I
O telhado era o limite
que o felino conhecia
seus saltos, suas corridas,
seus sonhos e fantasias
cabiam num mesmo espaço
formado com nós e laços
na luta do dia a dia.
II
Um dia, ele percebeu
que aquele muro e telhado
são, na verdade, degraus
pra se enxergar do outro lado.
Havia mais mundo afora
a ser desbravado agora
de modo compartilhado.
III
Ronronando, esse gatinho
saiu à caça, um dia,
convidando outros gatitos,
para formar parceria,
numa incrível aventura:
viajar com a leitura
na prosa e na poesia.
IV
Com miado aveludado
pelo farto, exuberante,
olhar sereno e atento
barba bonita e abundante,
andar leve e faceiro,
salto longo e certeiro,
Mais que um gato, um militante.
V
Percorreu de ponta a ponta
do círculo de amizades
mais felinos sonhadores
aos quais tinha afinidade
com a sua utopia:
compor uma gataria
formando a unidade.
VI
Gatinhos miam e roçam
demonstrando aceitação,
apoiam a novidade,
aceitam de coração,
Combinam data e horário
mas, alguns agem ao contrário
trocam o sim pelo não.
VII
Formou-se, então, um grupo
de gatos bem variados:
pelos de todos os tons
curtos, lisos, cacheados,
arco-íris nos olhares,
perfis muito singulares,
bichanos bem preparados.
VIII
Pensamentos renovados
com base em filosofias,
reflexões pertinentes,
dois dedos de poesia,
boas dicas de cultura,
doses de literatura,
e o estudo em sintonia.
IX
O cerne desses estudos
que fomenta as discussões,
aflora mil pensamentos,
provoca reflexões,
aquele que foi mais fundo,
criou a “palavramundo”
e incendiou corações.
X
Seus miaus são infinitos,
atravessam as fronteiras,
revivem nos que acreditam
na educação verdadeira:
leitura libertadora,
crítica e transformadora,
da sociedade inteira.
***
Zizi, 20/09/2020