Análise da textualidade da reportagem “Por
que não vivemos para sempre?”.
O objetivo deste texto consiste na
observação, compreensão e análise
dos recursos multissemióticos
utilizados na reportagem “Por que não vivemos para sempre?”, escrito pelo professor e diretor do Institute for Ageing and Healthcare da
Newcastle University da Inglaterra Thomas Kirkwood, divulgada
pela Revista Scientific American Brasil.
Primeiramente, convém observar que se trata
de uma reportagem de caráter científico publicada em uma revista impressa e
adaptada para a visualização nas páginas de um site e por isso apresenta
características próprias que a diferencia de outras publicações de abordagens
meramente digitais, tais como: a diagramação do texto; a interação entre o
escrito e o leitor; imagens e legendas referentes
à reportagem; títulos, subtítulos, informações referentes ao autor; o mudar de páginas, o tamanho e a divisão dos
parágrafos, assim como seu enquadramento nos espaços determinados, dentre
outras.
O texto “Por que não vivemos para sempre?”, possui uma extensão média de nove
páginas facilmente manuseadas que conservam, nas partes superiores de cada uma
delas, as informações de título, subtítulo (ambos em negrito), autor, edição,
data e uma mini-biografia do autor que
repete em cada final da página. Além disso, o texto internamente é subdividido
em cinco partes de tamanhos
irregulares com os seguintes subtítulos
escritos totalmente em letras maiúsculas no início de cada um desses trechos:
“Se você pudesse planejar”; “Por que envelhecemos assim”;
“Evolução por adaptação”; “Sobre ratos e homens” e, por último, “Sem
respostas simples”.
A abordagem do tema, embora escrito em
linguagem culta, possui um vocabulário científico voltado para um público específico cujo
interesse é a absorção total do conteúdo a partir de conhecimentos técnicos e pontos de vista
oriundos de um especialista.
A exposição sobre a vida e a morte do ser humano não se baseia somente
nos relatos de pesquisas ligadas à Ciência; em alguns trechos o autor retoma fatos históricos relacionados à
expectativa de vida em épocas passadas e menciona também um episódio ocorrido
com ele e a filha, como suporte às
suas exposições e argumentações.
O autor, minuciosamente, descreve
o procedimento das células do nosso corpo quando este se encontra no
processo gradativo de final de vida para mostrar como funciona o nosso
organismo, independente da nossa vontade.
Desde a introdução do texto, há
indícios de ponto de vista do autor sobre a questão tematizada, pois o mesmo
inicia com uma pergunta reflexiva que ele mesmo responde em seguida, citando
possíveis opções de como planejar o momento da própria morte, e dessa forma
subjetiva, conduz o leitor ao tema que será desenvolvido a seguir.
Geralmente as questões sobre mortalidade e imortalidade debatidas
pelas pessoas através ou não dos meios
de comunicação, possuem caráter religioso e por isso causam polêmica dando
abertura para discussões e debates infinitos sem respostas objetivas. Com o
olhar científico, Thomas Kirkwood discorre o assunto elucidando até que ponto somos
mortais ou imortais. Do ponto de vista da mortalidade, as células do nosso
corpo obedecem ao processo cíclico de
origem, desenvolvimento e morte. Entretanto, podemos considerar também que
existe a imortalidade desde que a semente seja germinada através dos filhos,
pois estes darão seguimento à continuação da espécie.
No decorrer da leitura intercalam-se informações objetivas e opiniões
formando, assim, um todo para produzir o sentido desejado de quem escreveu.
Por exemplo, ele faz uma analogia entre nossos ancestrais e os atuais
cientistas a respeito do tempo de vida de ontem e de hoje. Ficamos sabendo
das dificuldades que as pessoas tinham naquela época em ultrapassar os 25
anos de idade, devido a vários fatores como: doenças, ferimentos, falta de
recursos e outros mais. Para obter tal
informação sobre tempos tão remotos, certamente, o autor pesquisou o assunto
e o uniu às pesquisas recentes que são do seu conhecimento profissional.
Houve, portanto intertextualidade já que o tema foi abordado também em outros
momentos por outras pessoas e retomado por ele. Outros recursos com imagens
acrescentados na reportagem trazem novamente esse “diálogo” com o assunto
discutido: são figuras que ilustram e ao mesmo tempo comprovam os argumentos
do autor.
Um texto dessa natureza exposto num ambiente virtual conta com mais recursos
visuais e torna a leitura mais acessível às demais pessoas. O mesmo não
aconteceria se estivesse limitada somente à impressão e dependesse do
consumidor. Não há como negar a importância da tecnologia nas comunicações
humanas. Enquanto não encontramos respostas para questões como a morte,
continuaremos a investir na vida
através de perguntas, pesquisas e descobertas, incansavelmente.
KIRKWOOD, Thomas. Por que não vivemos para sempre?. Scientific American
Brasil. Edição 101 -
Outubro 2010
MAIA, Maria Christina de Motta. Intertextualidade. Disponível em
http://acd.ufrj.br/~pead/tema02/intertextualidade2.htm. Acesso em 20/12/2012
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