(Poema feito a partir da leitura do livro "Holocausto Brasileiro" de Daniela Arbex)
I
Um
pesadelo dantesco
Manchou o
solo mineiro.
Barbacena
foi o palco
De um
flagelo sem roteiro,
Com
personagens reais
E
cenários surreais:
O
Holocausto brasileiro.
II
Campo de
concentração,
Travestido
de hospital,
Denominada
Colônia,
(“Instituição
do mal”)
Sem
critério recebia
Pessoas e
as conduzia
Ao seu
futuro letal.
III
Chegavam
de ferrovia
Um rol de
indesejados:
Pobres,
negros, militantes,
prostitutas,
alcoolizados,
Pessoas
sem documentos,
Homossexuais,
detentos,
Crianças,
doidos, lesados.
IV
Obrigados
a embarcar
Naquele
portal do horror,
Cuja
entrada era um adeus
A sua
vida anterior.
Frio e
fome era rotina,
Punição
na indisciplina
complementava
o terror.
V
Com base
na teoria
Da “limpeza
social”,
A “escória”
foi enviada
Àquele infeliz
local,
Que
mantinha um tratamento
Abusivo e
fraudulento
Para o doente mental.
VI
Pacientes
submetidos
A
experiências brutais,
Viraram cobaias
vivas,
Sofreram
choques fatais,
Passaram
por cirurgia,
A tal da
lobotomia
Que torna
o ser incapaz
VII
Seres
humanos esquálidos,
Corpos
nus desfigurados,
Rastejavam
como bichos,
Zanzavam
todos os lados,
Pisavam nas
excreções,
Juntavam
capim, colchões
E dormiam
amontoados.
VIII
Ratos,
moscas, urubus,
Atraídos
pelo odor
Conviviam
e comiam
Com os
doentes, sem pudor.
Nada mais
era importante,
Tanta
morte a todo instante
Banaliza
qualquer dor.
IX
A perda
da liberdade,;
sem
contato familiar,
A falta
de humanidade,
Sem ter
em quem confiar,
A
identidade roubada,
A saúde
estragada
Sem
forças para lutar.
X
Tragédia
silenciosa,
Que por décadas torturou,
Ceifou
vidas inocentes,
Vários corpos traficou.
Faltou
amor e respeito,
Sobrou ódio
e desconceito
Que nutriu
quem a apoiou.
XI
São danos
irreversíveis
que
marcaram essas vidas,
chagas
não cicatrizadas,
dores
jamais esquecidas.
Vítimas
da ignorância,
da
omissão e da ganância
de
profissionais genocidas.
Zizi,
24/06/2022