sábado, 29 de outubro de 2016

Chegou a Fada do Dente!


Em meu baú guardo preciosidades: alguns objetos que, em algum momento, passaram pela minha vida e possuem um significado especial, por isso não me desfaço deles. Não pretendo enumerá-los para que não me comparem com pessoas acumuladoras (cuja prática chega a ser doentia), mas posso citar algumas coisinhas: possuo a pulseirinha do hospital que colocaram no bracinho dos meus filhos quando nasceram, tenho o umbigo deles, o modelo do convite do meu chá de cozinha, todos os cartões que ganhei no casamento ainda estão lá guardadinhos; além disso,  há cartas, cartões diversos, pastas com textos, roupinhas dos  meus graúdos quando  eram miúdos e, entre tudo isso, há uma caixinha exclusiva, na qual guardo com muito carinho e cuidado umas perolazinhas com formatos e tamanhos  variados que um dia fizeram parte da primeira arcada dentária dos meus filhos e do neto. Isso mesmo: tornei-me a Fada do Dente:  do Danilo, da Patrícia e do Gabriel.

Isso não foi planejado, surgiu, repentinamente,  de uma ideia-clichê de fazer correntes, pingentes ou brincos utilizando os dentes de leite das crianças. Ou, quem sabe, foi uma estratégia para não se desfazer de algo tão deles! Não quis repetir cenas da minha infância  que consistiam em  jogar o dente no telhado, mencionar algumas palavras  e oferecer a sei lá quem. (Sempre fiquei cismada com isso, achava estranho )

Os dentinhos de leite quando amolecem para cair sempre provocam um drama porque a criança fica receosa por perder algo que lhe pertencia. Não  deixa ninguém colocar a mão e ao mesmo tempo pede ajuda aos pais, avós, tios... enfim,  quem estiver por perto.

Assim foi em casa. A cada dente que caía, tanto do Danilo quanto da Patrícia e, anos depois, do Gabriel,  lá se ia o pai/avô, muitas vezes,  munido   de  um barbante para “laçar” e amarrar na maçaneta e, no impulso do movimento de abrir e fechar da porta,  forçar o dente a sair do “ninho”. A minha parte era trazer rapidamente água com sal para enxaguar a boca deles, evitando, assim, um sangramento ou inflamação.

Entre sugestões dos avós e tios que insistiam que o correto seria jogar os dentes no telhado para que viessem outros mais fortes, estavam a corujice da mãe,  o apoio do pai e a  inevitável ansiedade das crianças. O resultado não poderia ser outro: os dentes migravam da boca para a caixinha e estão lá até hoje aguardando o ourives...

 Zizi, 12/08/2016


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