Minha preocupação com fraldas ocupam um espaço um
pouco remoto na linha do tempo. A tecnologia, na década de 80, não era ainda uma aliada das mamães; não tínhamos o descartável como nosso
elemento básico do cotidiano (embora ele já existisse). Seu uso, entretanto, se limitava às viagens ou passeios longos e,
além do mais, o preço não atraía. As
fraldas, em qualquer época, assumem prioridade dentro de uma casa, um item
indispensável e mais numeroso do enxoval do bebê, sejam elas descartáveis ou de
tecido.
Nas duas vezes em que
engravidei, a tática foi a mesma para
organizar as coisinhas dos lindinhos: fraldas
de tecido compradas por quilo em uma loja; depois de cortadas no tamanho ideal,
suas barras eram feitas, uma a uma na máquina de costura doméstica. Após
estarem prontas, eram lavadas,
dobradas, passadas e aguardavam
ansiosamente, o momento do uso. Não me
lembro de quantas, mas sei que muitas habitaram aquelas gavetas até serem
dispensadas. Deu um trabalhão concluir todo esse processo, todavia, uma mãe é
conduzida por uma força que não a deixa sucumbir, afinal ela disse SIM à
maternidade!
Todos os dias, durantes
alguns anos, muitas fraldas para lavar e passar. Aqueles varais esticados
nas dependências do quintal , lotadinhos
de paninhos brancos, sacudiam de um lado para o outro com a força do vento como
se quisessem fugir dos cruéis grampos
que os mantinham atados ao fio.
Não posso me esquecer
de mencionar a fiel aliada da fralda de pano: a calça plástica que era usada
por cima e impedia, parcialmente, que a
roupa ou o berço molhasse.
Um ano se passou e
Danilo nas fraldas, dia e noite. Até
então, não tinha cogitado a ideia de libertá-lo daqueles “panos”. No entanto,
logo descobri que mais um bebê estava a caminho e isso significaria um aumento
em dose dupla das tarefas, sobretudo das fraldas que eu iria lavar diariamente.
Eu tinha que ser rápida
e eficiente para alterar aquela situação: comecei a tirar a fralda dele aos
poucos. Primeiro, em algumas horas
durante o dia. À noite eu a recolocava e ficava de olho; esperava um tempinho, levantava
e o levava, meio adormecido, duas ou
três vezes ao banheiro para que ele se
habituasse a usá-lo o mais breve possível. Essa cena se repetiu vezes e vezes...
Quando a Patrícia
nasceu, ele estava com 1 ano e 10 meses
e eu não tinha conseguido desfraldá-lo ainda. Senti na pele o sabor do
trabalho duplicado por alguns meses. Como nada é eterno, chegou o momento em
que ele, finalmente, emancipou-se, deu um “basta” para as fraldas e passou a utilizar o “troninho
infantil ” ganhado como prêmio pela
conquista.
A Patrícia
seguiu, mais ou menos, os passos do irmão com relação ao tempo do
desfraldamento (em média 2 anos). Com duas crianças, não era nada fácil sair e
carregar a bagagem completa, principalmente os intermináveis “paninhos de
bunda”. E detalhe: não podiam ser
lavadas com qualquer sabão em pó, muito menos enxaguados com determinados
amaciantes de roupa, pois o risco de provocar uma alergia na pele dos bebês era
imenso. Infelizmente, só descobríamos após o uso. Entre acertos e erros,
experiências se ganham...
Mas tais conhecimentos nem
sempre são válidos para outra pessoa, porque cada ser é dotado de peculiaridades
que os diferenciam. Descobri isso quando fui avó pela primeira vez. Gabriel não precisou embarcar na mesma canoa
do pai, nem da tia. Ele usou e “abusou
das fraldas descartáveis”. Parece exagerada tal expressão, entretanto
condiz com a realidade, pois ele dobrou
o tempo de uso das fraldas, superando o pai e a tia juntos. Embora fizéssemos
mil peripécias, campanhas e “tchau” para
o número 1 e o 2, ele se mantinha impassível e (absurdamente!) exigia
que colocássemos a fralda bem na hora de evacuar. Se não colocasse, ele se
negava e não tinha acordo. Chegamos ao ponto de deixá-lo dois dias sem fralda,
na tentativa de força-lo a largar, mas foi em vão. Só serviu para penalizá-lo.
Desisti, então, dessa exigência falida e
resolvi esperar pelo tempo dele, mesmo que
demorasse! Que viesse quando chegasse o momento certo! Desde que meu neto estivesse bem, que se
danem as convenções!!
Um belo dia, enquanto pintávamos a casa conversando
animadamente, fomos surpreendidos por uma vozinha, vinda do banheiro que nos
convocava para presenciar sua estreia no troninho infantil! Que vitória maravilhosa!! Clap clap clap! clap!!
(Zizi – 05/08/2016)
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