sábado, 29 de outubro de 2016

As avós, essas mães com mel...


O tempo transforma experiências em sabedoria. Sempre me encantei com o conhecimento das pessoas mais velhas. Adoro aprender com elas! Como falam com propriedade dos assuntos! E o mais fascinante: tudo flui com uma simplicidade que desmascara o enigmático e a temida complexidade dos fatos cotidianos divulgados por aqueles que ainda não chegaram a esse nível de aperfeiçoamento humano.

Na adolescência, ficava imaginando como eu seria num futuro como mãe e mais tarde como avó. Estaria preparada? Pura bobagem! Não existe um momento específico para tal preparo. Somos aquilo que praticamos todos os dias, somos o que pensamos, o que desejamos, o que falamos, o que fazemos e, sobretudo, o que aprendemos com nossos mestres: os pais. Uma soma de itens variados que traz um resultado “x” e faz de nós únicos.

Reconheço que as maiores e melhores emoções são vividas nos momentos que não foram planejados passo a passo... Simplesmente as coisas acontecem, vinculadas, muitas vezes, ao elemento surpresa, como: dormi mãe e acordei avó! E agora? Como evitar a expressão interrogativa e o olhar preocupado por estar diante de um novo quadro, novíssimo, desconhecido até então por mim?

Mas o coração está no controle: não custa nada uma recepçãozinha com um tapete vermelho estendido para acolher a nova vida que já está a caminho e recebê-lo de braços abertos com uma  sequência infinita de abraços, beijos, afagos... Afinal vale muito a pena essa nova chegada!!

Minha mente retoma a figura da minha avó Maria: uma senhora tão dócil, tão meiga que conhecia a palavra AMOR em toda a sua dimensão e o distribuía, cuidadosamente,  entre os netos sem economizar carinho, atenção,  acalanto nos momentos em que os recebiam em sua casa.  

Trazendo um passado mais recente, esbarro em outra figura feminina a qual eu me espelho todos os dias porque ela representa o meu modelo ideal e perfeito de mulher-mãe-avó. Ela me ensinou tudo o que sei ou faço em nome dos meus netos. Minha mãe nos presenteava sempre com um sorriso doce recheado de carinho, com sabor infinito de satisfação por estar rodeada de netos.  Ela sim era o nosso maior e melhor presente e nem desconfiava! Aquele colo abrigava todos os netos que depois dos cafunés, corriam para a cozinha porque sabiam que haveria bolinhos de chuva no lanche da tarde seguidos de outras iguarias. Nunca soube dizer não aos pedidos dos pequenos. Acompanhou o crescimento deles para vibrar junto nas vitórias e orientá-los quando precisassem. Sua maior felicidade: vê-los, abraçá-los, agradá-los e, depois,  ficar ao lado contemplando aquelas figurinhas que lhe passavam o pente nos cabelos e questionavam os novos fios brancos que surgiam a cada dia...

Do lado paterno, meus filhos foram igualmente privilegiados e com um diferencial a mais: eram os únicos netos e não precisavam dividir a atenção com os demais primos. Evitar que ficassem mimados? Missão impossível! Deve-se aproveitar, da melhor maneira, a companhia dos avós enquanto os têm.  Esse contato é essencial e não tem preço!

Com esses exemplos que tive, tão ricos em amor, carinho, dedicação, paciência, gentileza...etc.,  impossível assumir uma postura diferente diante dos pequenos frutos que coloriram e perfumaram a minha casa desde 2004.
Gabrielzinho trouxe luz
E mudou todo o cenário
Preparou novo contexto
E não ficou solitário:
Um milagre aconteceu
O Johnny  logo nasceu
Lindo, forte, necessário.

São infinitas as mudanças que ocorreram em minha vida depois que me tornei avó. Fortaleci-me,  renasci, encontrei novos motivos para sorrir e voltar a me sentir feliz,  percebi que Deus permite uma compensação para as perdas e a força provém dos filhos e netos: esses adoráveis agentes do milagre da vida.

O que é ser avó, afinal? É ser duplamente mãe coberta com mel, regada com paciência, pintada com as  cores harmoniosas da emoção; é ter o coração elástico que não se importa em ser ampliado e povoado por essas bênçãos que carregam um pedacinho de nós.


Zizi, 19/08/2016

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