A exemplo dos
brinquedos, os livrinhos fazem parte do universo infantil e estão espalhados de
norte a sul pelos cantos da casa por onde circulam os pequeninos. Assim, exalam
seu poder encantador em ocasiões distintas: como diversão na hora do banho, calmante
no momento do sono, passatempo em viagens ou passeios, distração nas horas do
choro, brinquedos que personificam os
contextos mais incríveis e fantasiosos... São companheiros e parceiros que além
de divertir as crianças, estimulam o gosto e o prazer pela leitura.
Esse preparo do futuro leitor começa em casa com os pais e se estende na escola. Com o terreno já
adubado pela fantasia e as sementes das letras e imagens lançadas, a ceifa certamente
será farta e o imensurável legado falará por si nos anos seguintes.
Coerente a essa visão, apresentei aos meus filhos, desde
os seus primeiros anos, uma diversidade de leituras. Atentos e curiosos, eles escutavam as
historinhas (ou outros gêneros textuais) que eu lia para eles. Chegavam, às vezes, a memorizá-las. Descobri
isso um dia quando fiz uma pequena pausa durante a leitura de um álbum de
figurinhas e o Danilo a completou corretamente. Fiquei surpresa e repeti a cena em outra
página; descobri, então, que ele sabia
de cor todos os comentários escritos de cada imagem colada naquele álbum. Dois
aninhos de idade era ser pouco para o domínio das letras, mas não para a
leitura de mundo daquele curioso menininho.
Uma vez, na editora Ática, a Patrícia encantou-se de tal
forma com um livro-brinquedo denominado “Casinha da Ninoca”, que não me deu outra alternativa a não ser
comprá-lo, embora tal despesa fugisse (e muito) do orçamento permitido para
aquele momento. Entretanto, foi compensador ver a felicidade que essa aquisição
lhe trouxe, e observar que até hoje ela o mantém entre os pertences que mais ama.
(Patrícia, hoje adulta, é uma leitora
assídua e além disso, sabe transmitir
suas ideias em verso e prosa de forma maravilhosa).
Gibis, livrinhos ilustrados, com formatos de brinquedos,
interativos, álbuns de figurinhas... Novidades sempre surgiam e eu procurava
adquiri-las para presentear os meus pequenos e, assim, dar a eles a
oportunidade de vivenciar experiências inesquecíveis que a leitura permite.
Da mesma forma eu agi com os netos. Gabriel iniciou sua carreira como leitor logo que
nasceu, contando com a participação efetiva de leituras com: o papai, a mamãe, o
vovô, a titia e esta vovó coruja. Ele possui um arsenal de livros infantis,
gibis, enciclopédias, etc. Além das histórias tradicionais, saciamos sua sede e
curiosidade com livros sobre mitologia, meio ambiente e animais(sobretudo
dinossauros). Possui tantos livros que não cabem na sua estante. Sempre que
íamos ao supermercado, queria um gibi. Por isso, ganhou uma assinatura por dois anos de gibis da Turma da Mônica
(infantil e adolescente) que ele ama e não se desfaz.
Gabriel, na escolinha, levava em sua mochila vários livrinhos
infantis e os lia para as crianças
menores. Dessa forma, ele as deixava mais tranquilas. Elas se sentavam em torno
dele e o ouviam atentamente. As professoras ficavam maravilhadas com a atitude
sábia desse anjo em forma de menino.
Outro dia, em casa, Gabriel estava no sofá folheando
alguns dos seus livros. Eu tinha chegado do trabalho e estava muito cansada.
Sentei perto dele, deitei a cabeça em seu colo e ele, vendo minha indisposição,
disse que iria ler uma historinha para mim. Nem deu tempo terminar o texto
escolhido. Eu adormeci profundamente, embalada por aquela leitura proferida com
tanta doçura e carinho. Dessa vez, houve
uma inversão dos papéis: foi ele que me colocou para dormir. Minha filha não
perdeu tempo e registrou essa cena singular como prova do poder mágico da
literatura.
O
outro netinho, o Johnny, completou seu primeiro ano de vida, mas desde os
primeiros meses demonstrou que é um
leitor convicto. Os livrinhos atraem sua atenção, sejam eles ilustrados,
sonoros, escritos, interativos, de tecido, plástico ou de papel. Ele o
segura com determinação, corre os olhinhos em toda a sua dimensão e faz a
leitura em seu dialeto particular. É encantador! Quantas histórias aguardam
ansiosas para serem, futuramente,
degustadas por ele!
Enfim, a ficção é um ingrediente fundamental para a
realidade construída no decorrer dos dias e anos. As leituras marcantes que
compõem esses momentos criam enredos deliciosos e inesquecíveis registrados nas
lembranças, nas imagens e nos escritos que aqui estão.
Zizi,
29/10/2016