Lindos. Inteligentes. Espertos.
Perfeitos! Diante de um olhar materno, a
descrição dos filhos não foge muito
desse paradigma, visto que cada um deles é singular dotado de características distintas
que o torna tão especial e inconfundível. Não há dúvida de que o amor de mãe é
intenso, infinito e desprovido de juízos de valor.
Assim, nutrida de propriedade
criadora, ela preenche sua tela com os inigualáveis tons da emoção e, com
traços subjetivos e abstratos, cautelosamente, delineia a prole e expõe ao
mundo a primorosa obra, coerente ao compromisso e dedicação que assumiu ao
dizer sim à maternidade.
Por isso, seria injusto categorizar
os relatos maternos. Todos eles representam capítulos de uma existência com
relevância voltada mais para o prazer do que mera obrigação. Tais enredos orais
e escritos espalham-se pelo mundo real e virtual. São depoimentos legítimos,
portanto dignos de respeito, que
exemplificam situações diversas vivenciadas pelas mamães com suas respectivas
progênies: esses inspiradores e imensuráveis tesouros.
Basta uma busca pelos contornos da memória e “zap”,
lá está mais um fato cujo perfil permite ao expectador possíveis reações que
vão dos aplausos às vaias: emocionante: ”Ohhhh!”; divertida: Lol!!; intrigante: “Por quê?”; curiosa: “Como assim?”; assustadora: “Nossa!!”;
duvidosa: “Será?”; indiferente: “tsc-tsc-tsc”; satírica: “Bah” ou “Argh”, etc.
Para ilustrar, vamos aos exemplos. O que dizer sobre
um bebê que segurou a tesoura médica na hora do parto? Parece absurdo, mas é fato.
Danilo nasceu de parto normal (portanto eu estava bem lúcida) e quando saiu
daquele casulo aquecido que o manteve por nove meses, foi colocado em uma
mesinha ao lado enquanto eu também era atendida para os procedimentos
convencionais do pós-parto. Olhei, então, para aquele serzinho inquieto e vi que ele segurava
em uma das mãozinhas uma tesoura médica, provavelmente a mesma que fora utilizada
para cortar seu cordão umbilical. O medo que ele se ferisse com aquela ferramenta
acionou o meu instinto materno e soltei
um grito imediato: “O bebê está com a tesoura na mão!”. Os médicos nem tinham
percebido e, rapidamente, retiraram o instrumento do pequenino traquina.
Naquele momento já deduzi que aquele menininho
iria “pintar o sete” na minha tela. Os dias e anos que sucederam, confirmaram minhas
meras suposições: movido pela inquietude, esperteza, inteligência, curiosidade e travessura, Danilo praticou arte
de A à Z, cujos detalhes estão descritos em mais de
cinquenta textos já elaborados para o “Maternaidade” e que o evidencia como
único no seu estilo, pois passou pela infância e adolescência deixando todos “de
cabelo em pé” e encarou o mundo adulto
com uma postura inversa: sério (até demais!) e altamente comprometido com suas
obrigações profissionais e sociais. Ufa!!
Ela, também faz valer ouro a própria
existência. Minha Pequena Notável, a Princesa da casa, a Grande Miúda e tantas
outras denominações carinhosas atribuídas à Patrícia não são apenas alcunhas
oriundas de um coração materno e sim uma forma de gratidão pelo que ela representa
em nossa vida.
Em alguns aspectos, Patrícia traçou
um caminho oposto ao do irmão. Sua pequena estatura e frágeis proporções físicas
disfarçavam a sua coragem e força, escondida nas atitudes e nas palavras. Uma
criança com visão madura da realidade,
que já sabia se defender dos parasitas, utilizando palavras exatas que derrubavam argumentos
mal fundamentados. Ficava de olho em tudo e em todos. Alvos do seu sermão: qualquer
um! Não escapou nem o irmão, nem o pai, nem o avô (Por motivos justos,
lógico!). Preferia conversar e aprender com pessoas idosas, embora tivesse
amigos da mesma idade. Em suma, uma adulta no corpo de uma criança. Pode parecer exagero, mas minha filha NUNCA
me deu trabalho em questões de atos inconsequentes ou
aventuras da idade. Sua característica marcante que me deixou em maus
lençóis algumas vezes foi o excesso de franqueza nas palavras proferidas a
outrem. Particularidade que se mantém até hoje, embora mais ponderada. Não
conheço pessoa mais verdadeira que ela, ensinou-me,
dentre outras coisas, a dizer “NÃO”.
Ele era altamente brincalhão e
levado; ela, séria e madura; hoje ele se mostra sério e maduro, totalmente comprometido com as
atribuições do mundo adulto; ela aderiu
ao jeito menina levada e bem humorada, porém conserva sua
maturidade e língua afiada quando a ocasião exige.
Quando achamos que os filhos já
povoaram o espaço total do coração e que já vivenciamos todas as emoções
possíveis, entra em cena a deliciosa surpresa: os netos. Estes sim completam a
obra divina com um colorido diferenciado que somente eles conseguem reproduzir.
Antes, como pais: a preocupação em educar e ensinar da melhor maneira; como
avós, já “experts” na função, podem aproveitar
melhor o precioso tempo na companhia dessas incríveis bênçãos.
Gabriel, meu neto, em 2004 veio como uma luz e entrou em minha
casa, alterando nossa rotina de forma radical e definitiva. Ele foi capaz de
conseguir grandes vitórias, até então, impossíveis para mim. E não precisou pedir,
nem implorar NADA. Sua simples presença foi o suficiente. Agradeço a Deus por
ele existir e dar sentido aos meus dias. Gabriel, a dádiva concedida, o companheirinho de todos os
momentos e lugares, o amigo , a alegria,
o tudo, o renascer...
Entretanto, não existe ponto final,
as histórias não terminam, dão segmento e nos surpreendem com novos recheios. Novamente, Deus provou sua grandiosidade e
celebrou a esperança com outra vida a caminho: Johnny.
Um ser abençoado, um milagre que comove aqueles que conhecem a sua história a qual
resumo em poucas palavras: Johnny, com apenas dois meses de gestação,
sobreviveu, sem nenhum dano a ele ou a Jackeline (sua mãe), a um grave acidente
de carro no qual meu filho sofreu fratura de quatro costelas. A gestação da
minha nora caminhou normalmente e no período esperado ele nasceu. É lindo e
esperto: possui os traços da mãe e o jeito do pai. Já completou um ano de vida
e esbanja graça e beleza nas suas descobertas e nos encanta cada dia mais...
Dessa forma, só me resta concluir
que pessoas são singulares, únicas, inconfundíveis. Não dá para compará-las. Todas
são preciosas e carregam um diferencial que as tornam muito especiais. Filhos e
netos: que sejam todos bem-vindos:!! Obrigada, Senhor!!
Zizi,
03/12/2016
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