existência. Minha Pequena Notável, a Princesa da casa, a Grande Miúda e tantas outras denominações carinhosas atribuídas à Patrícia não são apenas alcunhas oriundas de um coração materno e sim uma forma de gratidão pelo que ela representa em nossa vida.

Em alguns aspectos, Patrícia traçou um caminho oposto ao do irmão. Sua pequena estatura e frágeis proporções físicas disfarçavam a sua coragem e força, escondida nas atitudes e nas palavras. Uma criança  com visão madura da realidade, que já sabia se defender dos parasitas,  utilizando palavras exatas que derrubavam argumentos mal fundamentados. Ficava de olho em tudo e em todos. Alvos do seu sermão: qualquer um! Não escapou nem o irmão, nem o pai, nem o avô (Por motivos justos, lógico!). Preferia conversar e aprender com pessoas idosas, embora tivesse amigos da mesma idade. Em suma, uma adulta no corpo de uma criança.  Pode parecer exagero, mas minha filha NUNCA me deu trabalho em questões de atos inconsequentes  ou  aventuras da idade. Sua característica marcante que me deixou em maus lençóis algumas vezes foi o excesso de franqueza nas palavras proferidas a outrem. Particularidade que se mantém até hoje, embora mais ponderada. Não conheço pessoa mais verdadeira que ela,  ensinou-me, dentre outras coisas, a dizer “NÃO”.

Ele era altamente brincalhão e levado;  ela, séria e madura;  hoje ele se mostra  sério e maduro, totalmente comprometido com as atribuições do mundo adulto;  ela aderiu ao jeito  menina  levada e bem humorada, porém conserva sua maturidade e língua afiada quando a ocasião exige.

Quando achamos que os filhos já povoaram o espaço total do coração e que já vivenciamos todas as emoções possíveis, entra em cena a deliciosa surpresa: os netos. Estes sim completam a obra divina com um colorido diferenciado que somente eles conseguem reproduzir. Antes, como pais: a preocupação em educar e ensinar da melhor maneira; como avós, já “experts” na função,  podem aproveitar melhor o precioso tempo na companhia dessas incríveis bênçãos.

Gabriel, meu neto,  em 2004 veio como uma luz e entrou em minha casa, alterando nossa rotina de forma radical e definitiva. Ele foi capaz de conseguir grandes vitórias, até então, impossíveis para mim. E não precisou pedir, nem implorar NADA. Sua simples presença foi o suficiente. Agradeço a Deus por ele existir e dar sentido aos meus dias. Gabriel, a  dádiva concedida, o companheirinho de todos os momentos e lugares,  o amigo , a alegria, o tudo,  o renascer...

Entretanto, não existe ponto final, as histórias não terminam, dão segmento e nos surpreendem com novos recheios.  Novamente, Deus provou sua grandiosidade e celebrou a esperança com outra vida a caminho:  Johnny.  Um ser abençoado, um milagre que comove  aqueles que conhecem a sua história a qual resumo em poucas palavras: Johnny, com apenas dois meses de gestação, sobreviveu, sem nenhum dano a ele ou a Jackeline (sua mãe), a um grave acidente de carro no qual meu filho sofreu fratura de quatro costelas. A gestação da minha nora caminhou normalmente e no período esperado ele nasceu. É lindo e esperto: possui os traços da mãe e o jeito do pai. Já completou um ano de vida e esbanja graça e beleza nas suas descobertas e nos encanta cada dia mais...

Dessa forma, só me resta concluir que pessoas são singulares, únicas, inconfundíveis. Não dá para compará-las. Todas são preciosas e carregam um diferencial que as tornam muito especiais. Filhos e netos:  que sejam todos bem-vindos:!!  Obrigada, Senhor!!


Zizi, 03/12/2016