De volta para casa
É acionado o alarme biológico; não há como recuar, mesmo porque desejamos logo concluir esse ciclo e dar as boas-vindas ao novo ser. Foram nove meses de expectativa, preparo do enxoval, idas e vindas ao médico, gradativo aumento de peso, etc, etc. Depois, a chegada ao hospital e finalmente: o parto.
A mesma ansiedade que me trouxe, agora exige o retorno ao lar. Chega de ficar presa no quarto! Sinto-me uma refém. Não posso fugir sozinha. Que vontade de invadir o berçário e pegar o que me pertence! Todavia sou obrigada a aguardar as orientações médicas e a tão sonhada palavra “alta”. Saudade tem cheiro de fome e eu preciso me alimentar!
Por duas vezes estive nessa situação, mesmo que tivesse sido mais, não me acostumo a ficar em hospital. Sou inquieta demais, sinto-me presa cercada em quatro paredes. Apetece-me cuidar das minhas coisas, testar as minhas competências e habilidades maternais na minha casinha, meu santuário!
"Não há lugar melhor do que a nossa casa!" Uma verdade, para mim, incontestável! Só lá nós somos livres e donas do pedaço! Só lá nós mandamos e desmandamos! Só lá nós temos o trono e somos a rainha.E é lá que formamos, criamos e preservamos a família” (Quando li o post da Dani achei lindo o título e fiz um comentário, não resisti e trouxe-o para cá, por isso as aspas).
Aquele ensaio todo durante a infância, as simulações com minhas bonecas, tudo isso deveria servir para alguma coisa, afinal brinquei até os doze anos. Durante a adolescência, eu cuidei dos filhos de um tio. Será que isso bastava? Não estava zerada (que alívio!), mas tinha um grande caminho a percorrer, mesmo porque aprender no dia-a-dia como ser mãe é uma experiência enriquecedora, contínua e única.
Lembro-me que minha mãe teve suas filhas em casa. Quando chegava a hora, meu pai nos levava à casa de uns parentes e quando retornávamos, a surpresa: mais uma criança nascera! Tudo aquilo me deixava confusa, não entendia o processo, mas ficava feliz por ter ganhado mais uma irmã. Passados os anos, já casada, a história se repetia com duas diferenças significativas: a protagonista era eu e o local não era a minha casa, e sim um hospital.
Mas venci a ansiedade (não tinha escolha), aguardei todos os procedimentos, acompanhei a contagem regressiva. Fui recepcionada pelo maridão que me recebeu com flores da primeira vez. Na segunda, ele não trouxe flor, mas o fruto: meu filho. Quando este me viu, veio correndo me encontrar. Estava curioso para conhecer a irmãzinha. Eu, cansada, com dores, sorri feliz: “como é bom estar de volta à minha casa!”
Zizi, 01/10/11
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