quarta-feira, 29 de junho de 2016

Ter ou não ter desejos? Eis a questão!

Tema: Desejos de grávida

Estar grávida é abrir seu mundo para um novo ser que nos provocará alterações físicas,  psicológicas e emocionais durante o tempo em que fazemos o papel de casulo daquela frágil vida que se inicia.

Embora a fase ocasione alguns desconfortos como: inchaço, dores nas pernas ou costas, aumento de peso e outros sintomas, nenhuma outro momento nos concede um tratamento tão majestoso como esse. Tornamo-nos, praticamente, o centro das atenções como uma rainha,  visto que todos se colocam à nossa disposição para atender quaisquer pedidos ou prováveis desejos. Não é nada mal ser encarada como prioridade. São tantas as histórias de bebês que nasceram com manchas disso, manchas daquilo porque não tiveram suas vontades saciadas no feto, e, certamente,  ninguém deseja carregar para o resto da vida a responsabilidade pela negligencia de um não à uma grávida.

Toda gravidez gera um poço de expectativas tanto para as mamães como aos demais interessados. Nunca sabemos como será nesse período porque dificilmente acontece da mesma forma.

Eu fui a última filha a se casar e também a engravidar. Meus olhos e coração acompanhavam as experiências das integrantes da família para servir como base. Entretanto, quando chegou a minha vez, só soube que estava grávida devido a ausência  das regras e, posteriormente,  o exame confirmou. Eu nunca me senti tão bem disposta!

Minha rotina era agitada porque eu sou “ligada na bateria”. Gostava de ir para a casa da vizinha pulando o muro, ao invés de dar a volta e entrar pelo  portão; adorava andar de bicicleta e não parei. Ía de um canto para outro as pedaladas enquanto a barriga, progressivamente, ia tomando sua forma devida; quis mudar a cor da casa e fiz isso faltando cerca de duas semanas para o nascimento. Para mim não havia problema algum subir e descer de alturas consideradas perigosas para o pessoal. Lógico que minha mãe e sogra me advertiam muito por esse meu jeito “normal” de ser. De tanto buzinarem em meu ouvido, reduzi os passeios de bicicleta e esqueci, temporariamente o muro, mas não estacionei, lógico, apenas troquei pelas longas caminhadas. Ía e voltava toda semana à casa da minha mãe e irmãs a pé, totalizando um percurso de quatro quilômetros  (não é muito, eu sei.) Tarefas de casa, continuei fazendo todas com a mesma      

intensidade de antes. Como eu afirmei, eu me sentia cheia de coragem, gostava de estar a frente de tudo e na minha vida nunca houve espaço para manhas. Meus pais contavam que quando criança eu não gostava que me carregasse no colo, eu queria ir ao chão para andar ou correr livremente.

O único desconforto, que não é consequência da gravidez e sim do meu ritmo acelerado também para comer,  foi a azia que já me fazia companhia há tempos e até hoje não me abandonou. Sinceramente, eu não acreditava nesses desejos de grávida. Aos meus olhos,  eram dengos dessas mulheres que se aproveitam para comer coisas diferentes e brincam de marionetes com os maridos para se divertirem. Eu nunca senti desejo por algo que fugisse da minha alimentação cotidiana. Lógico que comida dos outros eu sempre gostei (principalmente da minha mãe), bolos, sobremesas, frutas, sucos, comida gostosa são bem-vindos sempre. A nossa gula de cada dia está sempre dizendo “SIM” às delícias gastronômicas,  enquanto o dedo indicador da mão direita balança de um lado para outro: “tsc, tsc. Tsc, tsc”, reprovando aquilo tudo. Eu, indecisa, ora dou crédito a um, ora a outro, e o resultado fica visível: uns quilinhos salientes...

Após acompanhar outras experiências maternas de irmãs e amigas, amadureci o conceito de que desejos são “frescuras”. Não é porque eu não passei por isso que ele não exista. Minha prima quis comer o barro do filtro de água, a outra amiga comeu tijolo, pedaço de pau e tantos outros exageros. Uma história mais bizarra que ouvi foi que uma mulher grávida sentiu desejo de morder o calcanhar de um padre (porque o pé dele era tão branquinho! Deve ter associado a um queijo kkk)

Um novo ser dentro de nós não é apenas um elemento a mais que carregamos. Enquanto o alimentamos e contribuímos com sua formação, outros desenvolvimentos estão concomitantemente em ação e todo o processo acontece em nosso interior. Portanto, são evidentes as alterações como: sensibilidade à flor da pele, sono ou insônia, disposição ou preguiça, fome ou fastio, enjoo, mudanças de humor em nosso psicológico durante esse período. Como prova disso, basta observar que após o nascimento do bebê, progressivamente,  voltamos ao estágio inicial. Nem temos mais tempo de ficar preocupada com detalhes insignificantes: algo maior e mais importante nos aguarda, uma nova missão:  “Mãos à obra, MAMÃE”!!


Zizi, 18/06/2016

Nenhum comentário: