Importadas da infância para o mundo
adulto, as maluquices e/ou travessuras têm comigo uma intrínseca relação de
cumplicidade e companheirismo, comprovados em situações variadas que marcam a
esticada linha do tempo, fracionadas em:
infância, adolescência e adulta.
Em uma das extremidades, uma menina vestida
como palhaça, improvisa uma encenação e atrai curiosos que se aglomeram na
janela e, às gargalhadas, se divertem ao assistir àquela caracterização hilária
de imitações, contações de histórias, e outras birutices. De certa forma, era um tipo de diversão que dissolvia, por alguns minutos, o tédio morno do anoitecer da pequena e singela vila, localizada em um ponto quase esquecido de uma certa
região bem calorosa...
Como adolescente, não perdeu o bom
humor e o gostar de fazer graça para provocar risos, principalmente nos
familiares e amigos. Aquela tímida garota descobrira um jeito mais leve de lidar com as complicações
que surgiam a cada dia, sem esvaziar o pote da insanidade (Em outras palavras, sou uma
louca de bom juízo).
O mundo adulto trouxe-me a maior das
missões: a maternidade, representada por
duas figurinhas encantadoras (Danilo e Patrícia) que se tornaram meus
brinquedos favoritos. Lembro-me que,
quando criança, um dos meus maiores sonhos no Natal era ganhar uma boneca que
falava e andava, porém naquela época, as
nossas condições financeiras não permitiam tal aquisição. Entretanto, Deus, na
sua vasta sabedoria, atendeu-me anos
depois com duas maravilhosas bênçãos que, além de falar e andar, permitiram-me vivenciar
as mais aprazíveis aventuras maternas.
Os quilos a mais na gravidez nunca
tiraram o meu ritmo acelerado e boa disposição: andava de bicicleta, subia em
muros, corria, contava piadas... continuava a ligeirinha de sempre, embora mais
rechonchuda. Quando nasceram os rebentos, encarei a função com bom humor e
leves pitadas lúdicas. Meus filhos, em minhas mãos, pareciam brinquedos: petecas jogadas para cima; bonecos
segurados de cabeça para baixo ou
girados como pião; fazia o papel de trator e rolava por cima deles (com os
devidos cuidados para não os machucar, claro!); brincava de cavalinho pela
casa; gostava também de equilibrá-los em
meu joelho; apostava corrida e permitia
que ganhassem de mim; carregava-os no
pescoço; outras vezes, fingia que ia embora e me escondia
para ver a reação deles. Tudo era válido como entretenimento, até absurdos como
gincanas de peidos ou arrotos eu propunha e , nesta virtuosa categoria, eu era invencível.
Quem conhece o meu lado sério e
comprometido com as atribuições, até
duvida de que eu seja capaz de protagonizar cenas dessa natureza, porém, afirmo
com propriedade, que tanto o riso quanto o siso compõem a minha essência e, em
fragmentos pertinentes atuam, reagindo coerentes às situações. (Não esquecendo
de que um dos itens é mais predominante).
Sou brincalhona, arteira, travessa e
meio maluca, sim senhor! E admito que as
peraltices dos meus filhos, já descritas
em tantos textos, não aconteceram por
acaso: como bons discípulos, observaram “meu
comportamento exemplar” e o absorveram, acrescentando-lhe
peculiaridades.
Portanto,
a travessura é bem-vinda, não escolhe lugar nem hora, simplesmente acontece e torna
mais feliz aquele(a) que a pratica sem cerimônia. Não há preço para a sensação
de liberdade e o descompromisso com preceitos inúteis. A preocupação com a
opinião alheia poda o livre arbítrio e engessa a criatividade. Por mais séria
que se leve a vida, é fundamental que se abra espaço para a descontração; isso
traz leveza e renova as energias, além de divertir, lógico. Por acaso existe
limitação às aptidões inatas? Como autêntica louca de bom juízo, desconheço e/ou ignoro...
Zizi, 10/12/2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário