domingo, 10 de julho de 2011

Tema: A hora do parto

BEM-VINDA, GRANDE MIÚDA!!
Ela nem imaginara que a sua vinda  já era aguardada há tempos,  antes mesmo da concepção. A ideia do brinco, descartada após a primeira gestação, voltava  a florescer e me rodear. Outro sinal coloria a tela da minha esperança: um macacãozinho rosa que eu ganhara (por engano) de uma pessoa da família quando tive o primeiro filho  (Elucidando: pensavam que eu havia dado luz a um casal de gêmeos e por isso trouxeram dois presentes: um azul e outro rosa) e eu o guardara com carinho.  Eu já tinha, então,  o  primeiro presente  para  a princesa quando  esta  nascesse.
Dessa forma, estava eu em meados  de 1985: na cabeça       um pensamento efervescente com a roupinha na mão e tecendo planos para dali a alguns meses. Pois é, embora o Danilo já estivesse com 1 ano  e me mantendo bem ativa com sua esperteza, graça  e bom desenvolvimento, um belo dia, uma outra sementinha muito esperta,  aproveitou um momento de distração e descontração  e “Zaaapp”, encaixou-se direitinho no útero e fez dali seu ninho por nove meses.
Não nego que fui pega de surpresa:  “Mas...tão já? O outro ainda tão pequenino! E  aqueles quilinhos a mais ainda estavam por aqui...”   Bem...isso são detalhes... Nesse evento , conhecido  puramente  como  nascimento,  não há intrusos e sim convidados. Se  veio é porque fora convocado  e há uma missão a cumprir. Então, mãos  a obra!!  Não demorei  nadica para absorver esse conceito, afinal ,  olha só o leque de possibilidades que surgiriam com essa nova chegada  aqui:  eu, finalmente,  poderia desfilar e exibir  o tão sonhado brinco numa orelha feminina;   teria uma cúmplice para duelar com Marcos e Danilo (“Agora eles  estão fritos, não vão ter chance alguma yessss !!”);   uma parceira para compartilhar  pentes, cremes, batons, roupas,  meias e calçados  (É divertido, hehe!!) ; uma companheirinha  para ler, filosofar, dar e ouvir conselhos, compartilhar os gostos musicais, ajeitar meus cabelos,  dar  palpites na culinária;  sem esquecer (Afff!)  uma ajudante nas tarefas domésticas ( kkk) e tantas outras coisas...
Assim, como da primeira vez, os nove meses seguiram seu ciclo bem tranqüilos e um tanto rápidos. Agora com 22 quilos  a mais, não encontrava uma posição confortável para dormir (Um sufoco!) e ficava imaginando que tamanho seria esse bebê.  Ao amanhecer  do dia 9 de março de 1986, acordei com a sincronia das contrações em  ritmo  acelerado  e  bem potente.  Sem dúvida,  chegara  o momento.
O paizão, igualmente  ansioso,  acompanhou-me até o hospital, por volta das 07:00 horas.  Assinou a internação e voltou para casa, certo de que teria uma  dia de espera (como da outra vez).    Eu que já não era mais  “marinheira de primeira viagem”,   pensava  que o processo iria ser o mesmo de  quando  tive o primeiro filho (Ou  seja: bolsa rompida seguida de corrida ao hospital, horas e horas no soro e nada do “preguiçoso” se manifestar. Foram quase 15 horas de expectativa para o Danilo decidir dar o ar da graça e acabar com a preocupação que nos consumia.)   
Esquece!!   Puro engano!!    Cada momento  desse é único e peculiar.
Mal  dei  entrada no hospital, fui para o quarto de espera. Havia lá outras mães : umas  gemendo, outras chorando...todas no mesmo barco,  só aguardando.  Aquele ambiente coletivo  não era nada encorajador,  pensei  com os meus botões.  Nem tive tempo de me influenciar com aqueles lamentos,  embora  eu também sofresse  do meu jeito, pois  as dores iam e vinham cada vez mais fortes,  mesmo assim  eu as conseguia suportar no silêncio. 
No meu interior, determinada e impaciente (desde já), a pequena decidiu dar  um basta naquele  suspense antes das 08:00 horas, nem esperou o pai chegar em  casa e cortou a frente de todos.  Foi a primeira a vir ao mundo daquele grupo de mães.
 E tem mais, reparem  nesse detalhe:  ela nasceu um dia após a comemoração do Dia Internacional da Mulher. Escolheu,  a dedo,  a data em que faria sua entrada triunfal nesse nosso mundo, marcando presença e sendo o presente ao mesmo tempo. Patrícia, minha pátria, um pedacinho  de mim, tão miúda e tão grandiosa!!
Como descrever uma situação tão mágica?  Esse 1º encontro, cara a cara, entre cria e criador? Um misto de ansiedade e aflição  com sabor de alegria e vitória, e,  sobretudo,  de agradecimento a Deus por permitir  mais uma integrante na família. A reivindicação fora concedida por Ele. Lágrimas já não conseguem segurar:  não caem, despencam e se misturam ao suor que envolve todo o resto do corpo,  já exausto pelo natural processo  que  um nascimento faz.
Nesse momento vem a confirmação de que, realmente, a vida é um milagre,  acontecendo todos os dias dentro cada  estrela humana que habita este mundo.

 (ZIZI,  23/06/2011).

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