As palavras tornam-se inquietas quando sentem necessidade de expressar-se e estão atadas na ponta de um lápis, esquecidas numa folha em branco ou enclausuradas na garganta. São frutos significativos colhidos do Eu em momentos distintos.
quarta-feira, 28 de outubro de 2020
Vagalume é poesia!
sábado, 17 de outubro de 2020
TINTAS DE UMA PENA
I
Um grito atravessou séculos
e aqui veio se abrigar;
Procurou uma porta-voz
para se manifestar:
Na tinta da sua pena,
relatar cena por cena
e a sua história contar.
II
Escolheu a dedo alguém
criativa e talentosa,
escritora singular,
tanto em versos como em prosa,
que defende os ideais
dos valores sociais
de forma nobre e honrosa.
III
Essa freira missionária
provou que sua missão
vai além dessas paredes
que enclausuram o coração.
Voou além das fronteiras,
desafiou mil barreiras
que limitavam seu chão.
IV
Aperfeiçoou seus dons,
ampliou sua cultura,
buscando uma formação
compatível à sua bravura.
Formou-se em Pedagogia,
Línguas, Sociologia,
e também literatura.
V
Nos contatos pelo mundo
conheceu celebridades
que marcaram a história
com suas habilidades:
exímios educadores
premiados escritores,
e outras diversidades.
VI
Assim como Paulo Freire
dedicou-se à educação
ensinando que o estudo
promove a transformação;
nossa notável Valéria
trabalhou de forma séria
com a alfabetização.
VII
Tanta vivência dinâmica
somou-lhe experiências,
ampliou sua visão,
apurou sua essência,
permitindo mais conquistas
para as causas feministas,
aliou-se às resistências.
VIII
As palavras fomentavam
na tela dessa escrivã,
livros foram publicados,
tornou-se uma campeã.
Enfim, foi reconhecida,
prêmios, obras traduzidas,
grupos de leitura, fãs.
IX
Enfim, Maria Valéria
é uma escolha perfeita
para dar voz a mulher
que há séculos se sujeita
aos caprichos do machismo
com abusos e sadismo
dos quais ele se aproveita.
X
Em “Carta à rainha louca”
o silêncio é revelado:
o enclausuramento delas
com o aval patriarcado:
Negando-lhes os direitos,
desrespeitando os conceitos,
condenando ao triste fardo.
XI
A obra faz um paralelo
entre épocas distintas
expondo suas mazelas
que ainda não foram extintas.
Cabe a nós desconstruir,
tirar o limbo, emergir,
mudar a cor dessas tintas.
Zizi, 17/10/2020
quinta-feira, 15 de outubro de 2020
Acróstico para os professores
Com carinho, um acróstico aos professores:
P oucas profissões
R epresentam tão bem
O compromisso com outrem:
F ertiliza os caminhos,
E spanta as ervas daninhas,
S emeia a curiosidade e colhe
S ignificativos frutos
O btidos no processo da
R ecriação do amanhã.
(Zizi, 15/10 /2020)
sexta-feira, 2 de outubro de 2020
Sobras dos dias sem fim (prontas para a inceneração)
ventos que sopram à noite,
Abrasamento do sol,
suor em gotas de açoite.
Fakes news que aterrorizam,
veneno vazam dos frascos,
flerte entre a fé e a política,
lorotas, balbúrdias, fiascos.
Conexão inconstante,
celulares já saturados,
horas e horas on line,
talentos enclausurados.
Lives só para contar presença,
câmera e mic desativados,
vídeos passam despercebidos,
slides ignorados.
Lágrimas escapam dos olhos,
lembranças com sabor saudade,
Privados amarrotados,
de áudios, selfies à vontade.
Paciência exaurida,
tolerância fatigada,
alegria aborrecida,
empatia molestada.
Criatividade em baixa
na hora da culinária,
rotina burla o apetite,
pratos com sobras diárias.
Uma pilha de TEMPO insiste
em querer ser um aliado,
e reciclar o que sobra
do presente e do passado.
Será que sobras existem?
Ou é falha em meu olhar,
que, embaçado pelo tédio,
não sabe se reinventar?
Zizi, 02/10/2020