O Não e o Sim em sintonia
Sem experiência anterior, sem curso de formação ou extensão, sem carta de recomendação, currículo maternal vazio, zerado, mas com muita vontade de acertar logo da primeira vez... Eis uma pequena descrição que tenta esboçar à rápidas pinceladas , o perfil das mamães principiantes recém chegadas da maternidade que trazem consigo um novo ser que lhes foi confiado e entregue aos seus cuidados. Começa, então, a sua grande missão incluindo, entre outras tarefas: alimentar, zelar, limpar, acompanhar, orientar e finalmente o mais difícil: educar. Este último representa o maior desafio porque tem apenas data inicial, ou seja, assumir uma maternidade implica dedicação em tempo integral, plantão 24 horas, sem direito à férias, abonadas ou escalas. Um preço caro e justo, porque ser mãe é compartilhar o amor maior que mais se aproxima do amor de Deus.
Não haveria lugar para dúvidas se apenas amar bastasse... A grande questão é a incerteza da dosagem no educar: ser rigoroso, ou permissivo; quantos “nãos” são necessários? Quantos “sins” devo dizer? Como saber ponderar tudo isso? Difícil.
Essas dúvidas foram minhas também. Pudera, quando fui mãe pela primeira vez , era bem jovem. Lá no hospital mesmo, pensei que não fosse dar conta. Eram tantas sugestões de parentes e amigos que chegavam a confundir-me. Eu já não sabia mais se ia pela minha intuição ou seguia rigorosamente os famosos conselhos. As pessoas não acreditam mesmo que somos capazes de fazer um bom trabalho sem tanta interferência deles. Lembro-me do dia em que cheguei da maternidade, minha sogra ficou tão preocupada com o bem-estar do bebê que mal dormiu à noite. A cada cinco minutos ia sondar na janela do meu quarto se estava tudo bem. A madrinha fez questão de dar o primeiro banho (Talvez para me ensinar heheh!) Outras pessoas se ofereciam para isso, para aquilo. Eu agradeci e logo tratei de descartar tanta ajuda. Não precisava! Eu tinha que aprender a dançar aquele “tango” sozinha.
Eu não soube conciliar trabalho, casa e filhos. Dediquei-lhes exclusividade alguns anos, enquanto o trabalho fora e os estudos aguardavam ansiosos pela minha decisão. (Mas essa história eu já contei num outro post...rss)
Quando somos mães pela primeira vez, “apanhamos” porque queremos acertar e nem sempre escolhemos o melhor caminho. Uma vez alguém me disse que aprendemos a ser mãe a partir do segundo filho, porque já temos a experiência do primeiro e tais erros não se repetirão no segundo. Isso faz sentido, errei menos da segunda vez...mas por outro lado vejam só:
Meu Deus, Essas crianças estavam de brincadeira comigo! Sim, pois nesse momento já eram duas. A pequena aprendeu a sair do berço muito cedo porque o irmãozinho lhe ensinara! O sapeca subia no guarda-roupa e fazia da minha cama seu campo de pouso (lógico que quebrou a cama!), a pequena seguia os passos do irmão arteiro: derrubaram o fogão (3 vezes), a televisão também não escapou; e aquele “perdido” na loja. Ele, um belo dia, trancou-se no porta-malas do carro com a chave dentro. Foram minutos de tortura para ele , que estava preso lá dentro naquele calor! E para nós, do lado de fora, tentando abrir o carro de qualquer jeito, sem sucesso ,ohhhhh! Nesse dia, até promessa foi feita. Ufaaaa!!
Não foi nada fácil educar Danilo (muiiii danadinho) e Patrícia (a espertíssima). Às vezes eu era o padre: empolgava-me horas no sermão das regras para vencê-los ; outras vezes eu era o carrasco: sentava um cá, outro ali e ameaçava-os “Se sair eu dobro o tempo do castigo’’; (até umas chineladas rolaram); quando brigavam, eu era a mediadora:” Vão andar de mãos dadas para aprenderem a ficar junto sem brigar”... Esse ar de durona não durava tanto tempo. Logo estava entre eles rolando no chão e participando de algumas brincadeiras. Eu sabia que não precisava exagerar nas normas, bastava não permitir o que era considerava errado e aprovar o que fosse conveniente. Era possível trabalhar junto amor e respeito. Por que não? Minha inspiração maior sempre foi o bom exemplo dos mestres: meus pais. Eles souberam , com sabedoria, simplicidade e amor, educar para o bem e para a paz. Eu não podia falhar.
E não falhei. Eles estão aí pelo mundo, lindos, bem orientados, bem estruturados, firmes na batalha. Meu orgulho!!
E eu estou aqui, (des)educando o neto, pois dizem que neto é filho com açúcar e avós só os estragam. Será?? Ele tem sete anos, é liindooo, inteligente, amoroso, esperto, meio teimoso e obediente ao mesmo tempo (Pode?) É a alegria da casa, é o meu sorriso mais doce, o meu olhar mais materno, o meu primeiro e o último pensamento do dia, o meu carinho maior, a pessoa que eu mais beijo e mais abraço, a minha prioridade, Gabriel é o sonho que se concretizou, alguém que me dá forças para despertar e iniciar o dia tão cheio que tenho. Não é a toa que tem o nome de um anjo. Deus o abençõe!!
Zizi, mãe coruja, vó babona