I
Um grito atravessou séculos
e aqui veio se abrigar;
Procurou uma porta-voz
para se manifestar:
Na tinta da sua pena,
relatar cena por cena
e a sua história contar.
II
Escolheu a dedo alguém
criativa e talentosa,
escritora singular,
tanto em versos como em prosa,
que defende os ideais
dos valores sociais
de forma nobre e honrosa.
III
Essa freira missionária
provou que sua missão
vai além dessas paredes
que enclausuram o coração.
Voou além das fronteiras,
desafiou mil barreiras
que limitavam seu chão.
IV
Aperfeiçoou seus dons,
ampliou sua cultura,
buscando uma formação
compatível à sua bravura.
Formou-se em Pedagogia,
Línguas, Sociologia,
e também literatura.
V
Nos contatos pelo mundo
conheceu celebridades
que marcaram a história
com suas habilidades:
exímios educadores
premiados escritores,
e outras diversidades.
VI
Assim como Paulo Freire
dedicou-se à educação
ensinando que o estudo
promove a transformação;
nossa notável Valéria
trabalhou de forma séria
com a alfabetização.
VII
Tanta vivência dinâmica
somou-lhe experiências,
ampliou sua visão,
apurou sua essência,
permitindo mais conquistas
para as causas feministas,
aliou-se às resistências.
VIII
As palavras fomentavam
na tela dessa escrivã,
livros foram publicados,
tornou-se uma campeã.
Enfim, foi reconhecida,
prêmios, obras traduzidas,
grupos de leitura, fãs.
IX
Enfim, Maria Valéria
é uma escolha perfeita
para dar voz a mulher
que há séculos se sujeita
aos caprichos do machismo
com abusos e sadismo
dos quais ele se aproveita.
X
Em “Carta à rainha louca”
o silêncio é revelado:
o enclausuramento delas
com o aval patriarcado:
Negando-lhes os direitos,
desrespeitando os conceitos,
condenando ao triste fardo.
XI
A obra faz um paralelo
entre épocas distintas
expondo suas mazelas
que ainda não foram extintas.
Cabe a nós desconstruir,
tirar o limbo, emergir,
mudar a cor dessas tintas.
Zizi, 17/10/2020
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