sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Olhar de girassol


(Baseado no conto "Olhares" do livro Vasto Mundo - de Maria Valéria Rezende)


“O que são os olhos?

Janelas, portas, orifícios, corredores, lentes, binóculos, portais, abismos…?

Revelam a verdade deles ou a minha?

Pois ambos não brotam  da mesma vertente,

Cada um carrega sua verdade interna ou externa,

A leitura que se faz de cada olhar

revela mais sobre quem leu

do que quem foi lido.


Um olhar que se forma, 

Ele  informa,

Desinforma, 

Deforma,

Transforma,

Reforma

Conforma,

desconforma…


Olhos estão no plural, mas são singulares,

Não há forma para tal forma.

Apenas existem olhares que vagueiam cegos

e adentram a nossa alma revelando incontáveis desejos indecifráveis…


Zizi, 18/12/2020


À Márcia Gibin : Tons de esperança

Tons da esperança


Aqueles olhos tão verdes

Não são só contemplação

São luzes incandescentes

alvejando a escuridão.


Num tom que traz a resposta

e um toque de esperança

ao local e às pessoas 

sob sua liderança.


Seu toque esverdeado

traz conforto ao ambiente

controla as aflições,

restaura o expediente.


Tão sensível à dor alheia,

que chega a se anular,

sua sede é de justiça

sua fome é de ajudar.


Olhos que leem poemas,

Olhos que são poesia,

Olhos que expressam canções,

Olhos que bailam empatia. 


Olhos que contam histórias

Olhos que explicam o presente

olhos que apontam o passado

olhos que amam realmente…


Zizi, 18/12/2020


À Ana Maria: Grandiosa, Aninha


Como desenhar verbalmente um ser tão permeado por valências?

Ana,

A mulher

A amiga,

A irmã,

A filha.

A parceira, 

A companheira,

A profissional, 

A maẽ,

A esposa,

A cristã...


Um pequeno frasco carrega mil gotas de tua essência tornando-te:

Poderosa,

Criativa, 

Inteligente,

Disciplinada,

Determinada,

Amorosa

Sensível...


Pequena, concisa e infinita de significados feito um haicai,

Sem máscaras ou subterfúgios como um palíndromo

(da esquerda para a direita ou vice-versa, é ela por ela mesma)


Um misto de salmos, cânticos, odes, trovas e poesias.

Chovem consonâncias  com combinações fonéticas no seu nome:

ANA:

Querida mana,

Mui bacana, 

Sempre humana,

Veterana,

Soberana,

Líder da gincana,

Aninha na rural, Aninha na urbana.


MARIA:

A força que irradia:

Poesia,

Alegria,

Euforia, 

Empatia, 

Sincronia,

Maestria, 

Sabedoria…


MAR + IA = só que essa Maria que não vai com as outras,

Porque é a  Maria que conduz…

Que profere  e pratica as palavras-chaves que são a base para a vida:  

“ Entrego,  confio,  aceito,  agradeço”


Ana, Aninha: 

Um show de bola!

Posseira do nosso coração,

Um presente sem prazo de validade,

Tens um pouco de nós, temos um MUITO de ti. 


Zizi, 11/12/2020

 

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Gratidão, 2020!

Ano 2020

Certamente fez uma diferença em nossa vida…

Quer algo mais previsível do que na virada do ano,

as trocas de “Feliz Ano Novo!”;

os desejos de “ Que seus sonhos se realizem!” ?

Pois é…

(...)

Não tivemos tempo para o ensaio.

(Mas também não demos ouvidos aos ruídos externos

que lá longe já pipocavam…)

A cortina se abriu de repente …

e lá estávamos nós...

Surpresos, despreparados, impotentes, perplexos…

Entretanto, nos foi negado a escolha  de não atuar,

“A vida não para”; “ O espetáculo tem que continuar”

Sem roteiro, ou ensaio, entramos em cena,

Descobrimos o dom do improviso,

Percebemos o quanto podemos ser criativos.


Como dizia Cecília Meirelles: “ A vida só é possível reinventada”

E assim se fez:

Reinventamo-nos,

Redescobrimo-nos, 

Readaptamo-nos

Refizemos,

Recriamos,

Renascemos

Num estreito espaço de tempo

que separa o poente (antes do anoitecer)

ao nascente (do amanhecer)!


O compromisso é o néctar que nutre a missão de educar.


A presença física vestiu a capa virtual,

O celular tomou o lugar dos lápis, canetas, cadernos, e livros.

Computadores, notebooks, Chromebooks

passaram a companheiros inseparáveis (de segunda à segunda)

A sala de aula  não é mais um ambiente externo. 

Ela deslocou-se do limite escolar e ganhou outros chãos:

Invadiu o seu quintal, passou pela varanda, escorregou na cozinha,

avançou pela sala, tropeçou no corredor, instalou-se no quarto,

espiou o banheiro…

(EPA!! banheiro NÃOOO!!)

Recuou. 

Depois adentrou em sua casa,

sentou-se no seu sofá,

deitou-se na sua cama,

sentiu o cheiro e o sabor do seu almoço

e ainda compartilhou da sobremesa...

Adeus privacidade!!!...


Imensuráveis horas on line…

Intermináveis postagens que não paravam de gotejar…

Aulas síncronas  e assíncronas...

Classroom, Meet, Hangout… 

(NUNCA PAUSAM?)

Atividades = formulários,

Link de vídeos = formulários,

Avaliações = formulários

Produções textuais = formulários

Listas de presença = formulário

(O ano do FORMULÁRIO?)


Há uns dias não éramos tão íntimos

desses recursos tecnológicos.

Agora: Podcast, Padlet, Canva, Jamboard...etc

são nossos amiguinhos!


Evoluímos?

Com certeza!!

Por menor que tenha sido nossa participação nesse processo

letivo, não somos os mesmos da forma pela qual começamos.

Agora sabemos o quanto podemos aprender a fazer a mesma

coisa de forma diferente. A experiência deste ano nos molda

melhor para a vida. Temos a prova de  que não somos limitados.

Devemos nos dedicar mais e aproveitar melhor cada

oportunidade oferecida:

tanto no presencial  quanto no on line. 

O que fazer com o resto do tempo?

Tornar possível  as coisas que precisavam desse tempo

que você não tinha e agora tem. 


Gratidão, gratidão, gratidão!! 

Grata por cada presença nas aulas síncronas e assíncronas,

pela participação oral ou  escrita e sobretudo por aqueles

cuja participação foi  feita por meio das atividades impressas

na escola. 

Grata pelas vezes que pude ouvi-los pelo microfone, 

pelas vezes que abriram a câmera e permitiram que

os visualizassem,

pelas fotos que tiramos nos prints da  tela,

por cada sorriso ou gargalhada,

piada, carinha séria ou cansada, leituras, depoimentos,

comentários atravessados, voz de sono...

Grata pela paciência, pelo apoio, pela parceria,

pela compreensão das vezes que a internet me deixou na mão.

Também peço desculpas por todas as minhas falhas cometidas

durante esse processo novo de aprendizagem. 

Missão cumprida, queridos alunos!! Conseguimos!!! 

O merecido e tão esperado descanso acaba de estacionar! 

FÉRIAS, aqui vamos nós!!!!


Profº zizi, 16/12/2020


Poesi+ação


Meu amigo acordou poetizado!

Poetizou-se hoje cedo, 

Engravidou-se do livro e das amigas... 

Em suas entranhas, novas ideias fetais ferveram 

E deram início ao processo gestativo:

A desconstrução do machismo

E a fecundação do novo ser

Com olhos e coração femininos, 

Sem perder sua inviolável essência masculina,

Em todas as suas potencialidades…


Zizi, 10/12/2020

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

13 Prantos femininos

 I

Treze histórias de mulheres

Conceição quis registrar,

Colheu os depoimentos

para depois recontar

em seu estilo e linguagem,

com enredo, personagem,

discurso, tempo e lugar. 


II

Os contos são envolventes

tocam fundo o coração;

treze histórias diferentes

que causam indignação,

pelos atos de maldade,

os níveis de crueldade

indignos no cidadão.


III

Mulheres que conviveram

frente a frente à violência,

sofreram com o machismo

lidaram com a imprudência,

mas souberam dizer NÃO,

fazendo a superação

dar sentido à existência. 


IV

ARAMIDES padeceu

com o ciúme do marido;

Troçoléia, rejeitada, 

com um nome sem sentido,

mudou para NATALINA,

conheceu nova rotina

e esqueceu o tempo sofrido.


V

SHIRLEY  pagou preço alto,

mas atacou o agressor 

que molestava a filha

e ria da sua dor;

ADELHA  ficou carente,

 com marido impotente

que perdera o esplendor.


VI

MARIA  foi sequestrada

por estranhos, sem razão;

ISALTINA, violada

porque o corpo disse NÃO;

MARY  fez do sangue a tinta,

tornou-se artista distinta,

pintando quadros à mão.


VII

MIRTES  foi abandonada

quando a filha nasceu,

Seus olhos em suas mãos

o caminho floresceu.

LÍBIA  foi atormentada,

varou noites agitada

por um pesadelo seu. 


VIII

LIA GABRIEL  e os filhos

foram alvos de agressão

marcas não cicatrizadas

no corpo e o coração;

ROSE DUSREIS, a menina

amava ser dançarina

bailou até ir ao chão. 


IX

SAURA  foi mãe de três filhos,

Só não amou a terceira,

Porque foi mal planejada,

fruto de uma asneira;

REGINA  teve um amor

que soube lhe dar valor

durante a vida inteira. 


X

E assim, a artesã das letras, 

transferiu para ao papel

episódios variados

traçados com seu pincel:

luta e dores femininas,

espelhados na retina,

projetados no painel.



Zizi, 15/12/2020