BRINCO OU NÃO-BRINCO?
Eis-me aqui tentando transportar-me há alguns anos, num improvisado túnel do tempo e, dessa forma, resgatar pontos marcantes da minha trajetória de MÃE : produto final de criança, menina, moça e mulher.
Estamos em 1984, acabou o faz-de-conta, agora o enredo é real. Há um novo ser formando-se e desenvolvendo-se dentro de mim. Meu corpo é seu corpo, sua morada, seu habitat por tempo determinado.
Conceber uma vida, é antes de tudo, uma permissão divina. Um embrulho precioso nos é confiado. Nossa função: carregá-lo, protegê-lo, orientá-lo, formá-lo para que depois, possa caminhar por si mesmo e bemmm.
Do lado de fora, ansiedade, curiosidade, expectativa transbordam nos corações a mil por hora. Todos, inclusive EU, queremos saber como está e quem é: ele ou ela? Simpatias tentam decifrar este enigma: são corações de frango na panela, olhar as unhas, colher e garfo embaixo do travesseiro, formato da barriga, dentre outros. Entretanto a dúvida continua...
Apostamos, então, na intuição (materna e paterna) e o resultado é dúbio: o Marcos, pai fresco, todo pomposo afirma que “É homem” e ainda acrescenta que “Sei muito bem o que eu fiz” ; eu discordo: “É mulher” e já vou fazendo planos : ”Logo que nascer, vou colocar brincos na princesa ”
Veja só a minha pretensão: eu já tinha 22 anos e nunca havia furado as orelhas e, no entanto, minha menina não teria a chance de decidir , eu já havia feito isso por ela antes mesmo da sua chegada! Eu via as crianças das outras mães todas enfeitadinhas e com brinco, e ficava sonhando quando chegaria a minha vez.
Enquanto isso, silencioso e incansavelmente o relógio trabalhava tic-tac, tic-tac, tic-tac e a contagem regressiva começava...
Chegou, enfim, o tão esperado dia e a resposta a todas as dúvidas seriam plenamente sanadas. Tudo pronto para comemorar a chegada de mais uma integrante ao clube da Luluzinha. SIM, pois eu só tenho irmãs (3), até aquele momento só haviam nascido sobrinhas (4) E então? Comprar ou não o brinco?
Em 12/05/1984, num sábado que antecedia o Dia das Mães, um grito de guerra em forma de choro explodiu, anunciando sua chegada em solo desconhecido e exibindo, em primeira mão, seu principal documento de identificação: um BRINCO que já fazia parte do kit, instalado no local adequado e com funções definidas, contrariando, assim, os palpites alheios, hehe!
Um garotão, frágil na aparência(2,5 kg) e sapeca nas atitudes: o pequeno rebento, na mesinha em que fora colocado para os primeiros cuidados, segurava a tesoura do médico, agitando-a de um lado para outro. Eu fiquei surpresa, nunca vi criança fazer aquilo. Gritei “Cuidado, ele vai se machucar”. Eu deduzi na hora que aquela era apenas a primeira de muitas artes que viriam...
E o brinco? Bem... para não nos deixar tão decepcionadas assim, em uma das orelhas do Danilo (Esse foi o nome escolhido para o adorável danadinho rss) havia um sinal semelhante a um furo de brinco, que perdura até hoje. Acreditam? Pois é a pura verdade!!
E a princesa? Bem... ela veio SIM, dois anos depois e blá...blá...blá...blá...blá...
(Continua qualquer dia desses....)
ZIZI, 10/06/2011
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