sábado, 29 de outubro de 2016

Ídolos e heróis legítimos

O contato com o mundo da fantasia começa bem cedo quando os pequenos são colocados diante de uma colorida e animada telinha e assistem às mais diversas  histórias movidas por seus múltiplos personagens. Os poderes que cada um deles possui,  revelam-se nos momentos das batalhas, dos desafios, dos salvamentos. Os olhinhos atentos acompanham as cenas e torcem para que a vitória esteja do lado daquele que demonstrou possuir habilidades especiais que sobressaem aos demais.

Embora os episódios sejam inéditos, os enredos se repetem porque, na verdade,  não existe uma intenção de desmitificar ou de destruir a figura de um herói. Esses personagens com sua eterna busca da superação, além de alimentar e  de motivar a imaginação das pessoas, vão além do entretenimento: o fascínio pela atuação dos super heróis contribuem para a  formação da personalidade da criança; ajudam na compreensão do mundo, apresentam  valores morais estabelecendo a distinção entre o bem e o mal, estimulam o senso crítico, ensinam responsabilidades, mostram as prováveis consequências para atitudes inadequadas e, quem sabe,  podem até revelar as iminentes façanhas dos nossos super-filhos-heróis.

Enquanto eles se espelham nos atos heroicos do mundo ficcional, traçam enredos reais em nosso cotidiano, revelando suas capacidades criativas e físicas diante de outra tela denominada olhos maternos: a minha princesa, por exemplo, não é a Mulher Maravilha, mas possui coragem de sobra para enfrentar desafios, é poderosa com as palavras no sentido da exatidão e da persuasão, discernimento e inteligência guiam suas decisões,  e um ingrediente extra a torna ainda mais especial:  uma  sensibilidade aguçada conhecida como sexto sentido completa seu perfil heroico.  

 Meu príncipe também não é o Homem-aranha, mas sobe em paredes, muros, árvores e telhados rapidinho; não é o Batman, mas cria estratégias perfeitas para driblar os adversários; não é o Super-homem, mas já voou de cima do guarda-roupa para a cama; não é o Hulk, mas aos 7 anos conseguiu quebrar uma cama de madeira maciça; não é o Flash, mas soube ser ligeiro quando  perseguido pelo trote escolar; não é o Capitão América, mas haja reflexo(ou sorte) para escapar dos tombos do fogão e sair debaixo sem um arranhão ou fraturas; não é o Thor, mas sua mãozinha pesada era como um martelo que  reduzia a cacos alguns vidros e o box de banheiro, além dos brinquedos, móveis, louças; não é o Homem Invisível, mas conseguia escapar aos olhos da mãe, pai, avós e tia em lugares públicos, não é o He-man, mas sua infinita força se expressa na coragem,  determinação e compromisso com os objetivos,  além da dedicação e do amor incondicional pelas pessoas que compõem o seu coração. 

Filhos, nossos legítimos ídolos e/ou heróis.  Por eles qualquer sacrifício é aceito, sem hesitação, como um desafio pertinente.  Por eles valem as noites sem dormir, as olheiras, as dores passadas, o cansaço, as lágrimas, a correria, os nervosismos, as preocupações,  porque sabemos que eles são, literalmente, o motivo da nossa alegria, o ingrediente que dá sentido ao amanhecer, o brilho do nosso olhar, o pretexto para o sorriso, nossos melhores troféus, as maiores vitórias, a  incrível continuação do nosso ser...


Zizi, 17/09/2016

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