A Gramática Internalizada à serviço
da Normativa
A finalidade deste texto incide em
apresentar os conceitos existentes acerca do estudo da gramática de Língua
Portuguesa, assim como refletir
sobre sua importância na formação
escolar do falante, considerando os objetivos de cada um e sua pertinência
teórica e prática.
De acordo com as definições encontradas no
dicionário Aurélio, gramática significa
“Estudo ou tratado dos fatos da linguagem
falada ou escrita e das leis naturais que as regulam”; “livro onde se expõem as regras da
linguagem” e outra fonte se limita a afirmar somente que é um
“Conjunto de regras da língua”. Percebe-se, então, que há um ponto em comum em
todas as citações: a língua é o principal objeto de estudo da gramática.
Cabe
à gramática, pois, descrever e orientar a organização e o funcionamento das
palavras de uma língua, visando, desse modo, uma comunicação plena e
precisa. Essa diversidade e supostas
oposições não acontecem somente nos conceitos que lhe são atribuídos, mas também
nas classificações existentes, entre as quais se destacam: a gramática
normativa(ou prescritiva); a descritiva
e a internalizada.
Ao
tratar dessa questão, Roberto Ramom
afirma que:
A língua
identifica o homem, individualizando-o em suas relações com as múltiplas
sociedades. A gramática duma língua pelo que nos parece, integraliza o falante,
ao mesmo tempo em que historifica sua estrutura social. Se há divergências
especulativas quanto a este ou aquele processo no uso desta ou doutra
gramática, importante é que se verifique a coexistência dos objetivos
pesquisados em favor da língua.
Assim, a Gramática Normativa
expõe o funcionamento de um idioma e estabelece regras para o seu bom uso. Neste
caso, somente a norma culta é valorizada. A Descritiva procura descrever e justificar
o uso da língua em contextos linguísticos diferentes; a Gramática Internalizada,
por sua vez, é desenvolvida naturalmente
no ser humano junto à aquisição da linguagem, ou seja, a medida que adquire o
domínio da linguagem verbal, ele desenvolve uma estrutura gramatical bem
organizada movida pela lógica e
necessidade do falante, embora não tenha plena consciência de que domina
tais regras.
Por isso, para se comunicar com eficiência,
qualquer falante da língua não precisa ter conhecimento das regras estabelecidas pela norma culta, todavia
é essencial que ele domine a gramática internalizada para que possa interagir
com os outros. A Gramática Normativa ou Prescritiva impõem diversos obstáculos
que vão de encontro aos hábitos linguísticos dos brasileiros: regras de
concordância (nominal ou verbal), regência(nominal ou verbal), colocações
pronominais são as mais “desrespeitadas” pois,
nas situações informais o usuário da língua opta por construções menos
complexas que atendam aos seus objetivos.
As pessoas , quando crianças, aprendem a se
comunicar pelas palavras porque observam e escutam os adultos. Muitas vezes
elas mesmas aplicam as regras gramaticais internalizadas às situações novas,
como por exemplo: é normal ouvir crianças aplicando regras de conjugação de
verbos regulares aos irregulares, como: “fazi”, “trazi” porque fazem analogia
com outros verbos regulares que
pertencem à mesma conjugação, como escrever/escrevi, vender/vendi.
Diversos
poetas e escritores escreveram sobre o uso da língua em poemas ou em prosa para
mostrar que em nossa fala cotidiana, muitas vezes, a gramática internalizada
sobrepõe à normativa. Para ilustrar essa afirmação há vários exemplos, dentre
os quais vale a pena destacar: "Erro"
de gramática (fábula de Monteiro Lobato); “Pronominais” e “Vício na Fala” (poemas
de Oswald de Andrade); “Evocação do Recife” (trecho do poema de Manuel
Bandeira); “Aula de português”
(poema de Carlos Drummond de Andrade); A Língua de Eulália (livro de Marcos Bagno),
dentre outros.
Os estudos a respeito da linguagem têm aberto espaço
para as variações linguísticas, incluindo conteúdos mais diversificados no
currículo escolar, visto que o aluno precisa conhecer mais as outras
modalidades que fazem parte do seu contexto social e cultural. Ao mesmo tempo,
deve-se também abrir espaço para expor, caracterizar e detalhar o funcionamento
da gramática natural (a Internalizada). Não com o intuito de ensiná-lo a usar a
língua, pois essa competência ele já possui, mas fazê-lo compreender como funciona o intrínseco processo gramatical que envolve a comunicação verbal, cujo conhecimento será referência para outro
estudo mais sistematizado: o da gramática normativa, este sim é o maior
desafio.
Referências
bibliográficas
AVELAR, J.O. Funcionamento da Língua – Gramática,
Texto e Sentido. Tema 3: A
gramática no texto: procedimentos de análise. Campinas, SP: UNICAMP/REDEFOR,
2012. Material digital para AVA do Curso de Especialização em Língua Portuguesa
REDEFOR/UNICAMP. acesso em 03/09/2012.
Recanto das Letras - Disponível em:
O Que é Gramática? Disponível em:
http://zellacoracao.wordpress.com/2009/08/19/o-que-e-gramatica/
Acesso em 19/08/2012
Wikipedia – Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gram%C3%A1tica_impl%C3%ADcita.
Acesso em 19/08/2012
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