sábado, 29 de outubro de 2016

Tantas fraldas!!


Minha  preocupação com fraldas ocupam um espaço um pouco remoto na linha do tempo. A tecnologia, na década de 80,  não era ainda uma aliada das mamães;  não tínhamos o descartável como nosso elemento básico do cotidiano (embora ele já existisse). Seu uso, entretanto,  se limitava às viagens ou passeios longos e, além do mais, o preço não atraía.  As fraldas, em qualquer época, assumem prioridade dentro de uma casa, um item indispensável e mais numeroso do enxoval do bebê, sejam elas descartáveis ou de tecido.

Nas duas vezes em que engravidei,  a tática foi a mesma para organizar as coisinhas dos lindinhos:  fraldas de tecido compradas por quilo em uma loja; depois de cortadas no tamanho ideal, suas barras eram feitas, uma a uma na máquina de costura doméstica. Após estarem prontas,  eram lavadas, dobradas,  passadas e aguardavam ansiosamente,  o momento do uso. Não me lembro de quantas, mas sei que muitas habitaram aquelas gavetas até serem dispensadas. Deu um trabalhão concluir todo esse processo, todavia, uma mãe é conduzida por uma força que não a deixa sucumbir, afinal ela disse SIM à maternidade!

Todos os dias, durantes alguns anos, muitas fraldas para lavar e passar. Aqueles varais esticados nas  dependências do quintal , lotadinhos de paninhos brancos, sacudiam de um lado para o outro com a força do vento como se quisessem  fugir dos cruéis grampos que os mantinham atados ao fio.

Não posso me esquecer de mencionar a fiel aliada da fralda de pano: a calça plástica que era usada por cima e  impedia, parcialmente, que a roupa ou o berço molhasse.  

Um ano se passou e Danilo nas fraldas,  dia e noite. Até então, não tinha cogitado a ideia de libertá-lo daqueles “panos”. No entanto, logo descobri que mais um bebê estava a caminho e isso significaria um aumento em dose dupla das tarefas, sobretudo das fraldas que eu iria lavar diariamente.

Eu tinha que ser rápida e eficiente para alterar aquela situação: comecei a tirar a fralda dele aos poucos. Primeiro,  em algumas horas durante o dia. À noite eu a recolocava e ficava de olho; esperava um tempinho, levantava e o levava, meio adormecido,  duas ou três vezes  ao banheiro para que ele se habituasse a usá-lo o mais breve possível. Essa cena se repetiu vezes e  vezes...

Quando a Patrícia nasceu, ele estava com 1 ano e 10 meses  e eu não tinha conseguido desfraldá-lo ainda. Senti na pele o sabor do trabalho duplicado por alguns meses. Como nada é eterno, chegou o momento em que ele, finalmente,  emancipou-se,  deu um “basta” para as  fraldas e passou a utilizar o “troninho infantil ” ganhado  como prêmio pela conquista. 

A  Patrícia  seguiu, mais ou menos, os passos do irmão com relação ao tempo do desfraldamento (em média 2 anos). Com duas crianças, não era nada fácil sair e carregar a bagagem completa, principalmente os intermináveis “paninhos de bunda”.  E detalhe: não podiam ser lavadas com qualquer sabão em pó, muito menos enxaguados com determinados amaciantes de roupa, pois o risco de provocar uma alergia na pele dos bebês era imenso. Infelizmente, só descobríamos após o uso. Entre acertos e erros, experiências se ganham...

Mas tais conhecimentos nem sempre são válidos para outra pessoa, porque cada ser é dotado de peculiaridades que os diferenciam. Descobri isso quando fui avó pela primeira vez.  Gabriel não precisou embarcar na mesma canoa do pai, nem da tia.  Ele usou e “abusou das fraldas descartáveis”. Parece exagerada tal expressão, entretanto condiz  com a realidade, pois ele dobrou o tempo de uso das fraldas, superando o pai e a tia juntos. Embora fizéssemos mil peripécias, campanhas e “tchau” para  o número 1 e o 2, ele se mantinha impassível e (absurdamente!) exigia que colocássemos a fralda bem na hora de evacuar. Se não colocasse, ele se negava e não tinha acordo. Chegamos ao ponto de deixá-lo dois dias sem fralda, na tentativa de força-lo a largar, mas foi em vão. Só serviu para penalizá-lo. Desisti, então,  dessa exigência falida e resolvi esperar pelo tempo dele,  mesmo que demorasse! Que viesse quando chegasse o momento certo!  Desde que meu neto estivesse bem, que se danem  as convenções!! 

Um belo dia,  enquanto pintávamos a casa conversando animadamente, fomos surpreendidos por uma vozinha, vinda do banheiro que nos convocava para presenciar sua estreia no troninho infantil!  Que  vitória maravilhosa!! Clap clap clap! clap!!


 (Zizi – 05/08/2016)

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