sábado, 17 de outubro de 2020

TINTAS DE UMA PENA


I

Um grito atravessou séculos

e aqui veio se abrigar;

Procurou uma porta-voz

para se manifestar:

Na tinta da sua pena,

relatar cena por cena

e a sua história contar


II

Escolheu a dedo alguém

criativa e talentosa,

escritora singular,

tanto em  versos como em  prosa,

que defende  os ideais

dos valores sociais

de forma nobre e  honrosa.


III

Essa freira missionária

provou  que sua missão

vai além dessas paredes

que enclausuram o coração.

Voou além das fronteiras,

desafiou mil  barreiras

que limitavam seu chão.


IV

Aperfeiçoou seus dons,

ampliou sua cultura,

buscando uma  formação

compatível à sua bravura.

Formou-se em Pedagogia,

Línguas, Sociologia, 

e também literatura.


V

Nos contatos  pelo mundo

conheceu celebridades

que marcaram a história

com suas habilidades:

exímios educadores 

premiados  escritores,

e outras diversidades.


VI

Assim como Paulo Freire

dedicou-se à educação

ensinando que o estudo

promove a transformação;

nossa notável  Valéria

trabalhou de forma séria

com a alfabetização.


VII

Tanta  vivência dinâmica

somou-lhe experiências,

ampliou sua visão,

apurou sua essência,

permitindo mais conquistas

para as causas feministas,

aliou-se às resistências.


VIII

As palavras fomentavam

na tela dessa escrivã,

livros foram publicados,

tornou-se uma campeã.

Enfim, foi reconhecida,

prêmios, obras traduzidas,

grupos de leitura, fãs.


IX

Enfim, Maria Valéria 

é uma escolha perfeita

para dar voz a mulher

que há séculos se sujeita

aos caprichos do machismo

com abusos e sadismo

dos quais ele se aproveita.


X

Em “Carta à rainha louca”

o silêncio é revelado:

o enclausuramento delas

com o aval patriarcado:

Negando-lhes os direitos,

desrespeitando os conceitos,

condenando ao triste fardo.


XI

A obra faz um paralelo

entre épocas distintas

expondo suas mazelas

que ainda não foram extintas.

Cabe a nós desconstruir,

tirar o  limbo, emergir,

mudar a cor dessas tintas.


Zizi, 17/10/2020

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