Tema:
Desejos de grávida
Estar grávida é abrir seu mundo para um novo ser que nos provocará
alterações físicas, psicológicas e
emocionais durante o tempo em que fazemos o papel de casulo daquela frágil vida
que se inicia.
Embora a fase ocasione alguns desconfortos como: inchaço, dores nas pernas ou costas, aumento de peso e outros sintomas, nenhuma outro momento nos concede um tratamento tão majestoso como esse. Tornamo-nos, praticamente, o centro das atenções como uma rainha, visto que todos se colocam à nossa disposição para atender quaisquer pedidos ou prováveis desejos. Não é nada mal ser encarada como prioridade. São tantas as histórias de bebês que nasceram com manchas disso, manchas daquilo porque não tiveram suas vontades saciadas no feto, e, certamente, ninguém deseja carregar para o resto da vida a responsabilidade pela negligencia de um não à uma grávida.
Toda gravidez gera
um poço de expectativas tanto para as mamães como aos demais interessados.
Nunca sabemos como será nesse período porque dificilmente acontece da mesma
forma.
Eu fui a última
filha a se casar e também a engravidar. Meus olhos e coração acompanhavam as
experiências das integrantes da família para servir como base. Entretanto, quando
chegou a minha vez, só soube que estava grávida devido a ausência das regras e, posteriormente, o exame confirmou. Eu nunca me senti tão bem
disposta!
Minha rotina era
agitada porque eu sou “ligada na bateria”. Gostava de ir para a casa da vizinha
pulando o muro, ao invés de dar a volta e entrar pelo portão; adorava andar de bicicleta e não
parei. Ía de um canto para outro as pedaladas enquanto a barriga,
progressivamente, ia tomando sua forma devida; quis mudar a cor da casa e fiz
isso faltando cerca de duas semanas para o nascimento. Para mim não havia
problema algum subir e descer de alturas consideradas perigosas para o pessoal.
Lógico que minha mãe e sogra me advertiam muito por esse meu jeito “normal” de
ser. De tanto buzinarem em meu ouvido, reduzi os passeios de bicicleta e
esqueci, temporariamente o muro, mas não estacionei, lógico, apenas troquei
pelas longas caminhadas. Ía e voltava toda semana à casa da minha mãe e irmãs a
pé, totalizando um percurso de quatro quilômetros (não é muito, eu sei.) Tarefas de casa,
continuei fazendo todas com a mesma
intensidade de
antes. Como eu afirmei, eu me sentia cheia de coragem, gostava de estar a
frente de tudo e na minha vida nunca houve espaço para manhas. Meus pais
contavam que quando criança eu não gostava que me carregasse no colo, eu queria
ir ao chão para andar ou correr livremente.
O único
desconforto, que não é consequência da gravidez e sim do meu ritmo acelerado
também para comer, foi a azia que já me
fazia companhia há tempos e até hoje não me abandonou. Sinceramente, eu não
acreditava nesses desejos de grávida. Aos meus olhos, eram dengos dessas mulheres que se aproveitam
para comer coisas diferentes e brincam de marionetes com os maridos para se
divertirem. Eu nunca senti desejo por algo que fugisse da minha alimentação
cotidiana. Lógico que comida dos outros eu sempre gostei (principalmente da
minha mãe), bolos, sobremesas, frutas, sucos, comida gostosa são bem-vindos
sempre. A nossa gula de cada dia está sempre dizendo “SIM” às delícias
gastronômicas, enquanto o dedo indicador
da mão direita balança de um lado para outro: “tsc, tsc. Tsc, tsc”, reprovando
aquilo tudo. Eu, indecisa, ora dou crédito a um, ora a outro, e o resultado
fica visível: uns quilinhos salientes...
Após acompanhar
outras experiências maternas de irmãs e amigas, amadureci o conceito de que
desejos são “frescuras”. Não é porque eu não passei por isso que ele não
exista. Minha prima quis comer o barro do filtro de água, a outra amiga comeu
tijolo, pedaço de pau e tantos outros exageros. Uma história mais bizarra que
ouvi foi que uma mulher grávida sentiu desejo de morder o calcanhar de um padre
(porque o pé dele era tão branquinho! Deve ter associado a um queijo kkk)
Um novo ser dentro
de nós não é apenas um elemento a mais que carregamos. Enquanto o alimentamos e
contribuímos com sua formação, outros desenvolvimentos estão concomitantemente
em ação e todo o processo acontece em nosso interior. Portanto, são evidentes
as alterações como: sensibilidade à flor da pele, sono ou insônia, disposição
ou preguiça, fome ou fastio, enjoo, mudanças de humor em nosso psicológico
durante esse período. Como prova disso, basta observar que após o nascimento do
bebê, progressivamente, voltamos ao
estágio inicial. Nem temos mais tempo de ficar preocupada com detalhes
insignificantes: algo maior e mais importante nos aguarda, uma nova
missão: “Mãos à obra, MAMÃE”!!
Zizi, 18/06/2016
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