sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Sobras dos dias sem fim (prontas para a inceneração)


Folhas secas sobre a grama,
ventos que sopram à noite, 
Abrasamento do sol,
suor em gotas de açoite.

Fakes news que aterrorizam,
veneno vazam dos frascos,
flerte entre a fé e a política,
lorotas, balbúrdias, fiascos.

Conexão inconstante,
celulares já saturados,
horas e horas on line,
talentos enclausurados.

Lives só para contar presença,
câmera e mic desativados,
vídeos passam despercebidos,
slides ignorados.

Lágrimas escapam dos olhos,
lembranças com sabor saudade, 
Privados amarrotados, 
de áudios, selfies à vontade.

Paciência exaurida,
tolerância fatigada,
alegria aborrecida,
empatia molestada.

Criatividade em baixa
na hora da culinária,
rotina burla o apetite,
pratos com sobras diárias.

Uma pilha de TEMPO insiste
em querer  ser um aliado,
e reciclar o que sobra
do presente e do passado.

Será que sobras existem?
Ou é falha em meu olhar,
que,  embaçado pelo tédio, 
não sabe se reinventar?

Zizi, 02/10/2020


Um comentário:

Maria Sandra disse...

Palavras profundas, externando muitos dos nossos sentimentos em meio a tantas tristeza e indignações nesses tempos tenebrosos.