BEM-VINDA, GRANDE MIÚDA!!
Ela nem imaginara que a sua vinda já era aguardada há tempos, antes mesmo da concepção. A ideia do brinco, descartada após a primeira gestação, voltava a florescer e me rodear. Outro sinal coloria a tela da minha esperança: um macacãozinho rosa que eu ganhara (por engano) de uma pessoa da família quando tive o primeiro filho (Elucidando: pensavam que eu havia dado luz a um casal de gêmeos e por isso trouxeram dois presentes: um azul e outro rosa) e eu o guardara com carinho. Eu já tinha, então, o primeiro presente para a princesa quando esta nascesse.
Dessa forma, estava eu em meados de 1985: na cabeça um pensamento efervescente com a roupinha na mão e tecendo planos para dali a alguns meses. Pois é, embora o Danilo já estivesse com 1 ano e me mantendo bem ativa com sua esperteza, graça e bom desenvolvimento, um belo dia, uma outra sementinha muito esperta, aproveitou um momento de distração e descontração e “Zaaapp”, encaixou-se direitinho no útero e fez dali seu ninho por nove meses.
Não nego que fui pega de surpresa: “Mas...tão já? O outro ainda tão pequenino! E aqueles quilinhos a mais ainda estavam por aqui...” Bem...isso são detalhes... Nesse evento , conhecido puramente como nascimento, não há intrusos e sim convidados. Se veio é porque fora convocado e há uma missão a cumprir. Então, mãos a obra!! Não demorei nadica para absorver esse conceito, afinal , olha só o leque de possibilidades que surgiriam com essa nova chegada aqui: eu, finalmente, poderia desfilar e exibir o tão sonhado brinco numa orelha feminina; teria uma cúmplice para duelar com Marcos e Danilo (“Agora eles estão fritos, não vão ter chance alguma yessss !!”); uma parceira para compartilhar pentes, cremes, batons, roupas, meias e calçados (É divertido, hehe!!) ; uma companheirinha para ler, filosofar, dar e ouvir conselhos, compartilhar os gostos musicais, ajeitar meus cabelos, dar palpites na culinária; sem esquecer (Afff!) uma ajudante nas tarefas domésticas ( kkk) e tantas outras coisas...
Assim, como da primeira vez, os nove meses seguiram seu ciclo bem tranqüilos e um tanto rápidos. Agora com 22 quilos a mais, não encontrava uma posição confortável para dormir (Um sufoco!) e ficava imaginando que tamanho seria esse bebê. Ao amanhecer do dia 9 de março de 1986, acordei com a sincronia das contrações em ritmo acelerado e bem potente. Sem dúvida, chegara o momento.
O paizão, igualmente ansioso, acompanhou-me até o hospital, por volta das 07:00 horas. Assinou a internação e voltou para casa, certo de que teria uma dia de espera (como da outra vez). Eu que já não era mais “marinheira de primeira viagem”, pensava que o processo iria ser o mesmo de quando tive o primeiro filho (Ou seja: bolsa rompida seguida de corrida ao hospital, horas e horas no soro e nada do “preguiçoso” se manifestar. Foram quase 15 horas de expectativa para o Danilo decidir dar o ar da graça e acabar com a preocupação que nos consumia.)
Esquece!! Puro engano!! Cada momento desse é único e peculiar.
Mal dei entrada no hospital, fui para o quarto de espera. Havia lá outras mães : umas gemendo, outras chorando...todas no mesmo barco, só aguardando. Aquele ambiente coletivo não era nada encorajador, pensei com os meus botões. Nem tive tempo de me influenciar com aqueles lamentos, embora eu também sofresse do meu jeito, pois as dores iam e vinham cada vez mais fortes, mesmo assim eu as conseguia suportar no silêncio.
No meu interior, determinada e impaciente (desde já), a pequena decidiu dar um basta naquele suspense antes das 08:00 horas, nem esperou o pai chegar em casa e cortou a frente de todos. Foi a primeira a vir ao mundo daquele grupo de mães.
E tem mais, reparem nesse detalhe: ela nasceu um dia após a comemoração do Dia Internacional da Mulher. Escolheu, a dedo, a data em que faria sua entrada triunfal nesse nosso mundo, marcando presença e sendo o presente ao mesmo tempo. Patrícia, minha pátria, um pedacinho de mim, tão miúda e tão grandiosa!!
Como descrever uma situação tão mágica? Esse 1º encontro, cara a cara, entre cria e criador? Um misto de ansiedade e aflição com sabor de alegria e vitória, e, sobretudo, de agradecimento a Deus por permitir mais uma integrante na família. A reivindicação fora concedida por Ele. Lágrimas já não conseguem segurar: não caem, despencam e se misturam ao suor que envolve todo o resto do corpo, já exausto pelo natural processo que um nascimento faz.
Nesse momento vem a confirmação de que, realmente, a vida é um milagre, acontecendo todos os dias dentro cada estrela humana que habita este mundo.(ZIZI, 23/06/2011).
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