sábado, 8 de junho de 2013

A educação no Brasil depois dos anos 60 a té hoje

Reflexão sobre a virada comunicativa ou pragmática dos anos 60 aos 90 

Nas primeiras décadas do século XX, ou melhor, um pouco mais da metade de longo período, o ensino no Brasil teve como base o modelo implantado desde o século XIX, embora tenha ocorrido algumas alterações em determinados períodos. Mas há um ponto em comum em todos eles: a prioridade com a norma culta da linguagem e a preferência pela leitura canônica. O principal fato que acarretou profundas mudanças na estrutura educacional ocorreu a partir dos anos sessenta, pois houve um considerável aumento da clientela escolar. Com o intuito de reduzir (até eliminar) o analfabetismo no Brasil, as escolas abriram as portas para receber alunos, independente da sua origem ou classe social. Essa diversidade étnica e cultural provocou uma inevitável mudança na política educacional, que precisava atender e se adaptar à nova demanda. Essa “Campanha contra o analfabetismo” gerou bons resultados, reduzindo em quase 20% no período de vinte anos. Entretanto, o mesmo sistema que incentivava o ingresso e o tirava da ignorância das letras, o barrava anos depois impedindo sua evolução escolar. A maioria dessas pessoas só concluía o ensino primário, já que havia um processo seletivo (rigoroso) que dificultava e impedia a continuidade dos estudos.
 
As transformações não ocorriam somente nas escolas; o país também vivia momentos paradoxos de extrema euforia e inquietação histórica como: a implantação do regime militar, a industrialização e internacionalização da economia do país e a presença forte dos novos meios de comunicação de massa, destacando a televisão. Tais fatos contribuíram, de certa forma, às mudanças no ensino. As pessoas, agora já alfabetizadas, não podiam ser mais ignoradas no contexto social, estavam em todos os lugares: eles eram os alunos, os operários, os telespectadores, os consumidores, etc. Conciliar o ensino com essa diversidade histórica, social e cultural não correspondeu a uma causa, mas uma consequência no processo educativo. Contudo, essas alterações no sistema educacional não pararam por aí, elas caminham num ritmo gradativo sempre procurando acompanhar a realidade social atendendo às suas necessidades. Nos anos oitenta, especialistas e estudiosos da língua interferem no cristalizado modelo de ensino da Língua Portuguesa, o qual não considerava a produção de texto uma prática social.O gênero textual passa, então, a ser incluído e trabalhado na rotina escolar sem descartar a morfologia, morfossintaxe, a semântica. Os anos noventa são marcados por um diferencial: a globalização e suas decorrências tecnológicas, econômicas, políticas, sociais, culturais, educacionais e lingüísticas (com destaque neste último, à nova modalidade escrita com características próprias que mesclam abreviação e transcrição fonética das palavras, como forma rápida e prática de comunicação na internet, principalmente nas redes sociais). Tudo isso exigiu um novo olhar ou uma adequação, pois o processo de transformação é constante e não pode haver tanta distância entre o momento em que se vive e a aprendizagem /preparo educacional das pessoas. Afinal, para qual mundo estamos preparando os alunos?
 

Nenhum comentário: