sábado, 3 de dezembro de 2016

Preciosidades singulares


Lindos. Inteligentes. Espertos. Perfeitos!  Diante de um olhar materno, a descrição dos  filhos não foge muito desse paradigma, visto que cada um deles é singular dotado de características distintas que o torna tão especial e inconfundível. Não há dúvida de que o amor de mãe é intenso, infinito e desprovido de juízos de valor.

Assim, nutrida de propriedade criadora, ela preenche sua tela com os inigualáveis tons da emoção  e,  com traços subjetivos e abstratos, cautelosamente, delineia a prole e expõe ao mundo a primorosa obra, coerente ao compromisso e dedicação que assumiu ao dizer  sim à maternidade.

Por isso, seria injusto categorizar os relatos maternos. Todos eles representam capítulos de uma existência com relevância voltada mais para o prazer do que mera obrigação. Tais enredos orais e escritos espalham-se pelo mundo real e virtual. São depoimentos legítimos, portanto dignos de respeito,  que exemplificam situações diversas vivenciadas pelas mamães com suas respectivas progênies: esses inspiradores e imensuráveis tesouros.

 Basta uma busca pelos contornos da memória e “zap”, lá está mais um fato cujo perfil permite ao expectador possíveis reações que vão dos aplausos às vaias: emocionante: ”Ohhhh!”;  divertida: Lol!!;  intrigante: “Por quê?”;  curiosa: “Como assim?”; assustadora: “Nossa!!”;  duvidosa: “Será?”;  indiferente: “tsc-tsc-tsc”;  satírica: “Bah” ou “Argh”, etc.  

Para  ilustrar, vamos aos exemplos. O que dizer sobre um bebê que segurou a tesoura médica na hora do parto? Parece absurdo, mas é fato. Danilo nasceu de parto normal (portanto eu estava bem lúcida) e quando saiu daquele casulo aquecido que o manteve por nove meses, foi colocado em uma mesinha ao lado enquanto eu também era atendida para os procedimentos convencionais do pós-parto. Olhei, então,  para aquele serzinho inquieto e vi que ele segurava em uma das mãozinhas uma tesoura médica, provavelmente a mesma que fora utilizada para cortar seu cordão umbilical. O medo que ele se ferisse com aquela ferramenta  acionou o meu instinto materno e soltei um grito imediato: “O bebê está com a tesoura na mão!”. Os médicos nem tinham percebido e, rapidamente, retiraram o instrumento do pequenino traquina.

 Naquele momento já deduzi que aquele menininho iria “pintar o sete” na minha tela. Os dias e anos que sucederam, confirmaram minhas meras suposições: movido pela inquietude,  esperteza, inteligência,  curiosidade e travessura, Danilo praticou arte de A à Z,   cujos detalhes estão descritos em mais de cinquenta textos já elaborados para o “Maternaidade” e que o evidencia como único no seu estilo, pois passou pela infância e adolescência deixando todos “de cabelo em pé”  e encarou o mundo adulto com uma postura inversa: sério (até demais!) e altamente comprometido com suas obrigações profissionais e sociais. Ufa!!

Ela, também faz valer ouro a própria existência. Minha Pequena Notável, a Princesa da casa, a Grande Miúda e tantas outras denominações carinhosas atribuídas à Patrícia não são apenas alcunhas oriundas de um coração materno e sim uma forma de gratidão pelo que ela representa em nossa vida.

Em alguns aspectos, Patrícia traçou um caminho oposto ao do irmão. Sua pequena estatura e frágeis proporções físicas disfarçavam a sua coragem e força, escondida nas atitudes e nas palavras. Uma criança  com visão madura da realidade, que já sabia se defender dos parasitas,  utilizando palavras exatas que derrubavam argumentos mal fundamentados. Ficava de olho em tudo e em todos. Alvos do seu sermão: qualquer um! Não escapou nem o irmão, nem o pai, nem o avô (Por motivos justos, lógico!). Preferia conversar e aprender com pessoas idosas, embora tivesse amigos da mesma idade. Em suma, uma adulta no corpo de uma criança.  Pode parecer exagero, mas minha filha NUNCA me deu trabalho em questões de atos inconsequentes  ou  aventuras da idade. Sua característica marcante que me deixou em maus lençóis algumas vezes foi o excesso de franqueza nas palavras proferidas a outrem. Particularidade que se mantém até hoje, embora mais ponderada. Não conheço pessoa mais verdadeira que ela,  ensinou-me, dentre outras coisas, a dizer “NÃO”.

Ele era altamente brincalhão e levado;  ela, séria e madura;  hoje ele se mostra  sério e maduro, totalmente comprometido com as atribuições do mundo adulto;  ela aderiu ao jeito  menina  levada e bem humorada, porém conserva sua maturidade e língua afiada quando a ocasião exige.

Quando achamos que os filhos já povoaram o espaço total do coração e que já vivenciamos todas as emoções possíveis, entra em cena a deliciosa surpresa: os netos. Estes sim completam a obra divina com um colorido diferenciado que somente eles conseguem reproduzir. Antes, como pais: a preocupação em educar e ensinar da melhor maneira; como avós, já “experts” na função,  podem aproveitar melhor o precioso tempo na companhia dessas incríveis bênçãos.

Gabriel, meu neto,  em 2004 veio como uma luz e entrou em minha casa, alterando nossa rotina de forma radical e definitiva. Ele foi capaz de conseguir grandes vitórias, até então, impossíveis para mim. E não precisou pedir, nem implorar NADA. Sua simples presença foi o suficiente. Agradeço a Deus por ele existir e dar sentido aos meus dias. Gabriel, a  dádiva concedida, o companheirinho de todos os momentos e lugares,  o amigo , a alegria, o tudo,  o renascer...

Entretanto, não existe ponto final, as histórias não terminam, dão segmento e nos surpreendem com novos recheios.  Novamente, Deus provou sua grandiosidade e celebrou a esperança com outra vida a caminho:  Johnny.  Um ser abençoado, um milagre que comove  aqueles que conhecem a sua história a qual resumo em poucas palavras: Johnny, com apenas dois meses de gestação, sobreviveu, sem nenhum dano a ele ou a Jackeline (sua mãe), a um grave acidente de carro no qual meu filho sofreu fratura de quatro costelas. A gestação da minha nora caminhou normalmente e no período esperado ele nasceu. É lindo e esperto: possui os traços da mãe e o jeito do pai. Já completou um ano de vida e esbanja graça e beleza nas suas descobertas e nos encanta cada dia mais...

Dessa forma, só me resta concluir que pessoas são singulares, únicas, inconfundíveis. Não dá para compará-las. Todas são preciosas e carregam um diferencial que as tornam muito especiais. Filhos e netos:  que sejam todos bem-vindos:!!  Obrigada, Senhor!!


Zizi, 03/12/2016 

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