O tempo transforma
experiências em sabedoria. Sempre me encantei com o conhecimento das pessoas
mais velhas. Adoro aprender com elas! Como falam com propriedade dos assuntos!
E o mais fascinante: tudo flui com uma simplicidade que desmascara o enigmático
e a temida complexidade dos fatos cotidianos divulgados por aqueles que ainda
não chegaram a esse nível de aperfeiçoamento humano.
Na adolescência, ficava
imaginando como eu seria num futuro como mãe e mais tarde como avó. Estaria
preparada? Pura bobagem! Não existe um momento específico para tal preparo.
Somos aquilo que praticamos todos os dias, somos o que pensamos, o que
desejamos, o que falamos, o que fazemos e, sobretudo, o que aprendemos com
nossos mestres: os pais. Uma soma de itens variados que traz um resultado “x” e
faz de nós únicos.
Reconheço que as
maiores e melhores emoções são vividas nos momentos que não foram planejados
passo a passo... Simplesmente as coisas acontecem, vinculadas, muitas vezes, ao
elemento surpresa, como: dormi mãe e acordei avó! E agora? Como evitar a
expressão interrogativa e o olhar preocupado por estar diante de um novo quadro,
novíssimo, desconhecido até então por mim?
Mas o coração está
no controle: não custa nada uma recepçãozinha com um tapete vermelho estendido
para acolher a nova vida que já está a caminho e recebê-lo de braços abertos
com uma sequência infinita de abraços,
beijos, afagos... Afinal vale muito a pena essa nova chegada!!
Minha mente retoma
a figura da minha avó Maria: uma senhora tão dócil, tão meiga que conhecia a
palavra AMOR em toda a sua dimensão e o distribuía, cuidadosamente, entre os netos sem economizar carinho,
atenção, acalanto nos momentos em que os
recebiam em sua casa.
Trazendo um passado
mais recente, esbarro em outra figura feminina a qual eu me espelho todos os
dias porque ela representa o meu modelo ideal e perfeito de mulher-mãe-avó. Ela
me ensinou tudo o que sei ou faço em nome dos meus netos. Minha mãe nos
presenteava sempre com um sorriso doce recheado de carinho, com sabor infinito de
satisfação por estar rodeada de netos. Ela sim era o nosso maior e melhor presente e nem
desconfiava! Aquele colo abrigava todos os netos que depois dos cafunés, corriam
para a cozinha porque sabiam que haveria bolinhos de chuva no lanche da tarde seguidos
de outras iguarias. Nunca soube dizer não aos pedidos dos pequenos. Acompanhou
o crescimento deles para vibrar junto nas vitórias e orientá-los quando
precisassem. Sua maior felicidade: vê-los, abraçá-los, agradá-los e,
depois, ficar ao lado contemplando
aquelas figurinhas que lhe passavam o pente nos cabelos e questionavam os novos
fios brancos que surgiam a cada dia...
Do lado paterno,
meus filhos foram igualmente privilegiados e com um diferencial a mais: eram os
únicos netos e não precisavam dividir a atenção com os demais primos. Evitar
que ficassem mimados? Missão impossível! Deve-se aproveitar, da melhor maneira,
a companhia dos avós enquanto os têm.
Esse contato é essencial e não tem preço!
Com esses exemplos que tive, tão ricos em amor, carinho,
dedicação, paciência, gentileza...etc., impossível assumir uma postura diferente
diante dos pequenos frutos que coloriram e perfumaram a minha casa desde 2004.
Gabrielzinho trouxe luz
E mudou todo o cenário
Preparou novo contexto
E não ficou solitário:
Um milagre aconteceu
O Johnny logo nasceu
Lindo, forte, necessário.
São infinitas as mudanças que ocorreram em minha vida depois que
me tornei avó. Fortaleci-me, renasci,
encontrei novos motivos para sorrir e voltar a me sentir feliz, percebi que Deus permite uma compensação para
as perdas e a força provém dos filhos e netos: esses adoráveis agentes do
milagre da vida.
O que é ser avó, afinal? É ser duplamente mãe coberta com mel,
regada com paciência, pintada com as
cores harmoniosas da emoção; é ter o coração elástico que não se importa
em ser ampliado e povoado por essas bênçãos que carregam um pedacinho de nós.
Zizi, 19/08/2016
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